Protegendo (terceiro livro da trilogia Salva-me)

Capítulo 9

Angel

— Tenho um pouco de dinheiro no banco e vou ligar para Allen para ver se ele consegue um carro para nós. Vamos fugir, por enquanto é a única opção. — Jason falou.

Eu não queria fugir, não queria que o Sombra da Noite pensasse que tínhamos medo dele. Ele que deveria ter medo de nós. Mas por enquanto, até termos um plano para capturá-lo, essa era a melhor opção.

— Tudo bem.

Olhei ao redor, vendo aquelas pessoas machucadas tanto externamente quanto internamente, e aquilo doeu em mim. Nós não deveríamos fugir do Sombra da Noite, deveríamos matá-lo, esquartejá-lo. Ódio se expandia do meu ser. Eu não sabia como lidar com toda essa raiva que trasbordava de mim. Mas Jason percebeu meu estado e me abraçou. Seu abraço carinhoso e protetor foi drenando aos pouquinhos a raiva que eu estava sentindo. Por ele, eu precisava ser forte e não me deixar abater. Juntos conseguiríamos superar tudo.

Seguimos até onde Pepe estava sentado numa ambulância, enrolado em um cobertor amarelo.

— Você está bem? — Perguntei.

Ele assentiu.

— Por que não fugiu pela saída de emergência, Pepe? — Jason indagou.

— Eu precisava pegar isso. — Ele tirou de seu bolso um papel e o entregou a Jason. Olhei para o que Jason segurava e meus olhos se encheram de lágrimas contidas. Era a foto da família de Pepe.

— Eles são tudo para mim. — Pepe disse. — Sinto tanta saudade de meus pequenos, Diego e Edgar, e claro da mulher mais linda do mundo, minha doce Olivia.

— Você os encontrará novamente, Pepe. — Falei para ele.

— Conto os dias para isso.

Jason devolveu-lhe a foto e Pepe a guardou no bolso.

— Vamos sair daqui! Eu peguei um celular emprestado do policial e liguei para Allen, ele vai nos encontrar.

Pepe foi liberado pelos enfermeiros que estavam no local, e entramos no carro roubado e quebrado, mas que ainda rodava e seguimos pela via. Dessa vez, Jason dirigia. O tempo todo cuidamos ao redor para ver se não éramos seguidos.

Agora nossa vida era de fugitivos.

Horas mais tarde chegamos em Leightawn uma pequena cidade que ficava ao norte de Stantland. Jason havia marcado de encontrar Allen na entrada da cidade. Allen já nos aguardava lá, encostado em seu carro. A essa hora o dia já estava amanhecendo, e eu não tinha conseguido dormir nem um minuto. As vozes das pessoas gritando, o rostinho de Miguel e todo aquele caos não sairiam em breve da minha mente. O barulho era alto demais na minha cabeça, me lembrando de tudo o que havia acontecido, como se zunisse dentro dela num silvo fino e ensurdecedor. Em meio a essa vida de fugitivos que estaríamos embarcando agora, eu precisava aprender a me controlar e em como usar meus novos poderes de maneira correta. Porém, no banco de trás, Pepe roncava feito uma vitrola. Era realmente incrível o fato de ele conseguir dormir depois de tudo.

Jason estacionou o carro ao lado do carro de Allen e desembarcamos. Me espreguicei, sentindo todos meus ossos estralarem.

— Ei. — Allen disse, num cumprimento a Jason.

— Desculpa ter lhe pedido isso, mas precisamos de ajuda. — Jason se aproximou do irmão.

— Pode ter certeza que é o melhor que vocês podem fazer para se manterem seguros agora. — Ele me encarou. — Angelina, sua mãe me pediu para lhe entregar isso. — Ele me alcançou uma bolsa preta grande. — Ela disse que está bem e que é para você não se preocupar com ela. Ela quer que você fique segura.