Epílogo

153 14 1
                                    

5 anos depois

Robert Petrova/ Sombra da Noite

— Estacione o carro ali no beco a direita, seu inútil. — Esbravejei para o motorista incompetente a minha frente.

A paciência em mim nunca foi uma virtude, e quando panacas como esse estão sendo pagos com meu dinheiro para fazer um serviço, espero que ele seja bem feito.

Olhei através do vidro fumê da janela, na tentativa de achar uma presa fácil.

Após a morte de Jason e Angelina, minhas chances de ter meu exército de monstros foi quase extinto, porém quando eu quero uma coisa, eu consigo. Então, um frasco de sangue contaminado de Jason que levei comigo no dia que fugi da empresa Petrova quando raptei Angelina, era o único meio de conseguir o que eu queria. O problema era encontrar um ser vivo compatível como Jason era. Só os organismos de algumas pessoas são capazes de aguentar a transformação. Jason sempre foi meu menino de ouro, e achar alguém como ele, não é uma tarefa fácil.

A droga que eu tinha, porém, era insuficiente para criar um exército, mas assim que eu encontrasse um hospedeiro que se unisse e aguentasse seu poder, eu teria uma fonte interminável de sangue contaminado novamente. Usei quase todo o frasco em testes e não obtive sucesso. Apenas uma gotinha do sangue é suficiente para desencadear a reação. Mas agora que tenho mais alguns meios de aumentar a capacidade da droga, estou com o pressentimento que logo conseguirei tudo que eu quero.

Por fim, saindo de meus devaneios, meus olhos pousam em uma garotinha. Eu abro a janela e olho para ela, analisando-a. Seu cabelo escuro está bagunçado e suas roupas sujas e o modo como rói suas unhas, me diz que é uma sem-teto. Ela é pequena, parece ter no máximo dez anos, e está sentada encolhida no chão, no entanto essa sua fragilidade é dissolvida quando percebo a forma como ela me olha nos olhos, com suas orbitas negras. Ela me hipnotiza.

Ela era forte, isso eu podia sentir.

Eu sorrio satisfeito para ela. Sua expressão se torna chocada, como se ela não acreditasse que alguém como eu sorriria para ela. E ela estava coberta de razão. Jamais me importaria com um ser maltrapilho como ela, mas meu interesse nela ultrapassava qualquer repulsa que eu tivesse do seu ser.

— Venha até aqui, querida. — Falo docemente.

Ela levantou-se acanhada, quase arrisca, como uma presa com medo do seu predador. Sua atitude só me deixou mais excitado.

— Qual seu nome? — Pergunto.

— Me chamo, Hailey.

— Você deve estar com fome, Hailey.

Ela assentiu, ainda nervosa.

Abro a porta do carro e digo:

— Entre, minha querida. Pode me chamar de tio Rob, eu vou cuidar de você.



Protegendo (terceiro livro da trilogia Salva-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora