Protegendo (terceiro livro da trilogia Salva-me)

Capítulo 23

Angel

— E então? — Jason perguntou ao entrar no quarto.

— Onde você estava? — Levantei da cama indo em direção a ele em passos rápidos. — Eu estava tão preocupada.

— Estava resolvendo alguns detalhes. — Explicou.

Ele se aproximou e me puxou num abraço, e depositou um beijo no topo da minha cabeça. Seu abraço acolhedor e seu perfume familiar, me trouxeram alívio.

Levantei lentamente minha cabeça até que meus olhos encontraram os seus.

— Eu consegui! O Sombra da Noite virá até nós!

— Excelente.

— Mas ele acha que você está morto. E virá para me encontrar.

— Espero que isso não seja um problema.

— Não. — disse com convicção. — É um elemento surpresa. Vai dar certo. — Garanti.

Me inclinei para frente e depositei um beijo em seus lábios, como um gesto secreto para selar o plano.

— Ele irá me encontrar daqui três horas na BR 453. O que faremos até lá?

— Vamos aproveitar esse tempo para ficarmos juntos. Não quero perder o tempo valioso que tenho com você, me preocupando. Tudo vai dar certo; é só termos fé.

— Por que você não me conta o que está planejando? Seria mais fácil se eu soubesse o plano.

— Se você souber, não tenho certeza se aguentará fazer isso. Talvez, até mesmo desista. Mas, eu sei que se der certo, Angel, nós apenas não teremos nossa vida de volta, como também, viveremos a melhor vida já imaginável.

Então eu sorri e o beijei novamente. Sabendo que eu não podia imaginar nada melhor acontecendo. Confiei em Jason, e em nosso amor.

Passamos as horas seguintes abraçados e nos amando, em alguns momentos até pensei que fosse uma despedida, mas depois me dei conta que era assim que estaríamos todo o tempo quanto tudo isso acabasse. Sempre juntos, envolvidos nos braços um do outro. Esse momento era somente uma prévia da vida maravilhosa que teríamos juntos.

Nós fizemos amor, comemos dando comida na boca um do outro, até andamos de mãos dadas e com sorrisos bobos nos rostos no parque em frente ao hotel. Quem nos via de longe, pensaria que éramos um casal de namorados apaixonados normal, e, não dois seres infectados por uma super droga capaz de alterar nossos DNAs nos transformando em monstros.

Aqueles momentos que se seguiram foram parte de uma espécie de preparação para nós dois, um meio de o nervosismo e o medo não nos atingirem. Esse plano seria uma prova para nos mostrar que, independente do que acontecesse, nós nos amávamos o suficiente para fazer aquilo juntos; um pelo outro.

Faltando uns vinte minutos para o encontro marcado, Jason e eu nos arrumamos e nos preparamos para ir até a BR 453. Ele me levaria até lá e ficaria escondido na mata até que chegasse a hora certa dele atacar. Porém, assim que entrei no carro, fui surpreendida por um cheiro forte de formol, de sangue e até mesmo de algo que parecia estar queimado. Quando olhei no banco detrás, meu coração quase saiu pela boca com o susto que levei. Ali, dispostos no banco, haviam dois corpos humanos, um de um homem que se encontrava queimado e se deteriorando, e o de uma garota com cabelos loiros escuros iguais aos meus que já tinha a pele num tom esverdeado. Mesmo que o cheiro de formol fosse abundante dentro do veículo, o odor pútrido dos corpos ainda podia ser sentido.

— O que é isso? — Perguntei num tom estridente, olhando indignada para Jason.

— Nossa antiga vida. — Explicou. Mas eu não entendi nada.

— Como assim? — Indaguei confusa, e novamente encarei os corpos.

Num movimento carinhoso, Jason segurou meu rosto entre suas mãos me fazendo voltar a olhá-lo, e olhou profundamente nos meus olhos.

— Só... confie em mim. — Assegurou. — Assim como tantas vezes que você já fez. Só mais uma vez, por favor.

Eu inspirei profundamente fechando os olhos, e quando retornei a abri-los, Jason analisava meu rosto.

Eu assenti.

— Eu confio em você. — Falei.

Jason me beijou carinhosamente, e seguimos para o nosso destino. Ao chegarmos lá, Jason me deu um beijo de despedida e saiu do carro, correndo para a floresta antes que alguém o visse. Eu desembarquei também, mas me mantive a uma distância segura do carro, esperando no acostamento da rodovia. Já estava escuro a essa hora, então deixei os faróis acessos iluminando o local onde eu me encontrava.

Um pensamento corria pela minha mente, me incomodando. "O que Jason quis dizer com: Nossa antiga vida? Qual era o plano dele, afinal?"

Cruzei os braços sobre o peito, apreensiva. Eu confiava em Jason com minha própria vida, mas, apesar disso, eu estava com medo. E não com medo de morrer ou de que o plano não desse certo, mas sim, com medo de perder Jason. E só esse pensamento torturante, me fez ficar ainda mais nervosa e com vontade de jogar o plano pelos ares e correr daqui. Fugir com Jason. Nem que tivéssemos que passar o resto de nossas vidas fugindo.

Entretanto, quando já estava quase desistindo de tudo, os faróis de um carro se aproximaram, me avisando que era tarde demais para tentar fugir.