Capítulo 11

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Angel

Graças a Deus tínhamos encontrado um lugar legal e, principalmente, limpo para passar a noite. Tirei as roupas que Nádia havia me emprestado, que agora estavam sujas e queimadas, e entrei no chuveiro. A água quente me relaxou imediatamente. Deixei que a água caísse, assim como as lágrimas que vieram sem aviso prévio. Sem poder controlá-las deixei que viessem. Mesmo me fazendo de forte, tudo em mim estava estranho. Me sentia diferente e, não só pela droga que eu sentia arder em minhas veias, mas também, pela pessoa que agora me tornara.

Eu sou uma fugitiva.

Um monstro sendo caçado.

Nunca imaginei minha vida assim. Obviamente que não, pois quem imaginaria uma vida assim? Onde seu tio é um cientista maníaco, seu pai lhe usa como uma cobaia de laboratório. Onde você ama um homem que traz dentro de si um monstro feroz e que carrega dentro de si mesma uma fera capaz de te transformar em outra pessoa? Ninguém imaginaria uma vida assim. Meus planos sempre foram: me formar numa faculdade, abrir minha própria boutique ou talvez um salão. Ter filhos e uma casa enorme onde só existiria paz e amor e eu não precisaria me preocupar em morrer ou matar alguém. Claro que, no meio de tudo isso, eu tinha Jason. Jason era meu porto seguro, minha paz em meio ao caos. Ter ele ao meu lado, pelo menos se tornava um ponto positivo em meio a essa confusão. Mas não conseguia me contentar em fugir e deixar o Sombra da Noite ileso. Meu ódio por ele era inimaginável e incalculável. Todo o mal que aquele cretino causou, ele deveria pagar.

— Angel você está bem? — A voz cautelosa de Jason atravessou a porta.

— O quê? — Perguntei e rapidamente me recompus.

— Posso escutar você chorar e seu coração bater mais acelerado. O que está acontecendo?

Droga, esqueci que de Jason eu não podia esconder nada.

— Nada. Eu já estou saindo. — Tentei me fazer de desentendida.

Sua respiração forte me indicava que ele estava preocupado. Não deveria descontar minha raiva nele. Ele não tinha culpa, me tornei um monstro para salvá-lo, mas tenho certeza que, estaria sofrendo muito mais, senão tivesse o feito. Eu faria tudo de novo, sem pensar duas vezes para ter Jason ao meu lado.

— Eu já saio, tá?! — Falei, agora me sentindo um pouco mais calma. Mas não obtive uma resposta.

Depois de lavar os cabelos e tentar arrancar da minha própria pele toda a raiva e sensações estranhas de mim, saí do chuveiro. Peguei a bolsa que minha mãe havia arrumado para mim e a abri, dentro havia algumas peças de roupas minhas e um envelope.

Me enrolei na toalha e peguei o envelope vendo que no verso estava escrito:

Para meu pequeno Anjo.

Sorri.

Minha pele arrepiou-se por eu ainda estar molhada, então larguei a carta, sequei-me e me vesti. Tudo era mais intenso comigo agora, até mesmo o frio e o calor no meu corpo. Eu sentia tudo mais intenso, como se meu corpo estivesse dez mil vezes mais sensível.

Saí do banheiro com minha bolsa e a carta nas mãos, Jason me encarou com olhos tristes e o corpo tenso.

— Está tudo bem. — Garanti a ele.

Ele se aproximou e plantou um beijo na minha testa, senti seu corpo rígido, mas sem falar nada, ele seguiu para o banheiro.

Encarei-o até ele adentrar o banheiro, podia sentir que Jason estava preocupado e triste.

Eu sei que é culpa minha ele estar assim, tenho andado distante, mas até eu me acostumar com a ideia de que agora não sou apenas uma garota normal, ele irá ter que aguentar um pouco. Nem eu sei como me sinto, às vezes sinto raiva, outras tristezas e algumas raras vezes sinto o poder fluir de uma maneira boa através do meu corpo. É tão estranho.

Protegendo (terceiro livro da trilogia Salva-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora