A Casa das Rosas sofreu modificações narrativas. O capítulos que existiam previamente foram levemente modificados, o que significa que sofreram divisões ou extensões, então sugiro fortemente que releiam. O objetivo é aprofundar a história e os personagens. Espero que gostem e desculpem o inconveniente. Muito obrigada pelo suporte até então!
22 de agosto de 2020 - 17h21
Reconheço a mansão a muitas dezenas de metros de distância. É impossível não fazê-lo: a Casa das Rosas é tudo aquilo que minha tia costumava contar quando eu era mais nova.
Apesar de estar parcialmente abandonada, é a construção mais bonita que já vi e maior do que eu imaginava, em estilo neoclássico, cercada por bosques e algumas colinas. É um lugar meio macabro, mas ao mesmo tempo mágico. A entrada da mansão, o jardim da frente, é lotado de roseiras de todas as cores, principalmente brancas, que enroscam-se nas grades de ferro trabalhado que cercam o terreno. É tudo tão lindo que faz meu peito doer quando vejo. Ou talvez seja a insensatez de estar ali, parada diante daquela casa abandonada, há quilômetros e quilômetros de casa.
De qualquer forma, penso no tamanho do desperdício de deixar uma construção como aquela desaparecer entre tragédias familiares antigas e bailes fantasmas sem sentido.
Com a ameaça da chuva iminente e dos raios que se formam no horizonte escuro, adianto-me para o portão da residência, apertando as alças da mochila jeans entre minhas mãos, para evitar que escorregue por meus ombros. Mais perto da estrutura de ferro, percebo que nas grades há uma corrente e um cadeado, mas que o portão está encostado apenas, não trancado. Abro-o e passo por ele, meus cabelos castanhos sendo jogados no meu rosto pela ventania. Sinto uma gota grossa de chuva acertar meu rosto e sei que tenho que apressar o passos. Não dá tempo de avaliar os arredores; está bem escuro já.
Apesar do questionável potencial de venda da Casa das Rosas, há um caseiro e, para minha sorte, ele está lá dentro, pois uma luz na lateral da mansão dedura sua presença. Não sei bem como chamá-lo, mas eu decido bater palmas, escondendo-me sob a entrada da mansão.
— Com licença! Tem alguém em casa? — exclamo, tentando fazer o máximo de barulho possível. — Olá? Alguém está aí?
Não há resposta, o que me frustra. Na pior das hipóteses, eu entro na casa, penso. Não invadirei, apenas entrarei, passarei uma noite, aproveitarei para olhar, como quem não quer nada, e sairei em busca do dono. No caso, esperarei por ele na pensão até eu me ver obrigada a retornar para casa, sem um tostão no bolso.
Entretanto, ouço folhas serem pisoteadas ao meu lado e a luz na lateral piscar. Olho para ela, sobre um poste antigo escuro, e lá está o caseiro. Seu rosto não é visível, porque está um pouco afastado da luz, mas eu posso enxergar perfeitamente sua silhueta masculina. Um alívio me consome em saber que não passarei a noite ao relento do meio do nada e nem como uma invasora de propriedades.
— Olá, senhor. Desculpe incomodá-lo a essa hora. Meu nome é Beatriz e eu vim do Rio de Janeiro para estudar um pouco sobre a Casa das Rosas. Sou bibliotecária e encontrei... — sou interrompida pela porta se abrindo ao meu lado. Um feixe de luz de LED acerta meus olhos. Sobressalto-me e protejo meu rosto da agressão da luminosidade.
— Quem é e o que deseja aqui? — uma voz rouca me questiona. Não consigo olhar quem é, pois a luz continua apontada para mim.
— Hã... Desculpe-me. Meu nome é Beatriz Pacheco de Souza. Vim do Rio de Janeiro para pesquisar um pouco sobre a residência Blackwater. Estava falando com o caseiro que... — O homem abaixa a lanterna que aponta em minha direção. — ... Acredito ter algo que pertença ou que ao menos seja do interesse do dono dessa casa...
— Com que caseiro? — Ele não parece se importar com o que eu disse, apenas com essa pequena informação.
O homem soa jovem, mas seu rosto está contra a luz, o que torna seus traços indiscerníveis.
— Com aquele homem ali — falo e aponto para o poste de luz.
De repente, uma chuva forte começa a cair e eu percebo que não há ninguém lá.
— Não há ninguém aqui além de mim e do Max — diz ele, seu tom parecendo bem incerto sobre o meu estado mental. — Meu nome é Vicente de Alcântara. Sou o caseiro e o dono desta casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Casa das Rosas (Hiatus até janeiro)
Mystery / ThrillerSuspense/Romance/Mistério Após uma terrível tragédia na casa dos Blackwater, no século XIX, a propriedade ganhou uma má fama. Obcecada com a história por trás de tal reputação após receber o diário da antiga governanta da residência, Beatriz, uma bi...