Prólogo

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São Tomé das Letras, 13 de agosto de 2020

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São Tomé das Letras, 13 de agosto de 2020.

Minha sobrinha,

Escrevo a você porque sei que não vai parar de me fazer perguntas sobre o que aconteceu na Casa das Rosas. Sei disso porque já tive a sua idade e tudo o que me era desconhecido despertava-me a curiosidade. Entretanto, gostaria muito de manter os episódios que aconteceram naquela propriedade em segredo, pois, como corpos em decomposição, é melhor que os deixemos apodrecer sob sete palmos até que sejam esquecidos e apagados da existência.

Mas eu sei também que, enquanto eu não lhe contar algo, seus questionamentos persistirão, então relatarei um dos casos mais estranhos que vivi (e também o primeiro) na Casa das Rosas durante o tempo em que estive lá, para que saiba que não são apenas lendas as histórias que contam sobre aquele lugar.

Como bem sabe, querida Beatriz, trabalhei por 20 anos na propriedade como cuidadora do Lorde Blackwater. Ele era um senhor de setenta anos que parecia mais velho do que realmente era e não podia mais andar, devido a um acidente que sofrera anos antes. Mas ele falava, e falava demais para um homem inglês com português enrolado. Naquele tempo, seus assuntos eram, em grande parte, confusos para mim, relatos de situações que ele vivera ou presenciara. Hoje eu saberia diferenciar muitos deles como histórias passadas de geração em geração em sua família e casos que realmente aconteceram naquela casa.

Pela minha natureza introvertida, não sofria tanto vivendo sozinha com ele, mesmo tendo apenas vinte e poucos anos. Achava cansativo tentar compreender e situar no tempo e espaço as coisas que ele dizia, então quando não precisava lhe fazer companhia, eu sempre achava uma forma de me distrair, fosse escondendo o nariz em algum dos milhares de livros da biblioteca, fosse circulando pelo infinito jardim de rosas vermelhas ao norte da propriedade. Eu tinha toda a liberdade de fazer o que quisesse lá dentro desde que cumprisse três condições inegociáveis:

1- Dar toda e completa assistência requerida pelo Lorde Blackwater e à casa;

2- Não ir à ala leste;

3- E não sair do quarto após a décima-segunda badalada da meia-noite.

Sim, eu sei, é estranhíssima a precisão desta última regra, mas na época eu estava tão feliz com o tamanho do salário que nem me importei. Só queria finalizar o contrato e ir embora o mais rápido que pudesse para fora do país, onde eu acreditava estar o meu futuro. Tolo engano meu. Mas isso é uma conversa para outra hora.

Nas minhas duas primeiras semanas, tudo ocorreu bem. Eu seguia tudo aquilo que havia sido combinado, não de livre e espontânea vontade, mas porque ficava exausta de andar naquela mansão: perdia-me constantemente. No início, a robusta porta trancada que levava à ala leste era meu ponto de referência, mas até ela sumia de vista muitas das vezes, não sei se por um péssimo senso de direção ou porque às vezes aquele lugar me parecia maior do que ele realmente era.

A Casa das Rosas (Hiatus até janeiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora