Capítulo 7

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Olá, pessoal! Esse capítulo é curto e apresenta um pouco mais da história da residência Blackwater. Espero que gostem! Por favor, não esqueçam de votar e comentar! Beijos no coração!

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23 de agosto de 2020 - 08h41

— Mamãe — ouço uma vozinha suave e infantil me chamar, mas não sei de onde ela provém. Estou rodeada pela escuridão. — Mamãe.

Uma porta se abre ao longe, deixando uma luz pálida banhar o longo corredor em que descubro me encontrar.

— Mamãe — escuto o chamado de novo.

Cruzo a distância que me separa daquela voz inocente e amedrontada. Não sei por que me sinto tão impelida a alcançá-la, mas prossigo. Quando chego à porta, a escancaro totalmente, encontrando um quarto antigo e infantil. Em minha mão direita, seguro agora um candelabro, cujas velas tremeluzem com os meus movimentos.

— Miguel? — chamo o nome de quem eu reconheço ser meu filho.

O quarto é espaçoso, com uma cama em um canto e uma cruz de bronze na parede acima dela. Os numerosos brinquedos de madeira estão organizados nas prateleiras junto aos ursos de pelúcia. As cortinas estão abertas, as grandes janelas fechadas e a lua me encara através dela. Nada está fora do lugar. Exceto meu filho, que não se encontra em sua cama.

— Miguel? — Sinto um bolo surgir em minha garganta ao perceber sua ausência.

— Mamãe — ele me chama, e vejo sua mãozinha branca aparecer debaixo da cama.

— O que fazes aí, Miguel? — pergunto, abaixando-me para olhá-lo escondido sob seu leito. — O que houve?

— Mamãe, estou com medo — ele diz, sua voz entrecortada. Consigo ver seus brilhantes olhos azuis arregalados. É a imagem e semelhança de seu pai.

— Oh, Miguel. Com medo de quê? Mamãe está aqui. Venhas, meu filho.

— Não, mamãe, ele está aqui. Ele está aqui..

— Estás sonhando ainda, querido. Venhas, vou pôr-te na cama e ficarei até dormires.

— Não, mamãe. Se eu sair daqui, ele vai me pegar.

— Ele quem, Miguel?

— O homem do pescoço torto.

O menino aponta para um canto atrás de mim e, quando me viro para olhar...

Berro, abrindo meus olhos e sentando-me. É tarde demais para parar quando minha testa acerta uma estrutura de madeira com toda a força do meu impulso. A dor é tão aguda que sinto que minha cabeça vai se abrir ao meio a qualquer instante. Ponho as mãos acima do ponto em que bati para ajudar a reter a dor, meus olhos lacrimejando.

Ouço latidos se aproximando com velocidade junto a passos apressados. De repente, a porta do quarto explode aberta e percebo a minha situação: não sei como, mas estou deitada debaixo da cama do quarto em que passei a noite na Casa das Rosas.

— O que aconteceu!? — uma voz masculina pergunta alarmada.

Estou pronta para responder e sair do buraco em que me enfiei — sem saber quando ou como. Porém, não tenho tempo sequer de abrir a boca, porque a cabeçorra de um bullmastiff aparece bem ao meu lado, a cara preta e enrugada. Dou um grito e saio rastejando pelo outro lado da cama. Ao me ver livre, levanto-me e me apresso para longe.

Pedro Vicente, o "dono" da residência Blackwater — pelo que ele me explicou, ao menos —, se encontra parado na entrada do quarto, olhando-me como se eu fosse um porco dançando balé e segurando uma arma. Uma arma de verdade. Por que ele tem uma arma em casa? Por um acaso, é policial? Isso complicaria a minha vida, eu acho.

— O que diabos você estava fazendo...? — ele pergunta, hesitante, claramente sem se decidir se quer ou não uma resposta.

O bullmastiff, que antes estava tentando me alcançar por debaixo da cama, agora está livre e vem balançando o rabo para mim. Max, se eu não me engano, é o nome dele. Afasto-me um pouco, sem saber se a cauda feliz é uma cilada ou não. Não é um gato, corrijo-me. Não é a Boa Madame.

— Ei! — o homem chama a minha atenção, tirando-me da minha análise profunda sobre o comportamento animal.

— E-Eu não sei — balbucio. Lembro-me de acordar no meio da noite por causa de um pesadelo e de delirar no corredor, mas fui dormir na cama, normalmente. Com o abajur aceso, ainda por cima. Viro-me para olhar para a luz do abajur, mas o encontro desligado. Será que foi tudo uma alucinação? E o sonho do menino sob a cama? É muita coisa para pensar tão cedo de manhã. — Juro que acordei ali. Eu tive um... — sonho, eu ia dizer, antes que Pedro Vicente me cortasse:

— Você não sabe? — indaga, descrente. Ele aciona a trava da arma e a guarda na parte de trás do cós de sua calça jeans. Reparo que ele usa uma camisa de flanela xadrez azul.

Balanço a cabeça. Ainda estou acordando, não consigo pensar em nada para falar.

— Eu acho melhor você se retirar agora.

— Desculpe, eu não... — começo, mas sou cortada novamente.

— Desculpas aceitas. Mas eu preciso sair para comprar materiais para a reforma e não vou deixar a casa aberta. Por favor, se ajeite para sair.

— Mas e o diário? — pergunto, olhando ao redor à procura de minha mochila. Avisto-a sobre a cômoda.

— Pode ficar. Eu não quero e não me importo. Pode fazer o que quiser com ele. Se quiser escrever o seu livro sobre essa casa, fique à vontade, só mude o nome para não prejudicar o meu negócio. Acho que já falamos sobre isso ontem.

Sim, falamos. Só queria enrolar um pouco mais para ter tempo de pensar no que dizer para impedi-lo de me botar para fora como se fosse uma ladra ou uma invasora de casas. Ou pior, uma louca. Mas não me vem nada à cabeça.

— Vou esperar lá embaixo — Pedro Vicente diz, firme, e se retira, Max o seguindo.

Sinto vontade de me jogar pela janela. Tive uma ótima oportunidade para me aproximar do dono da Casa das Rosas e a pisoteei tendo um surto de sonambulismo ou o qualquer que tenha sido o motivo que me fez acordar debaixo dessa maldita cama. Por que, de todos os momentos, eu escolhi logo esse para ter uma crise de imbecilidade?

Pego minha mochila para me trocar no banheiro. Prometo a mim mesma que não vou deixar isso ficar assim. Ah, não vou mesmo.

A Casa das Rosas (Hiatus até janeiro)Onde histórias criam vida. Descubra agora