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A Sra. Banner foi à nossa mesa, olhou por sobre nossos ombros para ver o trabalho concluído, depois foi verificar as respostas.

— Então, Jimin... — A Sra. Banner começou a dizer.

— Tae identificou metade das lâminas — disse Jimin antes que a Sra. Banner pudesse terminar. A Sra. Banner olhou para mim; sua expressão era cética.

— Já fez essa experiência de laboratório antes? — perguntou ela. Eu encolhi os ombros.

— Não com raiz de cebola.

— Blástula de linguado?

— Isso.

A Sra. Banner assentiu.

— Você estava em algum curso avançado na Coréia?

— O ensino lá já é avançado por si só.

— Bem — disse ela depois de um momento. — Acho que é bom que os dois sejam parceiros de laboratório. — Ela murmurou mais alguma coisa ao se afastar. Depois que saiu, comecei a rabiscar de novo no meu caderno.

— Que chato que não tenha neve, não é? — perguntou Jimin.

Tive a sensação estranha de que ele estava se obrigando a bater um papinho comigo. Era como se ele tivesse ouvido minha conversa com Jared no almoço e estivesse

tentando provar que eu estava errado. Mas isso era impossível. Eu estava ficando paranóico.

— Na verdade, não — respondi com sinceridade, em vez de fingir ser normal como todos os outros.

Eu ainda tentava me livrar da sensação idiota de desconfiança e não conseguia me concentrar em montar uma fachada socialmente aceitável.

— Você não gosta do frio. — Não era uma pergunta.

— Nem da umidade.

— Forks deve ser um lugar difícil para você morar — refletiu ele.

— Você nem faz ideia — murmurei, melancolicamente.

Ele pareceu fascinado com a minha resposta, por algum motivo que eu não conseguia entender. Seu rosto era uma distração tal que tentei não olhar para ele mais do que a cortesia me exigia.

— Então por que veio para cá?

Ninguém tinha me perguntado isso, não da forma direta como ele fez, querendo mesmo saber.

— É... complicado.

— Acho que consigo acompanhar — pressionou ele.

Fiquei em silêncio por um longo momento, e depois cometi o erro de encontrar o olhar dele. Seus olhos dourado escuros me confundiam, e respondi sem pensar.

— Minha mãe se casou de novo — eu disse.

— Isso não parece tão complexo — discordou ele, mas o tom de voz ficou mais suave de repente. — Quando foi que aconteceu?

— Em setembro. — Não consegui afastar a tristeza de minha voz.

— E você não gosta dele — supôs Jimin, o tom de voz ainda gentil.

— Não, o Phil é legal. Novo demais, talvez, mas é bem legal.

— Por que você não ficou com eles?

Eu não conseguia entender o interesse dele, mas Jimin continuava a me fitar com os olhos penetrantes, como se a história insípida da minha vida fosse algo de grande importância.

𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 | 𝐕𝐦𝐢𝐧 𝐕𝐞𝐫𝐬𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora