.𝟐𝟓.

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O restaurante não estava lotado — era a baixa temporada em Port Angeles. Fomos recebidos por uma mulher e entendi o olhar dela enquanto avaliava Jimin.

Ela o recebeu um pouco mais calorosamente do que o necessário. Fiquei surpresa por isso ter me incomodado tanto. Ela era vários centímetros mais alta do que eu e seu cabelo louro era artificial.

— Mesa para dois? — Sua voz era sedutora, quer fosse intencional ou não.

Vi os olhos dela faiscarem para mim e depois se desviarem, satisfeitos com minha evidente banalidade e com o espaço cauteloso e sem contato que Jimin mantinha entre nós. Ela nos levou a uma mesa suficiente para quatro no meio da área mais apinhada do salão. Eu estava prestes a me sentar, mas Jimin sacudiu a cabeça para mim.

— Quem sabe um lugar mais reservado? — insistiu ele em voz baixa para a hostess.

Eu não tinha certeza, mas tive a impressão de que ele lhe passou furtivamente uma gorjeta. Nunca vi ninguém recusar uma mesa, a não ser nos filmes antigos.

— Claro. — Ela parecia tão surpresa quanto eu. Virou se e nos levou por uma divisória a um pequeno círculo de bancos — todos eles vazios. — Que tal aqui?

— Perfeito. — Ele abriu seu sorriso resplandecente, estonteando a mulher por um momento.

— Hmmm — ela sacudiu a cabeça, piscando — Vocês serão atendidos logo. — Ela se afastou, meio desequilibrada.

— Não devia fazer isso com as pessoas — critiquei. — É muito injusto.

— Fazer o quê?

— Deixá-las tontas desse jeito... Ela pode estar ofegando na cozinha agora mesmo.

Ele pareceu confuso.

— Ah, sem essa — disse eu, desconfiado. — Você deve saber o efeito que tem sobre as pessoas. Ele inclinou a cabeça de lado e seus olhos eram curiosos.

— Eu deixo as pessoas tontas?

— Não percebeu? Acha que todo mundo faz o que você quer com essa facilidade toda?

Ele ignorou minhas perguntas.

— Eu deixo você tonto?

— Você não faz ideia — admiti.

E depois nossa garçonete chegou, a cara cheia de expectativa. A hostess com certeza tinha fofocado nos bastidores e esta garota nova não parecia decepcionada. Ela colocou uma mecha de cabelo preto atrás da orelha e sorriu com uma cortesia desnecessária.

— Oi. Meu nome é Amber e serei sua garçonete esta noite. O que posso trazer para beberem? — Não deixei de notar que ela falava só com ele. Ele olhou para mim.

— Vou tomar uma Coca. — Pareceu mais uma pergunta.

— Duas Cocas — disse ele.

— Voltarei logo com elas — ela lhe assegurou com outro sorriso desnecessário. Mas ele não viu. Estava olhando para mim.

— Que foi? — perguntei quando ela saiu. Seus olhos estavam fixos no meu rosto.

— Como está se sentindo?

— Bem — respondi, surpreso com a intensidade dele.

— Não está tonto, enjoado, gelado...?

— Deveria?

Ele riu de meu tom enigmático.

— Bom, na verdade estou esperando que você entre em choque. — O filho da puta sorriu, caralho que raiva eu tenho desse moleque.

𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 | 𝐕𝐦𝐢𝐧 𝐕𝐞𝐫𝐬𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora