.𝟏𝟎.

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Vi os ombros dele penderem para a frente e me senti péssimo. Fechei os olhos e apertei os dedos nas têmporas, tentando expulsar a postura derrotada de Kristen da minha cabeça. A Sra. Banner começou a falar. Suspirei e abri os olhos. Jimin estava me encarando abertamente, com aquela expressão familiar de frustração ainda mais evidente nos olhos escuros. Sustentei o olhar, surpreso, esperando que ele desviasse o rosto. Mas ele não desviou.


Abusado não?


Os olhos continuaram grudados nos meus, como se estivesse tentando encontrar alguma coisa importante ali. Também continuei olhando, incapaz de romper a ligação, mesmo que quisesse. Minhas mãos começaram a tremer.



— Sr. Kim — chamou a professora, esperando pela resposta a uma pergunta que eu não ouvira.

— O ciclo de Krebs — respondeu Jimin, parecendo relutante ao se virar para a Sra. Banner. Baixei a cabeça e fingi ler o livro assim que os olhos dele desgrudaram de mim.


Fiquei incomodado com a onda de emoção que pulsou por mim, só porque ele por acaso olhou para mim pela primeira vez em seis semanas. Não era normal. Era bem patético, provavelmente mais do que isso. Doentio. Eu me esforcei muito para não ficar atento a ele pelo resto da aula ou, como era impossível, pelo menos não deixei que ele soubesse que eu estava atento a ele. Quando o sinal finalmente tocou, dei as costas para ele para guardar os livros, esperando que ele saísse de imediato, como sempre.


— Tae.


A voz dele não devia ser tão familiar para mim, como se a ouvisse por toda a vida e não um pouco aqui e um pouco ali havia algumas semanas. Eu me virei devagar na direção dele, sem querer sentir o que sabia que sentiria quando olhasse para aquele rosto perfeito demais. Tenho certeza de que minha expressão era de cautela; a dele estava ilegível. Ele não disse nada.


— O quê? — perguntei. Ele só olhou para mim. — Então... hã, você... o anão de jardim resolveu falar comigo?

— Não — disse ele, mas os lábios se curvaram em um sorriso, exibindo as covinhas.

— Tudo bem...


Eu afastei o olhar, para as mãos e depois para o quadro. Era difícil me concentrar quando eu olhava para ele, e aquela conversa não estava fazendo muito sentido.


— Desculpe — disse ele, e não havia humor em sua voz agora. — Tenho sido muito rude, eu sei. Mas é melhor assim, pode acreditar.


Olhei para ele de novo. Seu rosto estava muito sério.


— Não sei o que você quer dizer.

— É melhor não sermos amigos — explicou ele. — Confie em mim.


Suspirei pesado revirando os olhos.


— Essa parte vai ser fácil é só isso?


Então ficamos em silêncio e eu voltei a encarar o que estava na minha frente.


𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 | 𝐕𝐦𝐢𝐧 𝐕𝐞𝐫𝐬𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora