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Foram necessários seis paramédicos e duas professoras — a Sra. Varner e a treinadora Clapp — para afastar a van de nós o bastante para que as macas entrassem. Jimin insistiu que nada a havia atingido, e tentei fazer o mesmo, mas ele logo me contradisse. Ele contou que eu bati a cabeça e fez parecer pior do que era, usando palavras como concussão e hemorragia. Eu quis morrer e matar aquele anão de jardim quando me colocaram o protetor de pescoço. Parecia que toda a escola estava ali, olhando sombriamente enquanto me levavam para a traseira da ambulância. Jimin foi na frente. Foi mil vezes mais humilhante do que imaginei que o dia seria, e eu não tinha nem chegado à calçada. Para piorar as coisas, o chefe Swan chegou antes que pudessem me tirar dali em segurança.

— Tae! — gritou ele, em pânico, quando me reconheceu na maca.

— Eu estou bem, pai. — Eu suspirei. — Não há nada de errado comigo.

Ele se virou para o paramédico mais próximo, pedindo uma segunda opinião. Enquanto o paramédico tentava acalmá-lo, desliguei-me dele para refletir sobre a confusão de imagens inexplicáveis que se agitavam caoticamente em minha cabeça, imagens que não eram possíveis. Quando me levantaram do carro, eu vi o amassado fundo no para choque do carro caramelo — um amassado muito distinto, que combinava com os contornos dos ombros estreitos de Jimin... Como se ela tivesse se jogado no carro com força suficiente para amassar a estrutura de metal... E depois, apareceu a família dele, olhando a distância, com expressões que iam de reprovação (Lisa) a fúria (Jungkook), mas sem a menor sugestão de preocupação pela segurança do irmãozinho.

Lembrei-me da sensação de quase sair voando... daquele peso rígido que me prendeu ao chão... da mão de Jimin debaixo da van, como se a estivesse levantando... Tentei pensar numa explicação lógica para o que eu acabara de ver. Eu só conseguia pensar que estava tendo um episódio psicótico. Eu não me sentia louco, mas talvez as pessoas loucas sempre se sentissem sãs.





Naturalmente, a ambulância teve escolta policial até o hospital do condado. Eu me senti ridículo quando foram me tirar da ambulância. O que piorava tudo era que Jimin simplesmente passou pelas portas do hospital andando com os próprios pés. Eles me colocaram na emergência, uma sala comprida com uma fila de leitos separados por cortinas em tom pastel. Uma enfermeira pôs um aparelho de pressão no meu braço e um termômetro debaixo da minha língua.

Como ninguém se incomodou em puxar a cortina para me dar um pouco de privacidade, decidi que não era mais obrigado a usar o protetor de pescoço ridículo. Quando a enfermeira se afastou, abri o velcro rapidamente e o atirei debaixo da cama. Houve outra agitação dos funcionários do hospital, outra maca trazida para o leito ao lado do meu. Reconheci Taylor Crowley, da minha turma de educação cívica, atrás das ataduras sujas de sangue que envolviam firmemente sua cabeça. Taylor parecia cem vezes pior do que eu. Mas olhava angustiado para mim.

— Tae, me desculpe!

— Eu estou bem, Taylor... Você parece péssimo, está tudo bem?

Enquanto falávamos, enfermeiras começaram a desfazer sua atadura encharcada, expondo uma miríade de cortes superficiais em toda a testa e na bochecha esquerda. Ele me ignorou.

— Achei que fosse matar você! Eu estava indo rápido demais e derrapei no gelo... — Ele fez uma careta quando uma das enfermeiras começou a limpar seu rosto.

— Não se preocupe com isso; você não me acertou.

— Como foi que saiu do caminho tão rápido? Você estava lá e de repente sumiu...

— Hmmm... Jimin me puxou de lá.

Ele pareceu confusa.

— Quem?

𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 | 𝐕𝐦𝐢𝐧 𝐕𝐞𝐫𝐬𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora