.𝟏𝟏.

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Na manhã seguinte, na escola, estacionei o mais distante possível do Volvo prata. Eu ficaria longe. Não prestaria mais atenção nele. Ele não teria reclamação nenhuma de mim de agora em diante. Quando bati a porta da picape, soltei a chave, e ela caiu numa poça a meus pés. Enquanto me abaixava para pegar, uma pequena mão branca apareceu de repente e pegou a chave antes de mim. Endireitei o corpo rapidamente e quase bati a cabeça na dele. Park Jimin estava bem ali, encostada casualmente no meu carro.


— Como é que você faz isso? — perguntei com surpresa.

— Faço o quê? — Ele esticou a mão com a minha chave ao falar. Quando fiz menção de pegá-la, ela a largou na palma da minha mão.

— Aparecer do nada desse jeito.

— Tae, não é culpa minha se você é excepcionalmente distraído. — A voz dele era só um murmúrio aveludado, e os lábios seguravam um sorriso. Como se ele me achasse hilário.


Como eu poderia ignorá-lo se ele não me ignorava? Era o que ele queria, não era? Eu, longe do cabelo rosa dele? Não foi o que ele disse ontem? Nós não podíamos ser amigos. Então por que ele estava falando comigo? Era sádico? Era essa a ideia dela de diversão, torturar o garoto idiota com o qual ela não tinha como se importar?

Fiquei olhando para ele, frustrado. Os olhos estavam claros de novo hoje, uma cor de mel dourada porém tinha detalhes vermelhos que contornavam as pupilas. Meus pensamentos ficaram confusos e tive que olhar para baixo. Os pés dele estavam a quinze centímetros dos meus, virados para mim, imóveis. Como se estivesse esperando uma resposta. Olhei para trás dele, para a escola, e disse a primeira coisa idiota que me passou pela cabeça.


— Por que o engarrafamento de ontem? Pensei que você estivesse fingindo que eu não existo.

— Ah. Foi por causa do Taylor. Ela estava meio que morrendo para ter uma chance com você.


Eu fiquei olhando para ele.


— O quê? — A irritação pela lembrança do dia anterior apareceu na minha voz. Eu não achava que Jimin e Taylor eram amigos. Taylor tinha pedido...? Não parecia provável.

— E não estou fingindo que você não existe — continuou ele, como se eu não tivesse falado. Olhei nos olhos dele de novo, me esforçando para manter a concentração, independente do quanto pareciam dourados, do quanto os cílios eram longos e grossos, seus lábios tinham um tom de rosado delicado.

— Não sei o que você quer de mim — eu disse para ele.


Era irritante como meus pensamentos pareciam explodir pelos lábios quando eu estava perto dele, como se eu não tivesse filtro nenhum. Eu jamais teria falado assim com qualquer outra garota ou garoto. O meio sorriso divertido desapareceu, e o rosto dele ficou na defensiva de repente.


— Nada — disse ele, rápido demais, quase como se estivesse mentindo.

— Então você devia ter deixado a van acabar comigo. Teria sido mais fácil assim. Ou sei lá poderia simplesmente parar de ficar brincando comigo. Agora eu quero você perto de mim e agora eu não quero mais. — Desabafei. — Se decidi logo, porra!


Ele ficou me olhando por um segundo, e, quando respondeu, a voz saiu fria.


𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 | 𝐕𝐦𝐢𝐧 𝐕𝐞𝐫𝐬𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora