Imersa

1.4

O sol penetrava o quarto através da janela, anunciado o alvorecer. A luz que se esquivava da cortina creme batia em meu rosto. O incômodo do sol em meu rosto, me fez abrir os olhos e me mexer para fugir dele. Joguei o edredom para o lado da cama, sentindo o suor impregnado na minha pele. O verão já tinha chegado e com ele a temperatura mais alta e o calor que irradiava pelo meu corpo. Me sentei em um súbito momento decidida a sair cama. 

Amarrei meus cabelos que se embolaram entre si e vesti um roupão por cima do pijama. Logo depois desci as escadas, para colocar café no meu organismo. Talvez um pouco de cafeína me animasse. 

Antes que eu chegasse a cozinha, fui surpreendida por um abraço esmagador.

- Feliz aniversário. - Noah estava quente e eu podia sentir seu calor emanando junto com seu perfume. O cheio dele inundou minhas narinas. 

- Eu disse que não queria parabenizações. - falei, me soltando do seu abraço apertado. 

- E eu disse que iria ignorar. - ele deu ombros, com um sorriso no rosto. 

Sorri com ele. Nos últimos dias, nossa amizade floresceu, ou ao menos, conseguimos conviver de forma civilizada. 

E em comparação, Robert e Sarah ainda se situavam na mesma situação. Eu ainda sentia um grande ressentimento por eles, que não diminuira com alguns meses. 

Quando entrei na cozinha, o cheio do bolo recém saído do forno me acertou em cheio, inspirei satisfazendo minhas vontades olfativas. 

A mesa estava farta de bolos e pães diferentes.

- Mamãe e eu decidimos fazer um café especial. - Noah se juntou para ajudar sua mãe que colocava o café na mesa junto de algumas xícaras. 

Robert estava sentando com um jornal na mão e tampouco notou minha presença. 

Me sentei observando a variedade. 

- É muita gentileza sua, Sarah. - em certos momentos, como esse, eu realmente me simpatizava com Sarah. 

- Não é nada querida, pensei que gostaria de um café especial. - ela sorriu e se sentou perto de Noah. 

- É, acho que sim. - por mais que eu quisesse dizer que não queria um café especial, foi difícil resistir a uma mesa tão bonita. 

Coloquei o café numa xícara e peguei um pedaço do bolo. 

- Está delicioso, Sarah. - foi impossível não dizer nada, Sarah era ótima na cozinha e realmente conseguia me surpreender. 

Ela apenas sorriu e tomou o seu próprio café. 

Vi de relance quando Robert deixou seu jornal de lado e começou a comer uma torrada. 

- Tem planos pra hoje? - a voz de Robert soava indiferente e ele sequer me lançou um olhar.

- Vou para a casa de Steve mais tarde, ele vem me buscar. 

Steve tinha insistido em me fazer uma pequena comemoração, mas eu sabia que era só mais uma desculpa para ele fazer uma festa enquanto a mãe viajava. 

- Você vive com esse garoto. - meu pai disse com desdém. 

- É o meu namorado. Queria o quê? Que eu não o visse nunca?

- Primeiro que você tentasse passar um tempo a mais com a gente e segundo, que você medisse o tom das suas palavras. - ele arqueou uma de suas sobrancelhas. 

Eu tentava ser paciente e calma, umas das virtudes que mamãe sempre tentou me ensinar, mas quando Robert falava algo do tipo meu lado adolescente parecia ferver ainda mais.