"Maybe A Love Story ".

~38~

Liel Gastesy...
  
      Não posso acreditar que ela está aqui , que isso está acontecendo.  Quando olho para seus olhos, e cada detalhe em seu rosto , a única coisa que me vem a cabeça é toda a dor ,a  angústia que ela me fez sentir, todos os dias que me encarava, tentando fazer com que eu achasse errado ser da maneira que eu sou . Tentando me fazer voltar atrás, pedir desculpas... Pedir desculpas , só por amar alguém. 
   Aperto a mão do Alec e respiro fundo.
- Filho? - solto minha mão da dele e dou alguns passos , ficando de frente para ela - Você acha que ainda tem o direito de me chamar de filho?
- Você é meu filho .
   Dou um sorriso de lado .
- O que você quer ? - estico os braços- Porque pode parar com esse teatrinho de mãe preocupada, pode parar de querer fazer com que eu acredite, que veio para Jesstick só pelo fato, de não conseguir manter contato comigo.  Não seja hipócrita, de falar que isso te causa algum tipo de aflição.  Você não tem o direito de sentir isso .
  Passo por ela rapidamente indo para trás do balcão.  Minha garganta arde em um nó  , meus olhos ardem , minha mente grita e todo meu corpo está em um estado de alerta . Quando para atrás do balcão , antes que eu possa me virar sinto o toque do Liam .
- Eu não consegui fazer com que ela fosse embora . Perdão.  - me viro e encaro o ruivo , seus olhos visivelmente mostrando sua preocupação. 
- Não se preocupa - olho para ela - A Diana vai embora . - digo um pouco mais alto  , para que a mesma possa ouvir .
   Sem que eu me desse conta o Alec estava atrás de mim . Ele passa as mãos em meus ombros .
- Calma.  - olho para seus olhos e algo neles fazem com que eu perca a vontade de chorar.  Fecho os olhos, ele se inclina e beija minha testa. - Você não está sozinho.
    Escuto barulho do sapato da Diana vindo até o balcão.
- Vai largar o seu namorado e  falar com a sua mãe?
  Solto o Alec e vou até ela .
- Eu não tenho nada para falar com você.  Nada. Você perdeu o direito de  ter algum assunto em comum comigo , faz muito tempo  . Você não é nada para mim . - Sinto uma lágrima descer do meu rosto - Se o seu plano é vir para cá, bagunçar a minha vida , vai embora- mais uma lágrima cai - Eu não preciso  de você na minha vida.  Minha vida , não tem você inclusa- as lágrimas caem como se estivessem apostando uma corrida umas com as outras , esse é meu problema, se algo mexe comigo , principalmente ela , eu choro facilmente. - Vai embora e não volta mais aqui .
   Ela estica a mão e tenta alcançar meu rosto . Me afasto bruscamente, ficando próximo do Liam e do Alec .
- VAI - falo .
- Eu disse que eu quero falar com você.  É para isso que vim aqui.
- Já tem a sua resposta - passo a mão em meu rosto secando as  lágrimas  - Eu não quero e não vou falar com você.  Não perca seu tempo . Vai .
   Atravesso o balcão e seguro em seu braço , começo  a andar a passos largos e apressados até a porta, abro a mesma . Escuto o sino .
- Vai - solto seu  braço. 
   Ela olha para mim , com os olhos marejados . Essa encenação barata me dá vontade de vomitar .
- Eu vou voltar, eu vou fazer você falar comigo.  Porque você é meu filho . Eu te tive .
   Ela vai para o lado de fora.
- Ter um filho, não faz de você uma mãe. 
  Bato a porta e passo o trinco.  Nessa altura minha vista já está muito embaçada. E eu simplesmente desabo. Incapaz de fazer com que as lágrimas parem de cair. É um choro silencioso , que dói.  Eu simplesmente sento no chão.  Coloco meu rosto escondido em minhas pernas , meus braços fazendo um escudo protetor .
   Escuto passos , mas estou preso nessa dor. Quantas vezes eu fiquei na mesma posição, no meu quarto, com as luzes apagadas , com o rosto ou qualquer outra parte do corpo doendo pelos constantes empurrões ou tapas, e cada palavra que saia dos lábios dela ecoando na minha cabeça.  Eu cheguei a pensar que eu estava fazendo algo muito errado . Ela me olhava como se eu fosse um pecador, é um pecado imperdoável amar alguém do mesmo sexo ? Em algumas noites eu desejava fazer com que tudo isso acabasse , eu simplesmente queria parar a voz dela na minha cabeça, eu simplesmente achava que continuar vivendo daquele jeito ,era reviver o mesmo pesadelo todos os dias . . .
   Acho que se passaram apenas segundos desde que fechei a porta, no momento que aperto meu braço com força , sinto um calor . Os braços do Alec me abraçavam assim como os do Liam .
- Estamos com você- o ruivo disse.
- Isso vai passar - O Alec sussurra .
   Sei que não estou sozinho . Mas mesmo assim doi, mesmo assim as lágrimas não cessam ... Então, eu simplesmente desabei mais ainda, nos braços das pessoas que eu mais gosto encontrei um conforto acalentador.
   Eles ficaram em silêncio me abraçando. Era tudo que eu precisava , ambos sabiam disso .
   Eu não estou mal, pelo fato dela ter aparecido aqui . Mas ficámos muitos anos sem se ver , as  vezes ela me pedia dinheiro através da Nora . Eu nunca precisei encarar seus olhos tão de perto de novo. É horrível.  Quando você acha que superou algo , quando acha que toda a dor e tristeza que alguém fez você passar foi embora, porque alguém nos disse que o tempo resolve tudo.  Mas não, isso se provou uma mentira hoje . Pois ao encarar a Diana , tudo voltou.  Cada detalhe de revirar o estômago.  Cada noite chorando. Cada mentira para justificar os olhos vermelhos na manhã seguinte. Cada pensamento perturbador.  É como se eu tivesse voltado a ser aquele adolescente , amedrontado, tão assustado... tão cansado .
   Sei que hoje não sou mais aquele garoto.  Eu construí minha vida aqui em Jesstick , sem ela . Eu tenho um apartamento confortável no centro da cidade, tenho uma cafeteria, tenho um amigo maravilhoso, tenho o Alec... está tudo diferente. Mas mesmo assim eu ainda me afeto.  Os monstros do passado não deixam de existir só porque eu decidi não me abater mais .

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  " Tinha a cabeça cheia de fragmentos e havia uma enorme, palpitante dor crescendo dentro dela ".
                  - O Pistoleiro
     ( 1 livro da série Torre Negra do Stephen King. )