Seguindo em Frente

Aula de poções

SEGUINDO EM FRENTE

Por DBacellar

Hermione andava corajosamente pelo castelo. Ela resolveu erguer a cabeça e andar austeramente pelos corredores apinhados de jovens como se a noite anterior não tivesse acontecido.

Obviamente, a jovem preocupava-se com o que Tom pudesse pensar a seu respeito. Fora fácil ao ceder tão inteiramente aos seus instintos mais primitivos, mas ela se certificaria em manter uma distancia segura, um afastamento que lhe permitiria ter razão e manter-se afastada do moreno de pele pálida.

A castanha alcançou a classe de poções. Era uma das aulas compartilhadas com a sonserina. Seria o seu primeiro desafio do dia. Ver Tom e conversar superficialmente com ele como se ele fosse qualquer outro garoto. Respirou três vezes tão profundamente quanto podia. Era uma forma de acalmar a balbúrdia de sentimentos conflitantes que gritavam em seu interior que ela era uma estúpida. Seu coração não queria se afastar, mas desde quando Hermione Granger agia tão somente pelo coração?

Entrou na sala corajosamente, o rosto para cima fazendo seu nariz ficar mais empinado do que o de costume, e sentou-se em uma mesa vazia ao fundo da sala. Vários alunos chegaram enchendo a sala com conversas paralelas e sorrisos naturais. A castanha verificou seu caldeirão de estênio, olhou o livro e abriu-o na página da aula. Teriam que fazer amortencia. Ela suspirou com a ironia da questão. O destino talvez gostasse mesmo de pregar peças na garota.

Tom chegou na sala de poções acompanhado por Abraxas. O que não era uma grande surpresa. Ambos se dirigiram à mesa ao fundo que ficava justamente ao lado de Hermione. Tom olhou profundamente para a garota que apenas lhe devolveu um aceno de cabeça educado, mas aquele simples olhar fez todos os ossos de Hermione ficarem tão moles quanto geleia. Como era possível que um simples olhar tivesse tamanho efeito sobre o seu corpo?

Ela mordeu os lábios e sacudiu a cabeça tentando se livrar da sensação de ter o olhar perscrutador de Tom em cima de seu corpo. Era demasiadamente incomodo tê-lo tão perto e simplesmente trata-lo como um párea.

A aula começou. Hermione não tinha um parceiro de poções, mas não se incomodava com isso. Dava-lhe mais tempo para se concentrar. Ela astutamente cortou os ingredientes e seguiu as orientações do professor. As garotas da sala estavam empolgadas com o fato de aprenderem a fazer uma poção daquela, mas Hermione não sentia o mínimo de empolgação.

— Vejo que sua poção ficará perfeita Srtª Granger. Está absolutamente concentrada. Poderia até ser... Perigosa. — O professor de poções falou para a castanha enquanto ele rodava pelas mesas analisando as diversas poções. Algumas deram errado e borbulhavam fazendo subir um cheiro desagradável. Hermione se limitou a agradecer.

— Srtª Granger. — o professor a chamou novamente. Hermione estava muito emburrada desde o início da aula, então não conseguiu evitar olhar para o professor com um rosto de mal grado. Tom e Abraxas riram da expressão da castanha, mas continuaram fazendo sua poção.

— Senhor? — Hermione perguntou quando o professor não completou.

— A senhorita sempre tem opiniões extremamente relevantes e consideráveis. Gostaria de saber qual é a sua opinião pessoal a respeito da amortencia. — Hermione achou a pergunta estranha, mas resolveu responde-la sinceramente.

— Acho que ninguém forja o amor. E qualquer pessoa que o tentasse fazer através de uma poção, provavelmente estaria destruindo a si mesmo. Dar amortencia a alguém para obter seu amor, nada mais é que forçar o outro, que violentar as suas vontades. Essa pessoa teria duas opções. Continuar tendo um escravo pelo resto de sua vida ou parar de dar a poção que induz o outro amá-lo. Quem o faz já está induzido a sofrer de qualquer forma, porque quem ama não quer ter um escravo ao lado de si, quer ter alguém que o ame de volta, tanto quanto ou até mais. Enfim, sou totalmente contra enfeitiçar uma outra pessoa nesse sentido porque quem ama de verdade respeita as escolhas. — Hermione olhou ao redor da sala e viu como as outras garotas a fitavam com olhos arregalados. Ela deu de ombros para as meninas e sorriu de lado ao acrescentar. — Ainda bem que sempre é possível seduzir de outras formas.