É o fim?

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Hermione Granger-Riddle.

Amordaçada magicamente. Aterrorizada, machucada, torturada. Pelo mesmo algoz.

Parecia realmente a repetição bizarra daquela cena de terror vivida há tantos anos atrás, mas dessa vez ela sabia. Tom não chegaria a tempo. Uma premonição crescente em seu coração lhe avisara que ela estava chegando cada vez mais perto de desistir de se segurar a fina linha tênue que era a sua vida naquele momento.

Ela olhou em volta por um momento.

Era tão vazio, mas não era necessariamente escuro. Também não era verdadeiramente claro. E ela sabia que aquele universo era inacessível.

Nott avaliou o rosto compenetrado da castanha enquanto ela tentava se localizar. Aquele corpo agora quebrado no chão, sangrando. Gemendo e choramingando ininterruptamente. Sofrendo. A doce vingança. Ele não ligava de ter usado apenas meios trouxas para tortura-la. Era o que ele podia no momento. Ele parecia um açougueiro naquele instante, o sangue espargido em suas vestes. Alguma criatura terrível retirada de um filme de terror.

— É realmente recompensador o fato de que eles estarão correndo em círculo procurando por você... Quando na verdade sequer saímos de onde estávamos a princípio.

— O... O que você quer dizer? — Hermione perguntou engasgando numa lufada de sangue.

— Estamos na Penumbra, querida. Um universo mágico entre a realidade física e mágica. Não saímos de sua sala. Apenas estamos em suspensão... Inalcançáveis para todos os termos. Não é realmente interessante o fato de que nesse momento eles estarão correndo pelo mundo, tentando usar todos os feitiços de localização imagináveis para te encontrar enquanto todos eles apontam para o lugar vazio no meio da sua sala onde aparatamos meia hora atrás?

Hermione sabia o que era a penumbra. E ela sabia que naquele estado de quase sombra não era possível usar magia. Por isso então ela fora torturada pelos métodos trouxas mais humilhantes. E Nott certamente não se importava de sujar as suas mãos com facas enquanto cortava a pele da castanha deixando uma miríade de sangue vermelho escorrendo por onde ele passava. Ela não havia percebido, no entanto que em seu ventre, em cortes relativamente profundos em sua pele, estava escrito as iniciais dele. B.N. Como se ele reclamasse uma propriedade. Como se ela fosse um gado marcado.

— Você é tão linda, mas é tão imunda. Como ele se corrompeu assim...? Por você? Ele abandonou tudo. Nossos planos. Iria ser tão grande, tão grande.

Ele começou a balbuciar incoerências enquanto passava a lâmina fria de uma navalha no rosto da castanha. Cruelmente. Arrancando mais gemidos e choro.

— Eu queria tanto que isso acabasse com um Avada Kedavra... — ele comentou banalmente. Hermione suspirou.

Nott lembrou da magia que ele lançara em Hermione segundos antes de aparatar, atando-a a ele. A coleira negra de magia, como fumaça, pendia no pescoço da castanha como uma vitória. De um jeito ou de outro, ele sairia vencedor.

De fato ela não temia pela própria vida naquele instante. Ela só queria saber se Mel estava bem. E foi com a força desse pensamento que um flash chegou aos seus olhos. Tom abraçando Mel. Chorando. Tom aparatando, voltando para a sua casa. Ela não sabia se era apenas ilusão de sua mente cansada, se era o choque provocado pela perca de sangue, se era apenas a sua vontade subconsciente de que essa visão fosse verdadeira. Ela só viu. E por um momento em que Tom aparatou na sala, era como se ele estivesse vendo-a também... E ele olhou para os olhos dela e ela para o dele. Através da Penumbra eles se viram. Onde mais nenhum olho poderia enxergar. Eles se viram. E era a última visão que Hermione queria ter em sua vida. O seu amor e a sua filha estavam bem. Ela poderia soltar a sua linha de vida agora. Ela poderia morrer em paz.

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