Querida quarentena,

Os altos e baixos não perdoam.

Tem dias que consigo me encontrar entre danças, programas de TV e videochamadas com amigos. Outros dias, me sinto perdida em um labirinto de labirintos. Quando eu acho a saída de um e consigo respirar tranquila, logo surge outro e me confunde de novo entre curvas e saídas muito parecidas entre si.

Alguém tem um mapa para atravessar?

A Jé e minha mãe tiveram coragem de pedir ajuda. Se elas se sentiram perdidas como eu me sinto agora, eu entendo essa sensação de não ver saída dentro de si. Mas também não sei se acredito que alguém realmente poderia me guiar no meio de tudo isso. Não sei se eu tenho jeito. Não sei se tem como alguém me ajudar, por mais profissional ou competente que seja.

Não vejo saída para mim.

Ao mesmo tempo, a vida vai além da minha janela. A Jé passou por coisas muito pesadas para chegar até esse momento – algumas que eu nem poderia comparar com a minha falta de amor próprio. Minha mãe também conheceu de perto a dor – de formas que ela nunca me contou, mas sinto em seu olhar toda vez que ela fala da cidade em que nasceu.

Eu não sou a única que sofre.

Talvez eu não seja a única que não tem salvação.

"Olá! Meu nome é Bia, e eu gostaria de marcar uma consulta."

Querida QuarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora