Querida quarentena,

Alguns aprendizados demoram mais para fazer sentido. É como uma equação de segundo grau na sétima série: a gente percebe a lógica, mas nem sempre consegue entender como funcionaria na prática.

Os elogios da minha mãe também são assim.

Talvez não seja só porque eu não costumo enxergar em mim os elogios que as pessoas me fazem. Talvez também seja porque essa é a primeira vez que eu sinto nas palavras da minha mãe um calorzinho maternal, aquele que eu inveja das minhas amigas.

Algo a mais mudou, e não foi só eu.

Ela ainda fala de desgraça como fosse fofoca e é sincera demais sem mentir palavras, mas agora também soube ser sincera e me elogiar, querendo meu bem acima de tudo.

Eu sinto isso.

Além de amiga, essa mulher também é minha mãe.

Eu vejo isso.

Será que o isolamento também a mudou? Ou será que eu não tinha capacidade pra enxergar isso antes?

"A gente ainda tem muito pra se descobrir como mulher, filha."

Querida QuarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora