Jayson (Jay)

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{Ouçam enquanto lêem}
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Ainda abalada com as últimas história, Luiza se recompõe e espera o outro membro entrar na sala.
Alguns minutos depois um homem alto entra na sala  cumprimentando a doutora educadamente e sentando-se na cadeira.
Logo ele parecia o cara mais saudável fisicamente e mentalmente até então...

•[Luiza]- Ok, sabe do que vamos falar certo ?

•[Jay]- Sim, eu imaginei que fosse perguntar isso.

•[Luiza]- Você me parece bem, mas não julgo se por dentro você esteja mal.

•[Jay]- Não, não, eu estou bem.

•[Luiza]- Podemos começar ?

•[Jay]- Irei começar, deixe-me apenas afastar esse litro de álcool para lá.

•[Luiza]- Me desculpa, não achei que você.. sério, não sabia que não gostava.

•[Jay]- Tudo bem.

•[Luiza]- Me conte, o que houve com você ?

•[Jay]- Você pode ter ouvido piores que a minha talvez, mas vamos lá.
Eu cresci em um orfanato junto a um outro amigo que fez um ato heróico um dia, aquele orfanato onde a gente convivia...era extremamente bruto com todos, desde estupros a espancamentos.
Eu e esse meu amigo, que nunca me disse seu nome, sempre nos livrava-mós do zelador que estuprava as crianças, mas sempre éramos espancados mais do que o normal, todos os dias.
Dormiamos no chão frio e cheio de sugeira, como merda !

•[Luiza]- Por que você foi deixado num orfanato ?

•[Jay]- Meus pais me abandonaram quando eu era criança, e eu nunca os conheci... então não sei o motivo.

•[Luiza]- Sinto muito...(um pouco sem jeito).

•[Jay]- Mas depois de um tempo, esse tal amigo de alguma forma conseguiu uma brecha para nós saírmos dali, mas após todos nós passar por uma abertura no grande muro do orfanato, ele derrubou algumas coisas para impedir a passagem de volta e ficou la dentro.
Algumas horas depois, todos nos seguiamos montanha a cima para chegar a cidade mais próxima e denunciar aquele lugar, vimos que todo o orfanato estava em chamas...e desde então nunca mais vi tal pessoa.
Mas o meu ápice de sofrimento veio de quando eu perdi meu filhos é minha esposa...em um acidente de carro por estar bêbado.

*Apertava as mãos, mostrando estar nervoso de uma forma psicótica*

[Luiza]- ...Desculpa por ter que ver bebida outra vez.

•[Jay]- Relaxa, bom...Eu consegui me formar em Engenharia depois de tudo, conheci a Kelly que era minha esposa, ela era bióloga marinha e a encontrei quando fui fazer o projeto de uma obra em um grande aquário para abrigar espécies de peixes em extinção.
Depois de anos juntos, a gente se casou...mesmo os pais dela nunca terem gostado muito de mim, então conseguimos uma casa e anos depois ela ficou grávida de mim.
Tivemos dois filhos, uma menina e um menino...Evie e Quentin, era o nome deles, foram anos de algumas brigas bobas, mas sempre muita felicidade, além de todo o carinho e apóio de todos eles.
Eu não gostava de beber muito, mas um dia em um aniversário de um dos nossos amigos, eu que fui dirigindo, bebi muito... até briguei feio com a Kelly neste dia, e principalmente com meus filhos e ambos estavam muito decepcionados comigo.
Tudo por que passei dos meus limites, mas tentei alegrar eles no caminho de casa, já que meus filhos amavam filmes de corrida...fiz a ideia mais tola de ficar acelerando o carro em estradas vazias, não sabia que aquele seria o último dia com eles.
Eu desviei de uma raposa na estrada e o carro caiu em rio que era extremamente agressivo, logo o carro começou a descer rio a baixo com a correnteza, o carro estava sendo esmagado pelas pedras do rio, não sabia o que estava acontecendo.
Acordei dias mais tarde em meio a floresta, da mesma forma em que comecei...sozinho, ao andar loucamente a procura do carro, na esperança da minha família está a salvo eu vou ficando cada vez mais louco, e as lembranças dá noite em que briguei com eles não saia da minha cabeça.
Alguns minutos procurando, achei o que não queria.. o que eu mais temia aconteceu, então cai de joelhos no chão e na hora, nem lágrimas sairam dos meus olhos.
Eu somente não acreditava, a Kelly estava empalada em um galho de uma arvore preso no meio das pedras do rio, que estava mais calmo no momento, é ela segurava os corpos dos nossos filhos...como se estivesse viva !
Não consegui reagir, fiquei me sufocando com minha própria saliva de tão nervoso, medo, angustia, arrependimento... é um forte remorso, por não ter conseguido pedir perdão a eles !
Algum tempo depois, a floresta estava um total silêncio, parecia que tudo estava me culpando e me julgando.. eu estava morrendo naquele momento.
Peguei o corpo de todos, com cuidado e consegui enterrar eles ali mesmo naquela floresta vazia.
Fiquei lá, morando por ali mesmo...com o resto de dinheiro que eu tinha, comprei coisas para viver lá...ali seria meu túmulo.
E por mais que eu tentasse, nunca tive a força suficiente para me matar !

•[Luiza]- Eu não posso julgar você, sei que se culpa por tudo...mas também não posso te absorver da culpa.
E um assunto muito delicado de se falar, mas... você acha que não conseguiu se matar por fraqueza ou por que foi forte demais pra viver até hoje com toda essa culpa na mente ?

•[Jay]- Sinceramente, não sei...talvez a Kelly não tenha me deixado fazer isso, já que as noites na floresta eu podia escutar ela falando comigo !

•[Luiza]- O que ela te dizia ?

•[Jay]-....

•[Luiza]- Entendo, algo que não quer contar... é melhor, mas seria ainda melhor se começasse a liberar essa culpa que sente.
Talvez você busque por perdão...

•[Jay]- Realmente, talvez seja isso, enfim... já acabamos ?

•[Luiza]- Sim, pode ir descansar se quiser.

*Jay antes de sair, dar um forte abraço em Luiza e fala algo em seu ouvido*

"Por mais intenso que nos humanos sejamos, por mais fortes, felizes, cheios de amor e cheios de vida...um dia, algo vai vim e te obrigar a fazer uma escolha e você sempre escolherá a errada...pois nunca sabemos se essa escolha, seria a última escolha antes de perder tudo é toda a essência de nossa alma".

*Jay sai da sala e deixa Luiza completamente pensativa*

*Jay sai da sala e deixa Luiza completamente pensativa*

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{Jayson}

UNN∆MED •[Concluída]•Onde histórias criam vida. Descubra agora