Me Beije ou Me Mate | sasusaku;

Capítulo Seis

                Shikamaru cruza finalmente a sala, se jogando na cadeira. Todos lhe encaram com uma cara bem azeda, menos eu. Se tinha uma coisa que eu estava naquele momento, era calma, controlada. Eu estava preparando minha mente para ler Kakashi Hatake. Ele enfim, solta um suspiro dramaticamente, tomando um gole d'água.

— Foi mal, eu estava do outro lado do complexo... – Shikamaru resmunga sob os olhares. Ninguém nessa mesa possuía paciência.

— E é por isso que você não é agente de campo. – Conclui dando de ombros.

— Kakashi, fale de uma vez, o que aconteceu? – Naruto inicia. Os fios grisalhos esconderam o segundo em que seus olhos se fecharam, como se ele buscasse algo lá dentro.

— Há exatamente trinta e duas horas atrás, Rin Uchiha fora sequestrada.

— Estamos cientes disso, e também do fato de que você mandou apenas Sasuke para a missão de reconhecimento. – Termino de dizer, e sinto a mão do loiro segurar o meu ombro, quando levemente me debruço sobre a mesa, em direção a ponta, onde o Hatake jazia.

— Eu sei. – Foi tudo o que ele disse, e eu apenas pisquei, tentando não transparecer minha surpresa.

— Opa, espera aí, eu não sabia de nada... – Shikamaru se prontifica.

— Melhor você começar à explicar – Naruto pede, e o grisalho apenas assente, respirando fundo.

— Quem me relatou o acontecido foi o Obito, mas diferente do que contei a Sasuke quando o recrutei para a missão é que, ele não pedira minha ajuda.

— Obito não pediu a sua ajuda? – ele assente. — Por quê?

— Ele tem quase certeza de que Tobirama pode estar por trás de tudo isso, e que tudo o que ele quer é que Madara se entregue para os Senju, o que é muito difícil de acontecer.

— O que a Rin tem a ver com tudo isso? – foi a vez de Shikamaru questionar.

— Bom, como sabem, à alguns meses Obito e Rin selaram o matrimônio oficialmente, e ela relatou para a família à poucas semanas sobre estar aguardando um filho. – Concluiu pensativo. Meus olhos travam em sua expressão contorcida, ele parecia sentir dor. Meus dedos esbranquecem ao apertar o braço da cadeira com muita força.

— Precisamos achá-la pra ontem! – minha voz foi nada mais que um rugido.

— Sim – suspirou, acomodando-se melhor na cadeira.

— “Sim”? – seu olhar rasteja pela mesa seguindo em minha direção. — Explique melhor a situação, por exemplo o por que de esconder toda essa merda da equipe por mais de vinte e quatro horas após o acontecido?

— Eu agi às escondidas, Obito não queria que eu mandasse um bando de fugitivos atrás dela, afirmou que poderia causar uma reação negativa entre os dois lados da moeda, tendo em vista que ele não sabe o que aconteceu. No momento eu só prezei pela a segurança de Rin, mas depois de ter tempo para analizar a situação melhor... – se ergue da cadeira.

— Não é legal compartimentalizar esse tipo de coisa... – Shikamaru sussurra, ganhando o olhar confuso de Kakashi.

— Não, não é, e todos aqui sentem carinho pela Rin – Naruto.

— E foi ele quem te deu a pista que segui? – Sasuke questionou. Ele deve ter mordido a própria língua quando ouviu Kakashi admitir que Obito comprometia mais informações sobre o caso.

— Todas as informações que chegaram para mim viera do Obito, assim que você afirmou que não havia nada eu já imaginava que ele iria evitar que eu fizesse algo pela suas costas. Mandei apenas você porque pensei que ele não faria nada com alguém da própria família, mesmo sendo um primo que renega a própria facção... Ele é diferente do pai. — Bom, isso não evitou o moreno de levar uma bela surra quando visitou o último lugar que ela foi vista. O que me leva a pensar que eles não eram Uchihas.

— E os documentos de adoção? Também eram uma distração? – me adianto.

— Pode vir a se tornar uma peça importante para focarmos na localização dela, e o que essa rixa entre eles pode acabar causando.

— O que um papel de adoção tem a ver com a rixa? – Shikamaru pergunta.

— Está no nome de Rin Uchiha, mas não consta informações de antes disso, como a família de sangue, nenhum sobrenome à mais. – Me adianto.

— Sim, e respondendo também à sua pergunta, Shikamaru, acontece que existe um boato, que já tem anos de comentado.

— Que boato é esse? – Naruto insiste, ansioso.

— Que Rin pode ser uma filha bastarda de Hashirama – foi demais pra mim.

             Me levantei no mesmo segundo, indo até licoreira no canto da sala, um bom saquê poderia ajudar à engolir. Seria mesmo possível? Rin ser uma Senju? Isso muda tudo, eu sabia que tinha algo muito curioso nessa história. Rin trabalhou por anos como hacker, se envolveu em muitos casos importantes e perigosos, mas sempre soubre se proteger. Ela desaparecer ou ser sequestrada trás muitas questões.

— Então isso se trata de um acerto de contas, e estão usando uma mulher grávida como troféu? – Sasuke comentou, furioso.

— Então como já podem imaginar, é possível que esse boato seja verdadeiro, e que com esse sequestro de Rin, os suspeitos iniciais são os Senjus.

— Porra! – Sasuke responde com uma batida forte na mesa.

— Acredito que Madara esteja tentando abafar o caso, Hashirama ou Tobirama até agora não se posicionaram.

— Eu ainda não entendi, o que isso tudo tem a ver? – Naruto, como sempre, lerdo.

— Ela ter engravidado pode ter sido um gatilho para eles agirem. – Jogo na mesa, esvaziando o copo numa golada só.

— Um herdeiro Uchiha nas mãos dos Senju, é uma ótima vingança – Sasuke reflete.

— Um herdeiro Uchiha e Senju, ao mesmo tempo. Essa criança, que ainda nem nasceu, pode ter um desfecho importante nessa briga. – Kakashi termina, se apoiando na mesa.

— Iremos atuar às escondidas? – Shikamaru questiona.

— Acho mais seguro, já que Obito não aceita nossa ajuda. – O moreno segue até os armários e começa a tirar de lá algumas armas, enfiando-as em seus coldres.

— Concordo – o Hatake assente. — Já nos bastou uma pista falsa. Precisamos ir por conta própria. As duas famílias possuem questões pessoais para tratar, e nós só temos um trabalho: recuperar a Rin, e deixá-la decidir o que fazer. Ela nasceu num orfanato, não sei se descobrir sobre o pai vai ser tão relevante para ela quanto proteger o filho.

— Acho que entendi – Naruto, seus cabelos já estavam bagunçados de tanto que mexeu neles durante a reunião, seu jeito mais claro de demonstrar nervosismo. Devolvo o copo à licoreira e volto para a mesa, permanecendo apenas em pé.

— Sem contar com o fato de que os vídeos da câmera de vigilância não mostram nada, ela aparece, e depois nada, literalmente. Sasuke encontrou uma jóia que ela não usava nas gravações. E outro detalhe, ela estava aos redores da fronteira, isso também é esquisito.

— Precisamos ir ao deserto. – Kakashi caminha até a porta, suspirando.

— O que porra vamos fazer no deserto? – Sasuke novamente, e também me questiono o mesmo.

— Tem alguém lá que irá nos ajudar, na questão de informações. Precisamos de fatos e não de mais mentiras. Estejam prontos em vinte minutos! – e sai às pressas.

— Ele vai envolver Gaara. – Sasuke cruza os braços.

— Cara, eu odeio quando ele faz isso... – Já tava demorando para Shikamaru começar à reclamar.

— Se adianta que dessa vez você irá conosco, Nara. – Sigo até os armários, digito a senha rapidamente, e começo à me armar. Naruto segue fazendo o mesmo ao meu lado.

— Isso vai ser complicado...

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