Capítulo 8 - Cartas na mesa ( parte 2)

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CARTAS NA MESA – PARTE 2


Eu pego o telefone de sua mão, com uma certa violência. Recuso a chamada. Com passos firmes, vou em direção a sala. O desconforto da situação, recai sobre mim. Ainda que eles não tenham mais uma relação, Gustavo é o ex-namorado da minha melhor amiga. Eu não me sinto confortável, em ter transado com ele.

Vou direto para a cozinha, e esquento o café que sobrou na cafeteira. Logo, o noto encostado no umbral, com os braços cruzados, me observando. Tento ignora-lo, e continuar o que estou fazendo. Ele solta um suspiro, e diz;

— Eu não me sinto nem um pouco culpado, com o que rolou entre a gente. Acho que você também não deveria. Não tenho mais nada, com a Ju. E essa escolha não foi minha, e sim, dela.

— Mas com você, é diferente. A Ju é minha melhor amiga. Não existe segredos entre a gente. Como eu vou contar que transei com o seu ex-namorado? — Encosto na beirada da pia e o encaro. — Você vivia dormindo aqui. Por mais que, mal nos cumprimentássemos, ela pode pensar que já rolava algo entre a gente, na época em que ainda tinham um relacionamento. Talvez, até eu pensaria desse jeito, se estivesse no lugar dela.

— Ah por favor... — Revira os olhos, parecendo aborrecido. Ele gesticula, passando as mãos na cabeça raspada. Seus olhos estão carregados de uma leve indignação. — Eu jamais teria a coragem de fazer uma coisa dessas. Eu fui para os EUA, namorando e disposto a continuar a relação. Mas quando nosso intercâmbio acabou, eu decidi voltar. Tinha recebido a notícia, de que havia passado para o concurso da Polícia Federal. E não quis abrir mão disso.

Minha ideia era construirmos uma família. Mas, ela decidiu seguir em frente, sem mim. A partir dali eu repensei diversas questões, dentro da nossa relação. O que nos mantinha juntos, era a forte atração que sentíamos um pelo outro. Éramos diferentes.  Não tínhamos muito dialogo, e quando tínhamos, sempre terminava em brigas intermináveis. — Ele se aproxima de mim, e levanta meu rosto, me forçando a olhar para si. — Não se sinta culpado. Nossas vidas tomaram rumos diferentes, e tudo bem. — Ele tenta me beijar os lábios, mas eu desvio, me virando de costas.

— Eu acho que está na hora de você ir. Preciso revisar alguns textos, para meu chefe. E para isso, preciso estar concentrado.

— Tudo bem. Vou te deixar em paz. — Ele se afasta aborrecido. Antes de sair me observa por alguns minutos, e desaparece pela porta da cozinha.

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Estou sentado no sofá, com as pernas apoiadas na mesinha de centro da sala. Pego um manuscrito para simular uma leitura, enquanto ele está se arrumando para ir embora. O silêncio ocupa todo o espaço. Não sai uma palavra sequer de sua boca. Eu sigo observando seus movimentos, por cima dos papéis, disfarçando o máximo para que não perceba, que estou admirando seu corpo definido, enquanto se veste. Que homem bonito. Puta que o pariu.

   — Estou indo. — Já vestido, de pé em minha frente. Me levanto para conduzi-lo até a porta, mas ele me para, segurando em meus braços.

Eu me viro em sua direção, e sou surpreendido com um beijo. Tento me desvencilhar, mas um de seus braços me envolve na altura de minha cintura. Ele me segura firme, pressionando o meu corpo contra o seu. Morde meus lábios, enquanto seus dedos vão subindo por minhas costas, parando em minha nuca. Nossas línguas parecem se digladiarem entre si. Buscamos por nossos sabores. Seguimos insaciáveis. Vou me desfazendo em seus toques.

Paramos por um breve momento, e nos encaramos. Seu hálito impregna minhas narinas. Ele beija os contornos de me rosto, com os olhos fechados. A tensão entre a gente é palpável. Nos embolamos, degustando o melhor de nós. Nunca estive tão imerso. Aquilo parecia não ter um fim. A capacidade de pensar, desaparecia. Eu ansiava por mais dele. Somos trazidos de volta, com um barulho de porta se abrindo. Nos assustamos.

Me desprendo de Gustavo, e imediatamente sinto meu estomago se revirar, ao ver Marcos paralisado na entrada de meu apartamento. Suas feições estão tomadas de sarcasmo. Percebendo o que estava acontecendo ali, diz;

  — Eu vim aqui explicar o motivo de ter furado contigo ontem. Mas pelo visto, você não me parece muito preocupado com isso. — Marcos gesticula com as mãos, meio nervoso. — Eu já estou indo embora.

Eu olho para Gustavo, que não esboça nenhuma reação, além de ficar parado observando toda a situação. Faço um sinal para que ele não venha atrás de mim. Eu me desespero em explicar o que aconteceu. Marcos se vira em direção ao elevador, enquanto tento alcançá-lo. Toco seu braço, e uma fúria parece tomar conta dele.





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Espero que estejam gostando. Muito obrigado, por continuar acompanhando essa estória. Ah!!!! Aguardem os proximos capítulos. Beijo no coração de vocês.

Um Hétero na minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora