Capítulo 13- Não espere flores de um hétero

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NÃO ESPERE FLORES DE UM HÉTERO




— Ah... é uma brincadeira entre a gente — Bernardo sorri, meio sem jeito com a situação.

— Entendi... — Gustavo olha em minha direção, com um sorriso sarcástico. — Depois quero saber direitinho sobre esse negócio de "namorado bonitão". Vou jogar uma água no corpo rapidinho.

Eu afirmo com a cabeça.

Gustavo, tenta agir com o máximo de naturalidade possível, diante da situação. Eu continuo bastante envergonhado, de saber que mais alguém além de nós, sabe que estou ficando o ex-namorado da minha amiga.

Olho para Bernardo, e aponto para o acento do sofá. Nos sentamos ao mesmo tempo. Quando nota que estamos sozinhos, ele me puxa para mais perto, e diz;

— É o que estou pensando? A senhora está ficando com o ex da Ju?

— Não sei se "ficar", seria a palavra certa para usar. Mas... — Respiro fundo, revirando os olhos. — Sim, ficamos por duas vezes.

Relaxo os ombros, esperando que Bernardo me crucifique por transar com o ex-namorado de uma amiga. Aliás, melhor amiga. Mas me surpreendo ao perceber que ele está rindo de mim.

— Eu não estou acreditando nisso. Você e o bonitão... — Ele diz, como se estivesse falando consigo mesmo. — A Ju que não me escute, mas que inveja da senhora.

— Você não gostaria de estar na minha situação. — Reviro os olhos. —  Ao mesmo tempo que não me sinto errado, eu me condeno por estar ficando com Gustavo, sem ter contado a Ju.

Relaxo os ombros, envergonhado em ter que admitir isso para alguém e para mim mesmo.

— Amore, me desculpa, mas como seu amigo eu preciso ser bastante sincero com você. — Ele joga a cabeça para trás, tirando os cabelos dos olhos. — Não adianta chorar, depois que já sentou na rola, né irmã? Não faço ideia de como isso aconteceu, mas se aconteceu, é pensar em uma forma de conversar com a Ju e esclarecer tudo isso. Hoje foi eu. Amanhã, pode ser a própria vindo direto dos EUA, abrindo a porta e pegando a senhora, com a mão na rola do ex. Então trate de rasgar o verbo com a mona, antes que ela descubra da pior forma.

Aquelas palavras pesam dentro de mim. Bernardo tem toda razão. Eu não posso viver, escondendo tudo, de todos. Eu preciso aprender a lidar com os problemas, com maturidade e transparência.

— Olha, você tem toda razão. Eu vou contar pra Ju, mas preciso de tempo.

— Amore, pode ficar tranquila. Eu não vi nada. Mas, para o bem da senhora; não leve isso em segredo por muito tempo. É melhor que ela saiba pela sua boquinha de veludo. Agora rasga. Me conta tudinho, amada. Como a senhora, foi tropeçar na rola, do boy. — Ele aponta para o banheiro, com a cabeça.

Eu começo a contar, como tudo aconteceu. A maneira como eu e Gustavo fomos parar na cama. Ele fica em choque. Rimos juntos. Aproveito para oferece-lo, o café da manhã que nem chegamos a tocar.

Gustavo sai do banheiro, molhado e vai direto para o quarto. Bernardo parece babar, ao vê-lo seminu passando pela sala. Ele se vira para mim, com os olhos parecendo saltar do rosto.

— Gay, se algum dia a senhora quiser um trisal, lembra de mim tá?

Eu caio na gargalhada ao ouvir aquela idiotice de Bernardo. É incrível como ele possui o talento de dar bons conselhos, e falar merda ao mesmo tempo. Francamente.

— Bicha, se manca. —  Rolo os olhos.

*******

Gustavo sai do quarto já vestido. Ele cruza os braços, na altura do peito. Vem andando em nossa direção, encarando a bandeja do café que seria para nós, mas Bernardo acabou devorando o seu queijo quente com tomates e orégano.

Um Hétero na minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora