Um Hétero na minha cama

Capítulo 16 - Conflitos de um novo começo

Os conflitos de um novo começo

Gustavo

Morar de frente para o mar sempre foi um sonho. Todos os dias venho aqui, e me permito gastar dez minutos do meu dia, admirando uma das vistas mais bonitas do Rio; a praia de Ipanema. O céu azul parece se torna um com o mar, que iluminado pelos raios de sol, reflete o brilho nas ondas. As pessoas andam de um lado para o outro. Tiram fotos, praticam esporte e namoram. Casais andam de mãos dadas, e demonstram afeto em público. Nunca imaginei que um dia isso seria um tanto... estranho para mim.

Eu estou apaixonado por um cara. Em toda a minha vida nunca imaginei admitir isso para mim mesmo. Qualquer explicação para tudo isso, parece não ser o suficiente. Antes eu poderia dizer que me conhecia, e tinha certeza do que gostava. Hoje, essa certeza desabou em pedaços, a partir do momento em que fui para cama com outro homem. Duas semanas foram o suficiente para ver tudo virar do avesso. E aquele Gustavo de antes, já não é mais o mesmo.

Alguns meses atrás, eu pegaria na mão da pessoa que estava perdidamente apaixonado. E esse ato nem sequer valeria tanto assim. Agora, demonstrar o que sinto em publico, ainda me soa um pouco estranho. Vergonha. Medo talvez. Não saber como as pessoas a minha volta, vão reagir quando souberem que sou um bissexual, que namora um outro cara. Um outro cara... Isso ainda é muito louco.

Sou tirado dos meus pensamentos, quando sinto o meu celular vibrar no bolso. Bernardo acabou de me seguir no Instagram, e eu fico por alguns minutos pensando. Entro em seu perfil, e lhe envio uma mensagem;

— Eai?

Não demora nem cinco segundos, para Bernadete me responder.

— Já quero deixar claro, que não fico com boy de migo meu. Porque assim... Você é uma delícia, mas é aquilo... amo meu Ti. — Responde, Bernardo.

— Mas é muito vagabunda, né Bernadete? É claro que não quero te cantar... é que ... que eu tô com umas paradas na cabeça. Daí queria conversar – só conversar-. Pode ser?

— Claro. Onde te encontro?

— Aqui em casa mesmo. Vou te enviar a localização pelo WhatsApp.

— Tudo bem. Aguardany.

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Eu ainda não sei o porquê chamei Bernardo aqui. Mas parece que ele é a única pessoa capaz de me entender no momento. Não tenho muitos amigos do meio. Contar para um hétero, que transei com o amigo da minha ex-namorada, e para variar, ainda me apaixonei por ele, talvez não seja uma boa ideia. E Bernardo me parece, a pessoa que vai me ajudar a sair dessa.

Vinte minutos depois, e ele aparece na portaria do meu prédio. Libero sua entrada, e em questão de minutos aqui em está diante de mim. A figura mais engraçada que já pude conhecer na minha vida. Se nossos colegas de turma, presenciasse essa cena sem duvidas eu seria massacrado. Mas quem se importa? Se tem uma coisa que aprendi com tudo isso, é que pessoas importam, independentemente de qualquer coisa.

— Noooossa... Não sabia que você tinha vencido na vida. — Ele entra em meu apartamento, indeciso para qual direção olhar. — Olha... realmente... Tiago tirou a sorte grande. O boy além de gato, ainda é rico.

— Quem disse que sou rico? — Estreito os olhos, cruzando os braços na altura do peito.

— Pra morar em Ipanema e de frente pra o mar, precisa pelo menos ter posses, né meu bem? — Ele coloca uma mexa de cabelo atrás da orelha e se senta, sem esperar que ao menos o convide. — Mas então... você não me chamou aqui pra olhar o mar da sua sacada. Já começa a rasgar, que estou super curiosa, com o convite.