Capítulo 12 - Um quase hétero em minha cama

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UM QUASE HÉTERO NA MINHA CAMA


A claridade invade o meu quarto, me despertando de um sono quase profundo.
Ao me virar, sinto uma perna pesar sob as minhas. Olho para o lado e vejo Gustavo dormindo. Tento me situar, e repasso em minha mente, tudo o que rolou ontem. A ressaca moral bate. Porém com menos intensidade, como das outras vezes.

Aconteceu, e agora eu preciso encarar o fato, de que estou saindo, com o ex-namorado da minha melhor amiga. Ainda não sei a maneira, como vou administrar tudo isso, e contar a Ju toda a verdade. Mas não posso continuar fugindo dessa situação.

Busco por um elástico para amarrar meus cabelos embolados, e me levanto da cama andando em direção a sala. Antes de sair do quarto, paro na porta, e fico observando-o dormir de costa para cima, com a bunda descoberta. Fico ali admirando os contornos de seus ombros largos. Ele se vira remexendo-se. Seus olhos se abrem em uma linha fina. Ele tapa o rosto com as mãos incomodado com a luz do sol. Eu tento disfarçar, me virando para sair.

— Pra onde você está indo? — Sua voz está mais grave, do que o normal e bastante sonolenta, me fazem parar exatamente aonde estava.

— Estava indo para sala. Desculpe, não queria te acordar. — Digo, tentando não encarar diretamente.

— Ah não, volta pra cama. Fica um pouquinho mais aqui comigo. — Ele muda de posição devagar, como se seu corpo pesasse uma tonelada. — Puta que o pariu !!! Que dor de cabeça do caralho.

— Parece que a noite foi boa. Do jeito que apareceu aqui na porta. — Cruzo os braços, encostando na porta. Em um tom irônico, sorrio.

— A noite foi maravilhosa. Inclusive seria interessante, se a gente repetisse tudo de novo. — Ele coloca as mãos por trás da cabeça, com um olhar devasso, e me encara.

— Você não está aguentando se mexer, e está pensando em sexo? — Jogo a cabeça para trás gargalhando. — Cura a sua ressaca primeiro. Depois eu penso no seu caso.

— Ei... Não foge de mim não. Volta aqui. — Ele abre os braços, como se esperasse por um abraço.

Vou andando para o guarda-roupas, onde fica minha caixa de remédios. Preciso encontrar algo que consiga, aliviar a sua ressaca. Mas ao me aproximar, ele tenta me impedir com suas pernas.

— Minha cura é você aqui do meu ladinho. Deita aqui primeiro, e pega o remédio depois.

Ao ouvir aquelas palavras, sinto o meu rosto fervilhar. Não resisto ao seu pedido, e volto para o seu abraço. Seu toque faz meu coração, bater um pouco fora de controle. Acho que estou ficando apaixonado, por esse hétero fake. Encosto minha cabeça em seu peito e ele me envolve em seus braços.

Sua respiração, eriça meu couro cabeludo. Fecho os olhos, e me permito aquele momento. Esvazio minha mente de qualquer pensamento, que me tire daquele toque. Nunca estive tão inteiro, como estou com Gustavo. Não sei aonde tudo isso vai parar. Mas sinto que preciso viver, cada parte disso. Quando acabar, quero olhar para trás, sem me arrepender do que queria ter feito, mas acabei não fazendo. Se tem uma coisa que aprendi, ao me descobrir soropositivo, é que a vida precisa ser vivida. Não importa a maneira, desde que te faça feliz. E neste momento, eu estou feliz. Finalmente.

*****

Estou na cozinha preparando algo para comer, enquanto Gustavo está na cama tentando lidar com a sua ressaca, da melhor maneira possível. Junto com nosso café da manhã, estou levando uma aspirina para amenizar sua dor de cabeça. No caminho para o quarto, me assusto com o toque do meu celular. Coloco a bandeja em cima da mesa, e pego o telefone que está no sofá. Uma ligação perdida da Ju. Sem pensar duas vezes, desligo o aparelho e o deixo na sala.

Um Hétero na minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora