Capítulo 1- Um ano depois

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UM ANO DEPOIS

Dedos quentes me seguram, na altura de minha cintura, se misturando ao calor do corpo. De joelhos, no acento do sofá, me apoio firmemente no encosto. De quatro, tento encontrar o reflexo do seu rosto no espelho. Enquanto me fode, tento girar a cabeça, afim de encarar seus olhos tomados de prazer e desejo.  A cada estocada, ele puxa meus cabelos molhados de suor, envolvendo-os com sua mão esquerda. Quando percebe, minha tentativa de buscar por sua "cara de safado", retira as mãos de minha cintura, colocando-as na altura de meu pescoço. Aproxima meus ouvidos, de sua boca, e sussurra;

   - Rebola para mim, seu puto. Senta no meu pau com vontade. Diz, com a voz rouca, estapeando minha bunda, com sua mão pesada.

Marcos, sabe como me tirar completamente do eixo. Com ele, eu perco o senso e a noção, de um jeito tão louco que, quando me dou conta, estou com a cara amassada na janela, e seu corpo completamente inclinado sobre mim. Não tenho ideia de como fui parar ali.

Brevemente me passa, a possibilidade de um vizinho filmar, e amanhã eu acordar com meu vídeo, nos toptrends no twitter. Mas, basta ele segurar meus braços, me fodendo como se não houvesse amanhã, para tudo isso desaparecer em um instante de minha mente.

À medida que  Marcos mete, vou sentindo vontade de explodir. Seus gemidos misturados aos palavrões, me deixa em chamas. Sinto que logo vai gozar, enchendo toda camisinha. Com isso, pergunto baixinho;

- Já vai gozar? Eu tô quase gozando... só que sozinho. - Digo, me desmanchando.

Sim, quando estou no ápice, e fico muito tempo sem transar, por algum motivo consigo ejacular, sem a necessidade de me tocar. Mais um motivo, para que Marcos pense, que é o "fodão", dessa relação estranha que a gente tem.

Em seguida, responde  com a voz estremecida   gaguejando:

- V... vou... Já estou quase lá.

Fecho os olhos, e em segundos, gozamos juntos.  Ele me agarra, penetrando mais forte. Com as pernas moles - quase bambas -, me abraça. Com isso, sinto o líquido quente escorrendo por minha virilha. Gozei.

-Uau, que transa. - Penso.

Ele vai se desvencilhando devagar, retirando a camisinha de si. Antes de seguir em direção ao banheiro, me dá um beijo na nuca, e eu retribuo o carinho, recostando minha cabeça em seu pescoço, sentindo sua pele negra ferver. Procuro o primeiro espaço do meu sofá, com a intenção de me jogar. Sem forças para existir, procuro por meu celular, que está enfiado em algum canto, do estofado. São quase quatro da manhã, quando olho uma mensagem da Ju em minhas notificações, na tela de bloqueio do celular. Acho estranho, mas ignoro.

Vou até a cozinha, buscar um copo de água e coloco "Cruel summer" de Taylor Swift, para tocar baixinho em meu Macbook. Relaxo um pouco, enquanto ajeito as coisas pela sala. Em seguida, procuro por algum pano para limpar os resíduos de porra, que ficou pelo chão de taco. Logo, sento no sofá e pego novamente meu celular. Mais uma mensagem da Ju.

- O que será? Penso, antes de abrir a mensagem.

  Abro a mensagem.

Ju: Morning, gay. Terminei com o boy.

Envio uma carinha triste. Em seguida repondo. Que chato, miga. Pensei que dessa vez, você fosse parar no altar. O que houve??

Ju: Ele escolheu voltar para o Brasil. Eu resolvi estender meu intercâmbio por aqui. Ah, você sabe o quanto morar aqui é importante para mim. Não queria abrir mão do meu sonho por ele, e nem ele por mim. Com isso preferi terminar.

Em seguida, envio um gif da Grentchen chorando.

Amiga, que ruim tudo isso. Olha... fica bem. Escuto Marcos me chamar, com sua voz grave. Preciso deixar essa conversa para amanhã.

Miga, nos falamos amanhã, quando eu acordar. Estou com um boy aqui. Preciso manter seu legado bem vivo, não é? Rsrsrsrs. Me despeço com uma figurinha nave da Xuxa subindo para o céu.

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Acordo com o som do despertador. Logo desligo, para não acordar meu P.A (pau amigo). Olho para ele, e está dormindo como um anjo. Coisa mais linda. Fico alguns minutos, observando a serenidade existente em seu rosto. Sua boca expressiva, que compõe os traços fortes de seu queixo pontudo. Se não tivesse tão em cima da hora, juro que, me perderia mais uns quarenta minutos, em cada parte desse corpo definido. Só de pensar, meu pênis lateja, de tão excitado. Não conheci ninguém, que tivesse uma cor tão bonita, como a de Marcos. Esse tom avermelhado, quase um jambo, me enlouquece. Moraria nele para sempre. Seria perfeito se não roncasse tanto. Reviro os olhos. Este detalhe trágico, me traz para a realidade novamente, e com isso corro contra o tempo.

Pego meu celular para me certificar se tem alguma mensagem. Logo vou em direção ao meu guarda-roupa, pegar meus antirretrovirais, que ficam escondidos em minha caixinha. O único momento em que lembro ser soropositivo.

Digamos que atualmente, ainda seja mais fácil se enxergar normal, mesmo que eu tenha duas pílulas me esperando todos os dias, juntamente com as vitaminas necessárias. Porém, expor este assunto ainda mexe comigo. A única pessoa com quem consigo me abrir, sobre isso, é a Ju. Ela esteve presente em cada momento doloroso. Choramos juntos. Viemos para o Rio, trazendo este segredo com a gente.

Dentro de mim, as coisas estão melhores, do que há um ano e meio atrás, quando tomei a decisão de morar bem longe dos meus pais. Mas sinto que o mundo ainda não está preparado, para me conhecer soropositivo.

Após tomar toda medicação, lembro que preciso me arrumar para o último dia da semana de Letras na faculdade. Às vezes me pego pensando, porque optei por Biologia no meu primeiro vestibular. Amo estudar Literatura. E hoje tenho um seminário acerca de uma análise crítica da obra de Eça de Queiroz "O crime do padre Amaro". Preciso estar arrumado em dez minutos. 

Largo os remédios em cima da mesa, junto com meu celular e a calça jeans que vou vestir. Amarro meus cabelos e corro para o banheiro. Hoje vai ser impossível perder tempo lavando e desembaraçando todo esse cabelo. Ligo o chuveiro, sem molhá-los   e sigo me ensaboando. Acaricio minha primeira e única tattoo. Espero qualquer dia desses, ter coragem de fazer uma outra. Desta vez sóbrio. Termino o banho rápido, e já saio me secando

Ao sair do banheiro, me deparo com Marcos segurando um de meus medicamentos, completamente paralisado. Neste momento, sinto cada parte do meu corpo congelar. Minha mente cria diversas desculpas, afim de afastar uma possível suspeita da minha real situação. Contudo, a única reação que tenho é caminhar até a mesa no centro da sala, e retirar toda aquela medicação, de perto dele. Ao mesmo tempo, antecedendo minha atitude, ele me impede segurando um de meus braços. Se aproxima de meu rosto, encarando-me com seus olhos esverdeados, meio mel. Um tanto confuso, ou talvez apenas decepcionado, me pergunta:

- Você tem HIV?

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Obrigado, por acompanhar minha estória. Espero tocá-los de alguma forma. Ah! e aguardem os próximos capítulos. <3

Um Hétero na minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora