Capítulo 10 - Amigos

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AMIGOS

  Eu fico por alguns minutos ali parado, o encarando. Meio perdido, sem saber muito como agir, diante de uma situação inesperada. Afinal, não estava planejando uma conversa, com Marcos agora.

— Claro. — Me achego para o lado, abrindo espaço para que ele, possa seguir em direção a sala.

Tento soar o mais natural possível, para que o clima fique menos denso entre nós. A tensão existente, parece nos roubar o ar. Eu puxo uma cadeira, e ofereço para que ele se sente. Logo, sigo em direção ao sofá. O observo enquanto, ele se ajeita na cadeira, parecendo buscar uma espécie de coragem, para iniciar a conversa entre a gente.

— Olha...— Ele se interrompe, limpa a garganta e prossegue. — Me desculpa, pela maneira com que saí, daqui da última vez. Não queria que fosse daquele jeito. Foi um erro meu, ter aproveitado que a porta estava destrancada e entrar, sem ao menos bater. Fui pego de surpresa e não tive...

— Marcos, foi uma situação desconfortável, para você e para mim. Eu queria que soubesse, que não foi nada planejado foi algo que ... simplesmente aconteceu...

— Não precisa se sentir culpado. Nunca tivemos uma relação séria. Ficamos, e era apenas isso. Ou pelo menos o que você queria. — Ele ajeita os cabelos, tentando conter o volume atrás da orelha. Apoia seus braços em seu colo, segurando seu queixo. — E isso sempre ficou claro entre nós. Mas acabei me apaixonando.

  Eu desvio os olhos de si, como se aquelas palavras me causassem um certo incomodo. Me sinto mal de não ter retribuído, ou gostado dele na mesma proporção.

— Marcos, eu sempre tive muito carinho e... muito tesão. — Um sorriso malicioso, se desenha em meu rosto. — Mas não passou disso. Eu queria gostar de você, e retribuir na mesma proporção, o que sente por mim. Mas eu não mando no coração. Parece clichê, eu sei. Mas essa é a verdade. Isso não altera, o ser humano lindo que você foi comigo. E eu vou guardar isso para sempre, dentro de mim. Mas o que tenho para te oferecer não é o suficiente. Não está à altura da pessoa, que você é. E eu preciso ser honesto em dizer isso a você.

— Sim. — Ele confirma com a cabeça, relaxando o corpo. — Amigos? — Sorri.

— Obviamente.

Nos abraçamos, e tudo parece mais leve entre nós. Apesar de inesperada, essa conversa foi libertadora para mim. Não queria feri-lo. Tenho um carinho enorme, por ele. E gostaria de manter, uma relação bacana entre a gente. Porém, algo sólido e verdadeiro. Quero estar de verdade, dando o que de fato posso oferecer.

— Seu pai está bem? — Pergunto.

— Agora está tudo bem. A pressão dele, estava muito elevada, e precisei leva-lo ao médico. O celular descarregou e não consegui contato. Eu não queria que pensasse que foi proposital... — Ele tenta voltar ao assunto, mas eu o interrompo.

— Relaxa. Já passou. Agora, somos mais que amigos, friends. — Solto um sorriso, e o abraço novamente. Um pouco mais demorado, desta vez.

— Eu preciso ir. Tenho que ajudar meus pais, na nossa loja. Mas, se precisar de alguma coisa, mande mensagem. Não temos mais nada, mas estarei sempre aqui do seu lado. — Um sorriso se abre em seu rosto. Seus olhos brilham, ao me encarar. Nos despedimos e ele se vai.

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Finalmente consigo analisar os manuscritos, trazidos da empresa. Mergulho naquelas estórias, e não vejo a hora passar. Faço algumas anotações, para mostrar ao meu chefe na próxima semana. E sigo em meu trabalho de separar, os finalizados dos que ainda precisam ser lidos.

  Sou tirado de meus afazeres, ao notar as notificações chegando na tela de meu celular. Quando verifico quem está me enchendo de mensagens, meu corpo paralisa. Uma aflição me toma por inteiro, vendo o nome da Ju nas notificações. Respiro fundo, soltando o ar levemente. Crio coragem e abro as suas mensagens.

Ju : Bicha a senhora sumiu. A chuva de rola deve tá babado. Me sentindo abandonada. Não atende minhas chamadas, não me responde mais... Tá boa, travesti?

Por um minuto esqueço, da tensão que é falar com ela, e morro de rir com a forma com que essa louca, se dirige a mim.

Oi, gata. Tô boa, e com saudades da senhora. Ando meio ocupado, com os trampos da faculdade. Ainda tem os milhões de manuscrito, para entregar no estágio. A vida anda uma loucura. Quisera eu, que todos os meus problemas, se resumisse em chuva de pau. — Eu tento soar, o mais natural possível.

Ju: E nessa correria toda tem tempo pra foder? Aliás como anda o boy?

Lê aquela mensagem, me dá um certo desconforto. Eu estou tentando, mas não consigo agir, de modo normal com ela. Passo as mãos nas têmporas, encarando o celular, e respondo;

Amada, a senhora acha que a minha vida se resume em boy? Eu tenho mais o que fazer. — Noto que fui um pouco rude, ao falar daquela maneira com a Ju. E isso, só mostra a boa bosta que eu sou.

Ju: Querida, calma. Foi apenas uma pergunta. Não precisa me arrasar, amore. Tem certeza que está tudo bem?

Miga, me desculpa. Eu estou um pouco estressado com as coisas do estágio, e acabei descontando em você. Mas fora isso, está tudo bem.

Ju: PERDOADA. Mas é só dessa vez, bitch.

Solto um sorriso, e reviro os olhos ao lê aquela mensagem. Em seguida, ela me envia uma figura da Katy Perry e Taylor Swift abraçadas. E eu comento um "kkkk".

Ju: E falando nisso... Eu tô pra te perguntar um babado, mas sempre esqueço... A senhora me enviou uma foto do bonitão no bar, há uns dias atrás. Ele estava com alguém lá?

Eu sinto meu rosto fervilhar, quando leio aquilo. Fico alguns minutos formulando a resposta em minha mente. A campainha começa a tocar sem parar, no instante em que estou escrevendo a mensagem. Deixo o celular de lado, e sigo para atender. Não satisfeita, a pessoa começa a socar a porta, e isso me assusta.

Paro no meio do caminho, e penso se é uma boa ideia abrir. Olho pelo olho mágico, para me certificar, quem estaria quase derrubando minha porta aquela hora.

O ar parece sumir, quando enxergo um homem encostado nos umbrais, como se fosse cair a qualquer momento. Quando abro, e me deparo com Gustavo completamente bêbado, tomado por um cheiro de álcool absurdo, fico estarrecido. Não esprava que ele fosse me procurar. Principalmente, depois do que rolou no nosso último encontro.

Ele me olha, e abre um sorriso. Mesmo parecendo estar próximo de um coma alcóolico, seus olhos carregam um brilho diferente ao me enxergar.

— Eu estava aqui na Lapa bebendo com alguns amigos, e acabei... passando um pouco do ponto. Daí lembrei da promessa, que você fez, de cuidar de mim se caso ficasse bêbado. Aqui estou; bêbado e fodido. Precisando de você. Eu quero dormir aqui. — Sua voz parece embolada, mas mesmo caindo pelas tabelas, ele não perde a sua ousadia.





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Lindezas, não sei se vocês sabem, mas publiquei uma nova estória. Por enquanto só liberei os personagens, e uma cartinha explicando como será meu próximo livro. Vão lá conferir, votar e comentar. A opinião de vocês é super válida. Ah! Continuem ligados aqui, e aguardem os próximos capítulos. Obrigado, pelos votos e comentários. Vocês são FODAS. ❤️❤️❤️❤️❤️

Um Hétero na minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora