Capítulo 17- Jogado ao seus pés.

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Jogado ao seus pés

Thiago

Eu nunca pensei que ficaria tão ansioso para sair com alguém. Mesmo sendo esse alguém, o cara que estou saindo fazem semanas. Talvez seja o fato de ter decidido me abrir, e contar toda verdade em relação a minha sorologia, e procurar Julaila e conversar sobre estar ficando com seu ex-namorado. Apesar de estar tudo tão confuso, ainda consigo ter uma ponta de esperança de que as coisas irão se resolver.

Já é a décima vez que me olho no espelho, e alinho meus cabelos. O relógio parece estar devagar demais, ou Marcos está mais uma vez atrasado. Esperar por ele me consome por dentro, ando de um lado para o outro, atento a qualquer barulho de notificação vindo do meu celular.
Vinte minutos depois, e já consigo escutar a buzina tocando incansavelmente. Leva segundos para a mensagem anunciar sua chegada. Pego minha pochete, confiro os pertences e desço do apartamento.

Marcos está de regata e bermuda, encostado no capô do carro me esperando sair do prédio. Apesar de simples, ainda consegue chamar bastante atenção. Ele é o tipo do cara, que faz sucesso aonde chega. Seu corpo definido, sua cor avermelhada faz qualquer um olhar. Mesmo quando parece desleixado.

— Pensei que fosse aparecer pra festa de amanhã. — Digo, ironicamente.— Marcamos às dez, e já são quase onze, e nada de você aparecer.

— O importando é que estou aqui. — Ele abre os braços, pedindo um abraço.

Eu retribuo, revirando os olhos. Por mais que eu saiba o quanto Marcos é descomprometido com horários, não consigo deixar de ficar puto. Sempre que marcamos algo, ele atrasa.

— Vamos logo, que com certeza Gustavo e Bernardo já estão lá na frente da boate esperando a gente.

— ok ok ... — Diz ele rolando os olhos.

**********

Gustavo

Quase uma hora esperando ele aparecer. Bernardo já tomou umas quinze caipirinhas do meu lado, com a desculpa de que não passa de um "esquenta", para já chegar "arrasando" quando entrar na boate. Essa energia um tanto descontrolada de Bernardo, as vezes me cansa um pouco. Quando penso que estou acostumado, ele vem com uma nova.

A demora me enlouquece, e eu decido embarcar na onda de meu amigo e beber uma caipirinha, enquanto Thiago não chega. O medo de ser visto na frente de uma boate GLS, aliada à espera, me revira o estômago. A vontade conhecer o ambiente e querer fugir dali, brigam dentro de mim. Confesso não estar totalmente confortável com a situação.

Quando tento não pensar, involuntariamente, Thiago aparece em meus pensamentos, me deixando ainda mais fora de mim. Faz quase vinte quatro horas, que não nos vemos pessoalmente. Estranhamente não trocamos mensagens, desde a hora que saí de sua casa. Já repassei mentalmente tudo que quero falar para ele. Pontuei as partes mais importantes, o grande problema é que estou um tanto inseguro de me abrir. Nessas horas, que olho para o lado e vejo Bernardo. Reconheço o quanto ele me encoraja a seguir em frente com a decisão de conversar com Thiago. Talvez ele nem imagina o quanto nossa conversa foi crucial para que as coisas começassem a clarear dentro de mim. Apesar desse jeito "alegre", ele é um cara legal.

***

Ao visualizar Thiago atravessando a rua, meu coração dispara. Olhá-lo me desperta sensações diversas. Era para ser estranho, mas não é. Me sinto inteiro, quando olho para o lado e o vejo. Arrisco dizer que paixão eu estou sentindo agora. Antes era qualquer coisa imatura e distante do que realmente era. Hoje eu vejo esse rapaz alto, de cabelos cumpridos, vestindo uma blusa da Lady Gaga e enxergo a pessoa ideal, apesar de sermos tão diferente. O brilhos dos seus olhos, me tira do eixo. Eu faria loucuras. Estar aqui é uma delas. Cogitar a possibilidade de ser visto por alguém do meu batalhão, aumenta mais o nervosismo. Só quero entrar logo.

Um Hétero na minha camaOnde histórias criam vida. Descubra agora