Um Hétero na minha cama

Capítulo 18- Pede o mundo que eu te dou.

PEDE O MUNDO QUE EU TE DOU

GUSTAVO

Os flashes me atrapalham de enxergar a multidão de gays, que nesse momento aguardam pelo que farei. O Dj resolve me ajudar colocando " What is love?" De Jaymes Young, para tocar de fundo. Me viro e sinalizo para ele com os olhos, em sinal de agradecimento. Em seguida encaro a platéia, solto o ar levemente, segurando o microfone com as mãos trêmulas. Bato três vezes para testar o som, e as primeiras palavras saem como um sussurro.

— Eu tenho umas coisas para dizer. — Aumento o tom de voz, para que todos prestem atenção no que vou dizer, inclusive Thiago— Para esse rapaz de cabelos amarrados em um coque, com a blusa da Lady Gaga. — Sorrio. — Não sei quando tudo começou. Ou... à partir de quando eu me apaixonei pelo cara sensível e intenso, que está na plateia me encarando com olhos assustados.
Não sei quando não consegui mais viver sem sua risada espontânea, ou sem seu cheiro no meu corpo. Tudo aconteceu de uma forma louca e inexplicável. Quando vi, nada era mais importante do que poder gastar o dia da minha folga deitado do seu lado. De repente, minha cabeça só pensava nele. Meus planos não tinham a mesma cor, se não tivesse você, dentro dele. Me vi confuso, e quis sumir. Não sabia como lidar com a tempestade de sentimentos que me consumia por dentro. Precisava me entender. E entendi. Entendi que sem você, nada faz muito sentido. E não importa o que precise enfrentar, só para ter suas mãos entrelaçadas nas minhas. Seja o que for, eu farei só para gastar o resto da minha vida do seu lado. Eu te amo. Te amo hoje e até o fim de tudo. E gostaria de saber se você aceita a namorar comigo?

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THIAGO

Nada fez muito sentido para mim naquele momento. Eu estava meio bêbado e cansado, mas o que estava diante dos meus olhos era real. Ele estava no palco do Dj se declarando para mim. Eu não consigo absorver todo o ambiente ao meu redor. Meus olhos só enxergam o rapaz tímido, me pedindo em namoro, na frente de uma boate entupida de gente. O rapaz que eu quero hoje e sempre. O homem que tem dado sentido e forma para vida tão amarga que vivia antes de conhecê-lo.
Antes dele, pensava que minha vinda para a cidade maravilhosa, era simplesmente um ato de amor por mim mesmo. A fuga, a pseudo sensação de algo novo e surpreendente, que me esperava muito distante do caos que eu vivia. Até Gustavo aparecer e fazer a felicidade, antes imaginada, ser real.

Ele se tornou tudo que eu queria para mim, antes de não querer mais ninguém. Eu confiei meu coração a alguém incerto, e isso me custou a felicidade de estar do lado do homem da minha vida. Eu não penso muito para dar a resposta. Eu grito. Um grito do fundo, que diz muito o que estou sentindo no momento.
Certeza de que Gustavo me completaria até o fim desta vida. Abri os braços, tomado por lágrimas que molhavam meu rosto, se misturando ao sorriso feliz e espontâneo que transparecia toda alegria que não cabia mais em mim.
Eu fui em sua direção. Subi naquele palco com um pouco de dificuldade, e beijei seus lábios. A resposta mais adequada para aquele momento. Nos beijamos sedentos um pelo outro. As palmas, assobios e gritos, de pessoas desconhecidas que vibravam junto com o nosso amor, serviu de trilha sonora para aquela cena. Seus braços me envolviam em um enlace forte, na altura de minha cintura. Eu segurava em sua nuca, acariciando seus cabelos. Nossas línguas se misturavam dentro de nossas bocas. Sincero e intenso, em cada movimento. Até que uma mão nos puxa para realidade, nos afastando um do outro.

— Gente CHEGA. Chega dessa pegação aqui e em público.— Bernardo entra no meio de nós dois, empurrando Gustavo para descer. — Já fez o show. Agora guarda a esfregação pra quando chegar em casa, meus amores.

Eu começo a rir, achando muita graça de tudo aquilo.

Marcos reaparece agarrado a um rapaz negro, de cabeça raspada e uma barba imensa. Ele solta as mãos do rapaz e vem em nossa direção, nos abraçando e celebrando o pedido de namoro. Ficamos ali, curtindo o momento. Dançando e bebendo, como se não houvesse o outro dia nos aguardando.