Três semanas depois.
Aquela música é arrebatadora. Ela faz do meu corpo moradia, e tudo fica bom. O momento, os olhares, aqueles leves toques quentes que a multidão transfere, endoidecendo todo mundo. Dentro disso, eu não quis ser a causa de alguém perder o controle, muito menos quis ser persuadida.
Noah desce do palco, os dedos tocando com sutilidade as duras cordas da guitarra. Ele continua relaxando os ombros enquanto entra naquele mar de pessoas, sendo ondulado pelas garotas. Todas querem dá-lo alguma coisa, e esse fato me faz ainda mais cautelosa, embora eu quisesse confiar nele. Apesar da minha autoproteção, eu ando muito mais pacífica agora do que quando a música ainda se alargava pelo pub.
Meus olhos furtam um pequeno instante de insolência. Fico em choque, imediatamente cativada pelo momento. O coração dói e dispara no peito, abrindo minha visão com clareza. Ele traz a cabeça para frente, aproximando o ouvido da boca de uma outra garota, os cabelos dela caem nas costas, chegando à cintura. Ela é linda, a pele amarronzada e quase desnuda.
Então, Noah balança a cabeça e puxa uma caneta do bolso, agarrando a tampa com os dentes rangendo sobre esta. Seu passo em falso o faz ficar um pouco mais curvado para frente, até a mão ir de encontro ao grande decote que ela tem, brilhando como um olhar entusiasmado.
Com cautela, ele escreve seu nome e ri, depois conserta a capa de sua guitarra nas costas, passando a correia pelo tórax, com a caneta afundada no bolso, a essa altura.
A garota abana a mão no ar, dona de um sorriso cruel e bastante cativante.
Cuidadosamente, removo o suor que escapa pelas têmporas, passando a ponta dos dedos em junção aos olhos, até enxugá-los de todo aquele momento de aflição.
Ele sorri largamente quando me capta, do outro lado do pub, sozinha e com os braços circundando o próprio corpo. Estava tudo quente, mas fico gelada com tanta pressa que minhas pernas tremem com sua chegada.
Meu rosto está inflando com aquela tonalidade vermelha. É um misto de sentimentos ruins remoendo a boca do estômago. A ânsia ameaça se desfazer à cabeça da garganta, retornando por todo a caminho que traçou até chegar nela.
— O que achou, loira? — Noah beija a palma da minha mão depois de alisá-la carinhosamente. Meu coração está incendiado e uma grande chama derrete toda a frieza que fez de mim uma geleira ambulante, de pé e com a cara morna.
— Você está sempre incrível lá em cima! — junto os ombros para cima. Ele lê os meus sinais, aqueles que dão impulso às variáveis sensações que correm à solta pelo meu corpo — Tem muitas admiradoras. — meu sorriso é amarelo e esmaga o rosto com um ar visível de fingimento.
— Está com ciúmes? — ele ri as minhas custas, balança a cabeça de um lado para o outro. Os movimentos são contínuos — Fica fria.
— Eu 'tô. — deslizo os dedos pelos braços, até afastar as mãos do meu corpo em combustão, prestes a incendiar o mundo aqui fora — Acho que vou para casa.
— Não precisa fazer isso, Sina. — sacode sua pequena madeixa escura suada e com um bom cheiro de shampoo — Por que está agindo assim?
— Ela é muito mais bonita do que eu. — depois de trocarmos dois tipos de olhares, eu desvio o meu até a saída infestada de pessoas, umas mais loucas do que outras.
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Genesis - Noart
Hayran Kurgu[CONCLUÍDA] Desde o início, Noah precisou se virar sozinho, utilizando o lado gelado de sua personalidade a seu completo favor. Guitarrista de uma banda montada por alguns amigos de infância, ele não tinha o dom maquiavélico de uma pessoa ruim, poré...