Proximidade é uma questão relativa

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Chaeyoung parecia ter muitas coisas para dizer mas com um suspiro preferiu o silêncio. Lisa também queria falar algo que soasse natural, sem ter que dar explicações ou desculpas para algo que não sabia como começar sem que se perdesse em um monólogo desenfreado. No fim, agradeceu mentalmente a princesa, por ter interrompido o provável beijo que daria em Jennie.

Pensando um pouco melhor, poderia ser um abraço ou um beijo na testa, não necessariamente daria um beijo na boca da Kim.

Aliás, precisava tirar todo o resquício dela da sua cabeça, mesmo que parecesse impossível, já que havia decidido passar o dia com Chaeyoung. Elas poderiam ir ao shopping comer sorvete pseudo-caseiro, então, quem sabe, ver um filme nada interessante no cinema onde só falariam mal dos atores. Quando anoitecesse, Lisa, com uma nova chance em mãos deixaria Chaeyoung na porta do hotel. Já que convidá-la para dormir na sua casa poderia ter outro sentido graças ao passado complicado.

Obrigou-se a voltar para a cafeteria com Chaeyoung.

A princesa sentou-se no lugar onde Jennie estava e o ombro dela resvalava no seu, porque antes aproximou a cadeira de propósito, mas agora com ela sentada ali, seria rude demais se afastar.

Encarou a torta fria com uma sobrancelha arqueada, desafiando o pedaço de carne seca e massa a contrariar sua decisão, e começou a comer devagar, fazendo careta da primeira à última garfada enquanto Chaeyoung gastava o tempo que lhe restava mexendo no celular.

Com um pulo, ela colocou a mão na boca, contendo um sorriso arteiro.

— Quo fou? — Lisa perguntou de boca cheia.

— Chaeyoung está aqui! — Sorriu, os olhinhos formavam um arco, quase amassados pelas bochechas.

— Sim, Chaeyoung, você está do meu lado. Quando passou a se chamar na terceira pessoa?

— Não, não eu! Ela! — A integrante daquele girlgroup famoso tinha acabado de postar uma foto no Instagram. Chaeyoung recolheu o aparelho, as unhas enfeitadas por pedrinhas começaram a trabalhar freneticamente, digitando.

Lisa levantou uma sobrancelha.

— Em Bangkok?

— Onde mais seria? — Chaeyoung repousou o celular na mesa. — Pronto, chamei ela para nos encontrar. Ela é tão legal e divertida, e vocês têm muito em comum!

— Tipo...?

— Tipo, o quê?

— Tipo o que eu e uma integrante do Twice temos em comum?

Chaeyoung pensou por alguns segundos até levantar um dedinho, animada:

— Vocês já foram para Paris!

Lisa maneou a cabeça em descrença.

— Olha... porque não voltamos a programação antiga, ein? E... e vocês duas têm nomes iguais, se eu acabar confundindo?

— Não seria difícil isso acontecer. — Chaeyoung acenou para um garçom a fim de fechar a conta. Se levantou, desamassando o vestido como se o tempo fosse um dos seus servos. — Você é expert em trocar pessoas, Lalisa.




O relógio de um dos arranha céus indicavam ser três horas em ponto. Aquele período do dia muito tarde para almoçar — a menos que seja domingo — e muito cedo para sentir fome, onde todo mundo boceja e quando pisca já são cinco horas.

Armário provavelmente estava dormindo no carro, pensando em Lisa felicíssima com o cardápio de tortas da cafeteria, quando na verdade, ela saiu pelos fundos com Chaeyoung e pediram um táxi.

Um acordo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora