If I love you, I'll hurt you?

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Aprisionado em um quarto de hotel apenas com a companhia de um rádio velho, Donghyuck era embebedado pela voz melodiosa de Doris Day enquanto repousava sobre o chão. O rabo ia da esquerda para direita calmamente, seguindo o ritmo doce de It's Magic.

Os gritos do outro lado não o incomodavam, estava ocupado demais lembrando-se da sensação esquisita que havia sentido na noite passada enquanto ensaiava com Mark.

Uma vez havia ouvido Kun falar sobre amor, mas não sabia bem se era exatamente o que sentia. Os chifres ainda piscavam em rosa vez ou outra quando este se lembrava da maciez e do sorriso bonito dos lábios de Minhyung. Talvez fosse amor.

A calmaria e paixão do jazz havia dado lugar à figura curiosa dos artistas do circo, Quatro, Diva, Poppy e Mark haviam adentrado ao local sem serem convidados, causando estranhamento ao mais novo.

Demorou bem mais do que alguns segundos para que alguém resolvesse abrir a boca, mas depois de ouvir a voz anasalada de Poppy, Donghyuck ansiou ardentemente que esta permanece calada.

— Eu disse Diva, eu vi ele beijando o Mark... Por que vocês não acreditam hein?

Donghyuck sentiu-se envergonhado, vendo a garota mais velha soltar um riso de desprezo enquanto o observava fixamente. Mark por outro lado parecia desacreditado, escondia-se atrás da musculosa Poppy sem encarar o amigo.

— Pela cara dele é verdade... — Diva cochichou, rindo novamente enquanto procurava os olhos de Mark — Ele não gosta de você garoto... Fique longe do Mark, você é nojento.

Aquilo havia atingindo-o com força, Donghyuck podia sentir seu coração doer enquanto as lágrimas quentes escorriam por suas bochechas. Sentia-se assim, não devido ao desprezo de Diva, e sim à cara de assustado estampada no rosto de Mark.

Havia feito algo de errado com o amigo? Era ruim ter demostrado que o amava? Aquilo fazia dele alguém ruim?

— Agora está chorando?! Devia se envergonhar de ter encostado esses seus lábios sujos na boca dele... — Diva continuo, destilando todo ódio acumulado que havia em si.

— Pare... — Quatro interferira aos cochichos, puxando uma das mãos da menina.

— Está bem, vamos embora... Vamos deixa-lo refletindo sobre o quão asqueroso ele é por ter se aproveitado do Mark.

Diva estava a ponto de levar Mark embora, quando Donghyuck levantou-se do chão, puxando-o de volta para perto de si.

— Você está machucado? Doí muito aí? — Donghyuck apontara para o coração do outro Lee enquanto balbuciava com sua voz emaranhada, causando estranhamento no resto do grupo.

— O-o quê? — Mark estranhara, levemente assustado com a postura do monstrinho.

— Me desculpa..e-eu não sabia. — o choro escorrendo deixava o rosto de Haechan ensopado.

— Deixe ele em paz aberração... — Diva puxara o outro Lee novamente, impedindo que o diálogo continuasse.

Poppy empurrara o mais novo para dentro do quarto, vendo que Simon se aproximava. Agora Donghyuck estava sozinho novamente, na companhia do rádio velho, o qual, como se adivinhasse os sentimentos do companheiro, tocava Frank Sinatra em I’ll Never Smile Again.

Donghyuck gritou, deixando suas emoções fluírem. Os chifres piscavam, pois ele também sentia raiva. Não gostava daquela situação, não gostava de não entender o que havia feito de ruim, e muito menos gostava da ideia de ter feito Mark sofrer por mais uma vez.

O monstrinho desabou no tapete felpudo da sala que lhe foi concedido para que dormisse, deixando suas lágrimas fluírem como uma cachoeira.
Havia entendido que amar Mark o machucava, mas ele não fazia ideia de como parar de fazer aquilo.

Haechan não fazia ideia de quanto tempo havia passado chorando, mas acreditava que já havia ouvido mais do que 7 músicas diferentes, até que finalmente deixasse os sentimentos de lado para encarar o exterior pela janela. Havia alguém o observando.

Na primeira vez que botara a cabeça perto do vidro não conseguira observar ninguém, e isso foi repetido nas duas vezes seguintes até que o pegasse no flagra. Era Simon.

— O que? — esfregando os olhos inchados, Donghyuck o encarava com estranhamento. Por que ele estava sorrindo?

Haechan encarava o outro esboçando seu sorriso gengival, não fazia ideia do que o homem queria e muito menos porque se sentia tão à vontade perto de si quando costumava sentir justamente o contrário.

Simon então começou a passar um papel pelo vão da janela, causando um espanto ainda maior no pequeno garoto que chegou a se esquivar por um momento. Entretanto, mesmo que estivesse hesitante, movido pela curiosidade, Donghyuck acabou por pegar o papelzinho para si.

“ Olá Donghyuck, imagino que não se lembre de mim, mas eu me lembro muito bem de você. Preciso que confie em mim e que mantenha meu segredo.

Não sou o Simon embora sejamos iguais, me chamo Doyoung e sou irmão gêmeo dele. Estive te procurando por todo esse tempo, para te devolver a sua família, mas por hora preciso que me ajude com algo.

Estou seguindo vocês, precisamos resgatar Mark, a família e os amigos dele precisam dele de volta. Será que você pode me ajudar? “

Donghyuck não sabia ler bem, embora tivesse facilidade em aprender coisas novas, mesmo que Kun se esforçasse a ensina-lo, não havia muito tempo em que o monstrinho poderia ser contatado pelos outros. Mas o pouco que sabia fora suficiente para que o plano de Doyoung entrasse em ação. Com um assentir de rosto, Donghyuck mostrou-se disposto a colaborar.

Quando o homem deu tchau para si, Haechan sentiu-se estranho. Será que aquele não era Simon o provocando? Por mais desconfiado que estivesse, não deixou de esconder o papelzinho dentro do bolso da calça quando notou que havia alguém adentrando em seu quarto.

— E-eu trouxe seu almoço...
Haechan estava assustado, não entendia por que Mark estava ali com seu prato de comida quando sempre era Kun o encarregado, e único disposto, a fazer aquilo.

— Cadê o Kun? — Donghyuck estranhou ainda um pouco envergonhado com suas próprias atitudes.

— Eu pedi a ele para que me deixasse te entregar isso... — Mark esclareceu, colocando o prato do garoto no chão — Assim poderia te dizer uma coisa...

— E o que é...?

— Que não doeu Hae, não doeu nem um pouquinho...

𝙲𝚒𝚛𝚌𝚞𝚜 𝙼𝚘𝚗𝚜𝚝𝚎𝚛 - 𝙼𝚊𝚛𝚔𝚑𝚢𝚞𝚌𝚔Onde histórias criam vida. Descubra agora