About us, without you

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John havia acordado assustado com um sobressalto em seu coração. Havia sido desperto não só pelos gritos lá fora, como também pelo sonho vívido que acabara de ter.

Havia sonhado com Mark, o corpo desfigurado o atormentava até hoje. No entanto, de alguma forma sentia que aquele não era seu irmão.

 Talvez fosse motivado pela péssima investigação da polícia dedicada ao caso, ou talvez fosse incapaz de aceitar que seu irmãozinho estava morto.
Jaehyun deixou de olhar a janela para encarar o namorado, viu a cara de assustado do Seo e decidiu se aproximar de si para verificar se ele estava bem.

— O que houve querido? Os garotos na rua te assustaram?

John prontamente fez que sim, queria evitar falar do sonho. Jaehyun não gostava quando o outro descreditava a polícia, até porque seu pai era parte desta. Ainda cansado, Johnny ergueu seu corpo e foi em direção a janela, para que, assim como Jaehyun, pudesse encarar a janela.

A visão de Yukhei e alguns outros garotos afugentando um menino mais baixo encheu seus olhos e trouxe ao Seo raiva e decepção. Desde que Mark sumira, Yukhei havia mudado da água pro vinho. O garoto tinha novos amigos e novos comportamentos nem um pouco parecidos com o que costumava ter.

Jaehyun acompanhou com os olhos o mais velho rumando até a porta, já imaginava o que o outro faria, assim que este puxou com fúria a maçaneta.

— YUKHEI! — o americano bradou em fúria, chamando atenção do Wong do outro lado da rua.

Lucas e o Seo trocaram olhares até que o resto dos garotos, inclusive aquele que afugentavam, saíssem em disparada rua abaixo. O adolescente limpou a boca suja de sangue com a barra da camisa e cruzou a rua, indo em direção à casa que costumava frequentar todas as manhãs.

Frente a frente com John, Xuxi se viu envergonhado. Não queria que o Seo presenciasse aquela cena, até porque o mais velho sempre parecia preocupado com seu bem estar, às vezes bem mais do que seus próprios pais. Na falta de Mark, John tratava-o como um irmão mais novo.

— O que eu já te disse sobre bater nos mais fracos? — John disse aquilo seriamente, mas para Yukhei, o mais velho parecia trata-lo como uma criança que não sabe controlar a raiva e não como a adolescente problema que havia se tornado após a sequência de fatores terríveis que haviam afetado sua vida.

— Que é errado e desumano... — Yukhei repetiu, fitava o chão arrependido — Mas...ele disse...di-...— o chinês fez que ia falar, mas ao notar a presença do Jung simplesmente sentiu sua garganta travar.

— Disse o que Yukhei? Eu quero saber... — Johnny insistiu, seu tom era firme e seu olhar queimava.

— Ele disse que o Mark ele...era... — Yukhei sentia-se mal, segurava o choro.
O mais novo então ficou de cabeça baixa, fugia dos olhos de John. Não queria ser julgado. 

— Yukhei...vem aqui. — John tomou-o em um abraço afagando seus cabelos — Vai ficar tudo bem. Mark não gostaria de te ver assim, vai pra escola e quando voltar tenho algo pra te dar.

Yukhei sorriu fraco, soltava-se dos braços de John. O irmão do Lee não sabia, mas o Wong se culpava por Mark ter “morrido”. Desconfiava que Simon havia dado um fim nele e não estava errado de todo modo, afinal de contas, como Yukhei, Mark havia se transformado em outro alguém.

XXX

Com sua mãe acamada e o padrasto a anos trabalhando no exterior, John se via obrigado a trabalhar ainda mais. Havia se tornado jornalista no jornal onde costumava estagiar com Jaehyun. Estava a par de todas as informações sobre a cidade. As únicas coisas que não sabia era quem era o responsável por ter tirado a vida de seu irmão, e como diversas pessoas haviam desaparecido da cidade sem deixar qualquer rastro.

O primeiro a desaparecer fora Taeil, antes mesmo do corpo de Mark ter sido encontrado. Fato que gerou total desconfiança da parte do Seo, já que, obviamente o ex-palhaço era o principal suspeito. A polícia, pela primeira vez, havia descartado o Moon como suspeito rapidamente, como se já soubessem antes mesmo do assassinato acontecer que Taeil não tinha nada a ver com aquilo.

Depois dele foram os Zhongs, ainda no meio da investigação do desaparecimento. Não avisaram a vizinhos ou amigos, apenas deixaram a cidade em uma noite, como se estivessem fugindo de algo ou alguém.

E por final, Kim Doyoung. O famoso detetive não era mais visto na cidade a muito tempo e não chegara nem sequer a receber pelos casos que investigara. Sem família na cidade, ninguém parecia preocupado com seu sumiço repentino.

De alguma forma, lá dentro de si, John acreditava que suas duas grandes dúvidas estavam interligadas. Mesmo que não gostasse da ideia, uma vez que Chenle costumava ser bom amigo do Lee mais novo, acreditava que os Zhongs sabiam de alguma coisa que não poderiam contar. E foi investigando isso que John havia chegado em um fator óbvio, que havia estupidamente decidido ignorar: Simon's Circus.

Quando contara a Jaehyun sobre suas suspeitas pela primeira vez, tudo que ouviu fora que este estava delirando e que deveria esquecer e parar de se culpar pela morte do irmão. Mas John não se esqueceria, e repetiria os momentos que antecederam o desaparecimento do menor quantas vezes fosse necessário até que pudesse finalmente juntar as peças em sua cabeça, até que descobrisse quem era o responsável por impedir que o irmão tivesse o futuro brilhante que merecia.

Não era só John que possuía tal ponto de vista. O pensamento de que os Zhongs e o Simon's Circus estavam interligados também era alimentado na mente de Na Jaemin, e por interferência deste, no restante do grupo de amigos. Os garotos não podiam fazer muito, a polícia já estava cheia de ouvi-los falando que Mark havia sido morto por um homem chamado Simon, de modo que os garotos já estavam proibidos de visitar a delegacia da cidade.

Todos estavam destruídos por dentro, perturbados com a ideia de que Mark havia sido levado junto com sua doçura e alegria para longe. Queriam que o homem pagasse pelo que havia feito, mesmo que suas hipóteses fossem descreditadas, mesmo que acreditassem que possuíam certa parcela de culpa.

Porque sem Mark, Yukhei não tinha com quem contar piadas bobas e sentir o vento bater no rosto quando andavam de bicicleta na volta pra casa; Renjun não tinha com quem contar as estrelas do céu e assistir os filmes que ninguém gostava; Jeno não tinha com quem desabafar e brincar de lutinha; Jisung não tinha alguém para o aconselhar e faze-lo sorrir, Jaemin não tinha a oportunidade de conhecer melhor um dos garotos mais doces que já havia visto e Johnny, Johnny não tinha uma parte de si.

Porque sem Mark, Yukhei estava perdido, Renjun estava amargo, Jeno sentia-se vazio, Jisung estava solitário, Jaemin estava ansioso e Johnny sentia-se culpado.

Mas não mais do que Zhong Chenle.

XXX

Naquele dia de trabalho, logo após ter conversado com Yukhei e ter tido aquele tipo de sonho, era natural que os pensamentos de John estivessem girando em torno no canadense.

A pilha de papéis acumulava na mesa de Seo enquanto este fitava um ponto fixo no teto, curvando a cadeira da escrivaninha para trás. Já estava exausto de correr em círculos e não descobrir nada a respeito do Circo, quando o único que poderia dar detalhes para si havia desaparecido. A cabeça de John explodiria a qualquer momento.

— Que tal se você começasse a trabalhar ahn? Não te contratei para ficar refletindo sobre a vida Seo.

John recobrou a postura após ser intimidado por seu chefe. Esticou os braços e fez que ia começar a datilografar os textos, mas foi interrompido pelo próprio.

— Chegou carta pra você... — o homem estendeu um envelope na frente de John, deixando-o confuso.

John empurrou os óculos pra trás, observando o envelope com cuidado. O remetente era do EUA mas John demorou a associar o nome Kim Dongyoung à figura do detetive. Estranhou ainda mais, mas se apressou em abri-la.

“ Eu o encontrei. Mark está bem (...) ”

𝙲𝚒𝚛𝚌𝚞𝚜 𝙼𝚘𝚗𝚜𝚝𝚎𝚛 - 𝙼𝚊𝚛𝚔𝚑𝚢𝚞𝚌𝚔Onde histórias criam vida. Descubra agora