CAPÍTULO 11

949 161 38
                                    

A minha noite, obviamente, foi muito longa. Digo, é supertranquilo ter um pai bêbado que te espanca, ser apaixonado por um cara que te troca por outra e ainda estar brigado com seu melhor amigo. Eu até mesmo tenho medo de me perguntar se tudo isso ainda pode piorar, pois tenho certeza de que serei o próximo paciente de uma clínica psiquiatra, caso isso aconteça. Mas mesmo com toda essa turbulência dentro da minha cabeça, levanto da cama repetindo para mim mesmo que isso é apenas uma fase estúpida e que minha vida tranquila logo voltará ao normal. É seguindo esse pensamento que decido começar a colocar as coisas em ordem novamente.

Quando chego a escola, ainda cedo, me planto no meio do estacionamento, com os olhos atentos para todos os lados. O lugar ainda está pouco movimento, mas mesmo assim, procuro por Alex em todos os lugares. Ele só chega alguns minutos depois e parece se dar conta da minha presença assim que desce do carro da sua mãe, que acena alegremente para mim enquanto começo a me aproximar. Retribuo o gesto, sem deixar de notar quando meu amigo acelera o passo, tentando manter certa distância entre nós dois, mas não desisto, corro até alcançá-lo e então começo a caminhar o seu lado, acompanhando seus passos rápidos.

- Quando você vai me desculpar? – pergunto, agarrando as alças da minha mochila.

- Talvez quando você reencarnar. – Alex diz, claramente irritado. É até um pouco estranho ver o seu rosto carregado com uma expressão tão séria.

- Isso vai levar muito tempo, espero, mas não posso esperar até lá. – falo e nós entramos na escola. Ele ainda caminha apressado pelos corredores, mas não desisto. – Alex, por favor! – digo, me colocando rapidamente no seu caminho e o obrigando a parar. Por um segundo, acho que vou ganhar outro olho roxo, mas em vez de me bater, meu amigo apenas me encara seriamente. – Olha, eu sei que fui um cuzão com você e que vacilei feio, mas me perdoa, tá? Não te contei sobre aquilo porque sabia que você ficaria muito irritado. – explico e Alex me encara como uma careta.

- Você está vendo algum sorriso no meu rosto, agora? – ele pergunta e ignoro a sua ironia.

- O que tenho que fazer pra você me desculpar e parar de me ignorar? Isso é idiotice. Ele e eu nem estamos mais juntos! – confesso e Alex me encara com as sobrancelhas erguidas.

- Então foi chutado por aquele verme e agora está aqui me pedindo desculpas por ter mentido para mim? – ele pergunta e encolho os ombros. Alex revira os olhos e então bufa com força. – Você é inacreditável, Mika! – Alex diz, me driblando e começando a caminhar novamente. Abro um largo sorriso e então novamente corro até alcançá-lo e dessa vez o agarro pelos ombros.

- Você me chamou de Mika de novo! – falo, sinceramente feliz.

- Para com isso! Você vai destruir a minha reputação de héteto! – ele pragueja, me fazendo rir. Eu então me afasto e me sinto aliviado quando vejo um resquício de sorriso estampar o rosto do meu melhor amigo. – Você ainda é um babaca mentiroso. – ele resmunga enquanto caminhamos lado a lado.

- Você me ama, Alex. – digo, esbarrando meu ombro no dele, que não me olha, mas sua expressão me diz que ele está quase rindo.

- Talvez, mas você sabe que sou um ser humano caridoso. – Alex fala e então nós dois rimos quando o empurro com mais força dessa vez.

Quando entramos na sala de aula, ainda rindo por causa da nossa idiotice, me dou conta de que quase esqueci completamente o que aconteceu no dia anterior, mas a cena diante de mim é o suficiente para trazer tudo à tona novamente. Preciso me obrigar a andar até minha mesa e automaticamente, me sentindo como um maldito robô, deixo minha mochila no chão. Minhas costas estão eretas demais e de repente meu coração parece bater mais rápido, de um jeito nada agradável.

StayOnde histórias criam vida. Descubra agora