Os dias seguintes seguiram de um jeito um pouco... estranho! A escola inteira não esqueceria o que Nando fez tão facilmente, mas resolvi usar o mesmo método que usei quando sai do armário: ignorei. Às vezes sou muito bom em agir como se nada tivesse acontecido e como já sabem, desligar minha mente não é um problema, por isso, quando voltei a escola no outro dia, apenas ignorei todos os olhares e cochichos na minha direção. Não podia simplesmente deixar que algo que não foi uma escolha minha me abalasse.
A única coisa que ainda não sabia como lidar, era o fato de que uma conversa entre Nando e eu teria que acontecer. Ignorar todos da escola era uma coisa, mas ignorar Nando não era exatamente uma escolha que poderia fazer. Foi por isso que quando entrei na sala de aula na manhã seguinte a sua declaração, eu já planejava mentalmente um discurso para ele, mas então descobri que Nando não tinha ido a aula naquela manhã. Na verdade, isso se repetiu durante toda semana. Ninguém tinha notícias dele, nem mesmo seus amigos do time de natação. Alguns especulavam que ele tinha saído da escola ou que estava envergonhado demais para voltar. Pensei seriamente em mandar uma mensagem ou ligar, mas então decidi que não era uma boa ideia cutucar uma ferida aberta. A verdade, é que talvez fosse apenas puro egoísmo meu.
Toda essa história com Nando acabou ficando em segundo plano, pois algo maior estava acontecendo na minha vida, algo novo e mesmo que não queira admitir, algo muito... perigoso. O que aconteceu no depósito na biblioteca naquela mesma tarde não foi a única vez. Aquilo... aquilo foi apenas o começa de algo muito... intenso! O professor Mathias e eu descobrimos que temos essa energia que nos atrai de um jeito muito louco. Ainda não consigo entender se trata apenas de uma maldita atração ou apenas tesão, afinal, não sou capaz de sequer controlar o meu pau quando estou perto dele, mesmo que até agora nós não tenhamos feito sexo.
O professor e eu passamos a nos encontrar todos os dias à tarde, na biblioteca. Na maioria das vezes nós dois apenas nos encontramos em um dos corredores que não são monitorados por câmeras da escola. Mathias é um homem muito cauteloso e sempre toma cuidado para passar despercebido quando entra na biblioteca, já que a bibliotecária está sempre distraída no seu computador. Além disso, o professor e eu decidimos criar uma regra onde se tornou extremamente proibido nos falarmos dentro da escola ou durante a aula, a não ser, claro, que realmente seja necessário. O estranho e quase assustador, é que nós dois nos tornamos muito bons nisso com o passar dos dias. Digo, às vezes nós nos esbarramos nos corredores da escola e apenas trocamos um rápido bom dia e seguimos em frente, sem sequer uma troca de olhares. É como se fossemos realmente apenas aluno e professor, mas quando nos encontramos... tudo isso fica para trás e apenas esquecemos o perigo e as consequências do que aconteceria se fossemos descobertos. Mas por enquanto nós estamos conseguindo levar isso adiante e todo esse perigo e medo de sermos descobertos parece apenas servir de combustão para continuarmos fazendo isso.
Além dos encontros na biblioteca, Mathias e eu também temos passado algum tempo fora da escola, digo, não na sua casa ou em qualquer outro lugar. É que ele passou a me levar em casa todos os dias, depois do meu expediente na biblioteca. São vinte minutos que tenho tentado usar a meu favor e é pensando nisso que eu finalmente vou ao seu encontro. É sexta feira e a tarde já está chegando ao fim. Depois de ajudar a Sra. Marta a fechar a biblioteca e lhe desejar um bom final de semana, eu saio da escola, já sentindo aquele frio confortável na barriga e a ansiedade tomando conta de mim. Meus passos são apressados e agarro as alças da minha mochila com força. Por costume, olho por cima do ombro quando passo pelo portão da escola, apenas para garantir que não estou sendo seguido ou observado por alguém. Em seguida, atravesso a rua e caminho em direção a parada de ônibus, mas depois de olhar para trás novamente e ao perceber que a barra está limpa, sigo em frente, virando a rua na próxima esquina.
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Stay
RomanceMikael é um garoto de dezessete anos que está iniciando seu último ano no ensino médio. Ele é bolsista numa pequena escola particular da sua cidade, onde também trabalha meio período como bibliotecário, para ajudar nas despesas de casa. Mika, como é...