the lake party

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No final de semana decidimos fazer algo diferente e sair da rotina de sempre ir no cinema e comer pizza. Dave tinha muitos amigos e um deles tinha uma casa de veraneio no norte da cidade, onde tinha muito verde e lagos que davam até pra tomar banho. Eu nunca tinha ido pra esse lado de Portland então fui a primeira a topar a passar o dia lá. Era uma boa oportunidade de fazer amigos novos.

— Mayaaa, por favorzinho. Você não vai me largar sozinha no meio de estranhos, vai? — fiz uma carinha de cachorro pidão olhando pra ela. Estávamos no meu quarto enquanto eu arrumava minha mochila com algumas roupas extras e uns itens pessoais.

— Primeiro, o Dave vai estar lá. Ele não é um estranho. — ela me olhou com aquela cara insinuosa de sempre que falava dele e eu revirei os olhos. — Segundo, você nunca teve problemas com isso. Só mora aqui há poucos meses e já está sendo chamadas pra festinhas na casa do lago.

Maya cutucou minhas costelas e na hora me bateu um leve desespero. Essas festinhas eram famosas por ter muita bebida, pegação e drogas. Não que eu nunca tivesse ido em festas assim, mas ainda assim... me sentia uma completa estranha no meio deles. Eu tinha implorado para Maya ir com a gente, mas ela alegou que tinha muito o que estudar para faculdade. Eu sabia bem que trabalhos eram esses, mas fiquei na minha. Ela precisava de um dia sozinha também, tadinha.

— Aqui — ela me estendeu um biquíni vermelho que eu tinha pedido emprestado, já que no meio das mudanças esqueci completamente de trazer um. — Sua bunda vai ficar linda nisso aqui.

— Tarada. — sussurrei virando o rosto que tinha ficado levemente corado e fechei a mochila. Olhei para o relógio e era exatamente três horas da tarde. Dave odiava atrasos. — Promete que se eu te ligar pedindo socorro você vai correndo me buscar?

— Você é muito boba — Maya riu, mas eu continuei séria. — Tudo bem, prometo. Agora vai! E me liga quando chegar.

Dito e feito. Uma hora depois chegamos na casa do tal Justin e eu já estava no celular com Maya, contando como se chegava lá caso eu estivesse em perigo.

Céus, Grimmes! — ela gargalhou do outro lado. — Vai aproveitar e beijar na boca, você está precisando.

E sem mais nem menos, desligou na minha cara. Filha da mãe. Dave ria do meu lado enquanto íamos encontrar com o resto do grupo, tinham umas 20 pessoas lá e o desespero voltou a atacar. Mas não pude deixar de admirar a casa: era enorme! Tinha uns três andares e seu exterior era todo de madeira, passando um estilo rústico. Fizemos uma rápida apresentação e uma garota ruiva já foi me puxando para um dos quartos da casa, me fazendo colocar o biquíni. Tropecei em alguns degraus enquanto observava o interior do local. Por um lado, era um pouco assustador, mas também bem convidativo para fazer besteira com os amigos.

A ruiva tinha um copo vermelho na mão e pelos seus passos e risadas soltas, já estava meio alta. Fiz uma careta quando ela me fez beber um pouco daquele líquido.

— É vodka, nunca bebeu? — a garota, que tinha se apresentado como Kyla, disse enquanto me ajudava a amarrar o biquíni na parte de trás.

— Não pura. — bebi mais um pouco e quase coloquei tudo pra fora. Era horrível, mas pelo menos me ajudaria a me soltar um pouco.

— Vem, vamos pra piscina. É aquecida, relaxa. — ela riu e me puxou pela mão de novo pela casa inteira até a parte de trás, onde ficava a piscina e todos estavam reunidos bebendo, dançando e alguns se beijando. Lembrei do que Maya disse e decidi: eu não iria sair daqui sem dar uns beijinhos, em quem quer que fosse.

Tenho que admitir: essa foi uma das melhores tardes da minha vida. Aquelas pessoas realmente sabiam curtir. Eu ri, fiquei bêbada, dancei em cima da mesa e quase me afoguei na piscina algumas vezes. Dave ficou meio irritado comigo por isso, mas ele também estava bem alterado então logo estávamos rindo juntos de uma besteira qualquer. Quando a noite caiu, decidimos entrar na casa e Justin, o dono dela, sugeriu que jogássemos "Verdade ou Desafio". Todos ficaram excessivamente alegres enquanto sentavam em um círculo na sala. Peguei uma garrafa vazia de alguma bebida e coloquei no centro, me sentando ao lado de Kyla, a ruiva de mais cedo, e de um garoto alto, acho que seu nome era Tyson.

Passadas várias rodadas e eu já tinha sacado o real objetivo daquele jogo: beijar quem você sempre teve vontade, mas sempre teve vergonha. Eu mesma tive que beijar duas garotas e ficar sentada no colo de Tyson, que depois descobri que o nome era Tyler, por uma rodada inteira. Essa parte foi só pra me fazer passar vergonha mesmo. Se eu não estivesse tão alterada, teria corrido há muito tempo.

Era a vez de Justin girar e escolher o desafio (o nome "verdade" era apenas de enfeite). Uma ponta parou em mim e a outra em Dave, que estava do outro lado da roda. Soltei uma risada de nervoso, não fazia a mínima ideia do que poderia vir.

— Hm, curioso. — Justin riu e cambaleou de volta para seu lugar, sem tirar os olhos de nós. — Um beijinho é muito chato. Que tal 7 minutos no céu? — ele falou bem alto e todos que estavam na brincadeira vibraram. Senti meu rosto a ponto de explodir de tão quente.

Dave estava estranhamente calmo, apenas ria junto com os outros. Ele levantou, atravessou todas as pessoas em meio a barulhos maliciosos, me ajudou a levantar e nos levou até a despensa que tinha ao lado da cozinha. Era um quartinho apertado, com prateleiras cheias de comidas e alguns materiais de limpeza. Quando Dave fechou a porta, percebi que estávamos perto demais. Eu sentia seu hálito de bebida e seu peito despido subir e descer enquanto ele respirava. Minhas mãos suavam.

— Relaxa, nós não temos que fazer nada. — ele riu vendo meu nervosismo. Tirou uma mecha de cabelo da frente do meu rosto com a mão direita, depois a desceu para minha boca. — Só fazer eles acreditarem que sim.

Num movimento quase que ensaiado ele passou o polegar pelo meu lábio inferior, borrando o meu batom e depois passou o dedo manchado na própria boca. Que espertinho.

— Aonde aprendeu isso, hein, senhor Dave? — o olhei bem nos olhos, numa espécie de transe. Devia ser o álcool falando ou culpa da má iluminação, mas ele estava muito bonito naquele momento. O cabelo bagunçado jogado para trás, o suor fazendo seu corpo brilhar. Muito bonito mesmo.

— Filmes, é claro. — ele sussurrou. Seus olhos não tinham saído dos meus em nenhum instante, ele me olhava como se eu fosse a coisa mais interessante do mundo naquele momento. Sua mão voltou para o meu rosto, mas dessa vez foi até a parte de trás do meu pescoço e me puxou para mais perto.

E quando eu percebi estava beijando meu melhor amigo. Aquilo me pegou de surpresa, mas eu não fiz força pra sair. No lugar, passei meu braço pela sua cintura e o puxei para mais perto, colando nossos corpos num movimento quase desesperado. Nossas línguas se mexiam em uma dança lenta, sua mão direita se entrelaçou pelo meu cabelo e guiava meu rosto conforme o beijo prosseguia, enquanto a esquerda descia e apertava minha cintura. As borboleta na minha barriga já travavam uma guerra entre si. Arrepios corriam todo meu corpo com suas mãos inquietas sobre ele e meu coração errava todas as batidas possíveis.

E a ficha só caiu de verdade quando cinco cabeças curiosas abriram a porta. Já tinha passado mais de sete minutos.

Empurrei Dave para longe e saí da dispensa, partindo direto para a cozinha. Eu precisava beber. E é claro que as pessoas falaram sobre o beijo. Falaram muito. Sempre que podia eu fugia do olhar de Dave, e a cada comentário sobre nós eu ficava mais vermelha e dava mais um gole do que seja lá o que estivesse na minha mão.

E foi assim que eu dei o meu primeiro pt.

Uma Segunda Chance (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora