O desespero tomou conta de mim no minuto em que Dimitri despertou-me dos meus pensamentos distorcidos. Ele aparentava estar em transe total pressionando firmemente os próprios lábios, movendo-se como se estivesse fugindo de algo, ou melhor, de alguém muito ruim. E foi naquele momento inusitado que mais uma vez reparei no quanto ele é bonito. Não deveria, eu sei, mas era tarde demais para arrependimentos. Confesso que no seu despertar tomei o baita de um susto e logo depois pude respirar aliviada por vê-lo livre do pesadelo intenso cujo lhe provocou uma febre ardente. Ele me queria mesmo longe para ficar sozinho? Como poderia atender um pedido desse feito sem nenhum cabimento? Independentemente de estar debaixo do seu teto ganhando regalias as suas custas não pude deixá-lo sozinho e depois de vê-lo machucando a si mesmo cheguei à conclusão que ter permanecido foi a minha melhor escolha. Escolha esta que não estava para discussão. Fora preciso muita insistência da minha parte para convencer Dimitri a me contar parte do seu passado terrível. Ele confiou em mim. Ele foi sincero comigo, assim como havia sido com ele. Hoje compreendi o motivo dos seus pesadelos, do seu temor e da sua raiva quando obteve aqueles ferimentos nos dedos. Nenhum ser humano é merecedor de sofrer tanto quanto Dimitri sofreu. Nem de longe me choquei com o fato dele ter assassinado o pai, talvez eu não esperasse por uma confissão como essa e ainda assim, me recusei a julgá-lo. Até os dias de hoje ele têm lembranças do que vivenciou, somente ele sabe o que sofreu nas mãos do homem que deveria amá-lo. Eu seria uma hipócrita se lhe jogasse pedras, afinal, quem sou eu para atacá-lo com julgamentos?
Embora estivesse disposta a ouvir um pouquinho mais do que lhe aconteceu, Dimitri me surpreendeu com um aviso completamente inusitado, avisou o que estava prestes a fazer e fez. No início a sua aproximação deixou-me receosa e com a cabeça a mil, eu poderia afastá-lo de mim, pedir para ele parar. Mas não fiz.
Eu quis se beijada e ele me beijou.
Eu quis experimentar o seu beijo. E ele me concedeu.
Há quanto tempo desconheço a sensação de ser beijada sem ser contra a minha vontade? Na boate pouquíssimos homens me beijaram - para a minha pouca felicidade - e estava distante de ser um momento bom, agradável, desejado. Dimitri mostrou-se despreocupado quanto a minha possível recusa, simplesmente tomou os meus lábios utilizando uma gentileza absurda. Gentileza esta que se esvaiu tão rápido quanto a calmaria que antes regulava as batidas do meu coração. Fui concebida por um beijo forte e intenso. Completamente diferente das experiências anteriores. Senti vergonha da minha falta de praticidade ser percebida e por isso o deixei me conduzir da forma que achasse melhor. Uma das suas mãos entrelaçou os fios do meu cabelo entre seus dedos intensificando ainda mais a nossa atual condição.
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Carter - O Russo | Livro 2 (PAUSADO)
RomanceO R U S S O - L I V R O II Dimitri Carter é um homem que carrega cicatrizes profundas em sua alma sombria e atormentada pelo passado. Dimitri fora rigorosamente treinado para tornar-se um homem frio, calculista, observador e assassino. Um bom assass...