Carter - O Russo | Livro 2 (PAUSADO)

Capítulo XXV

Um mês depois...

E nestes dias que se passaram tão rapidamente, a paz na qual anteriormente era um desejo distante de ser concretizado tornou-se realidade. Ao menos por enquanto. Não posso afirmar que as minhas noites estão sendo completamente tranquilas e isenta de preocupação, pois as poucas lembranças da infância ressurgiram outra vez fazendo-me relembrar do passado inesquecível durante um curto período. O que não vem sendo constante. Entretanto, nada tão absurdo que me fizesse ficar acordado por horas e acredito que Zoe tem certa participação quanto a isto. Não resta nenhuma dúvida. A presença dessa mulher é como uma verdadeira fuga, uma fuga de todo o caos ao meu redor. É enlouquecedora a ansiedade de chegar à cobertura somente para vê-la, beijá-la e tê-la nos meus braços contando-me sobre o seu dia na faculdade ou simplesmente comentando diversos outros assuntos nos quais diz com tanta liberdade e euforia. Ela gosta de ser ouvida.

Afinal, qual a mulher não gosta?

Confesso que estive esperando encontrar alguma possibilidade de as coisas mudarem entre mim e Zoe, mas felizmente isto não ocorreu. Apesar de ter tido as coisas facilmente, a maioria delas ou todas elas costumam se esvaírem em uma rapidez absurda, nada mais justo que alguém que esteja fazendo-me bem viesse partir a qualquer instante. Quando sobrevivemos uma vida agitada, rodeada de riscos e perigos, é comum esperar sempre pelo pior. Desde a primeira vez que os meus olhos foram direcionados para Zoe Henderson, estive atraído por uma mulher desconhecida e talentosa na dança, habilidosa com os movimentos sutis e precisos. Ela sabia perfeitamente o que estava fazendo. Inclusive, mal posso esperar pelo momento de tê-la dançando para mim. Apenas para mim. A cada dia convivendo com Zoe, ela demonstra que é diferente de todas as outras mulheres que um dia conheci. Inteligente, curiosa, simples, insistente e uma variedade de adjetivos capazes de não terminarem tão cedo. Ultimamente ela tem feito várias modificações na minha rotina sem ao menos perceber e graças a morena persistente tenho enxergado a simplicidade com um outro olhar. Assim como ela afirmou que eu conseguiria. E não é que aquela diaba tinha razão!?

Atualmente há uma pessoa controlando os meus negócios na maior parte do tempo, um homem cujo comprovou sua lealdade demonstrando ser digno de ocupar o cargo o qual conquistou com tanta bravura. Porém o caminho até chegar aqui não foi fácil e fiz questão de dificultar cada pequeno percurso. Com Zoe estando por perto senti a necessidade de ter alguém que pudesse realizar o trabalho sujo e demais outros serviços, caso houver uma emergência que esteja fora das suas resoluções, terei de intervir. Ainda assim, não significa que eu esteja fora do comando de braços cruzados numa colônia de férias. Pelo contrário, estou com os olhos bem abertos. Entretanto, a última vez que as minhas mãos estiveram manchadas com sangue foi dias após o reencontro de Zoe com o tal policial. O único motivo para a sua morte deve-se ao fato dele ter a insultado, acusando-a de maneiras absurdas. Acusar que uma vítima de violência sexual havia gostado do abuso? É pior do que assassinar mil homens. Ele próprio cavou a sua cova, fiz questão de deixá-lo ciente do porquê de estar ali imobilizado, imponente e prestes a partir para um lugar muito pior. Tinha tudo milimetricamente planejado, tanto que para a polícia e a mídia, o real assassino do renomado policial era um assaltante em busca de vingança preso por ele há cerca de três meses. Sua morte fora anunciada em todos os noticiários locais, em um deles Zoe ficou sabendo do ocorrido e apesar da troca de olhares naquele dia, não conversamos sobre.