MAIS um inverno rigoroso assombrava os residentes da expansiva cidade de Moscou. O pequeno Dimitri havia acabado de chegar em casa, estava abalado e entristecido pela ausência do pai em um dos dias mais importantes para si. Naquela data, dezesseis de junho, comemorava-se o Dia dos Pais em torno de todo o país. Tradicionalmente, era comum ocorrer uma espécie de fraternização entre os pais, alunos e os demais professores. Dimitri tinha total conhecimento do quão ocupado o seu pai costumava ser, por isso, tentava incansavelmente não deixá-lo perceber o quão a sua ausência era sentida pelo pequeno garoto. Dimitri fora recebido pela sua madrasta cujo veio a conviver com o garoto logo após a misteriosa morte da mãe, ele nunca criou ódio pela companheira do pai, ela sempre o defendeu e muitas das vezes tamanha atitude lhe custou caro ficando evidente nos seus braços e rosto.
- Onde está o meu papai? - pergunta Dimitri um tanto entusiasmado, ainda assim, ele gostaria muito de ver o pai, mostrar o que tinha feito mais cedo e entregá-lo.
- Seu pai está no escritório e pediu para não ser incomodado, Dimitri. Acho melhor esperar um pouco, querido. - comentou a mulher num tom apreensivo e temeroso. Ela ainda carrega as marcas da violenta agressão suportada na noite anterior.
Dimitri não nota a cautela contida na voz da madrasta, tão pouco é capaz de compreender que tal repreensão seria para o seu próprio bem. O garoto de olhos claros repletos de sonhos, afastou a mochila das costas tirando dela um desenho feito sob o incentivo da professora da sua turma. Ele subiu apressadamente cada degrau das escadas afim de encontrar imediatamente o seu pai, o homem que tanto admirava. Como fora rigorosamente orientado, o menino bateu na porta abrindo-a e logo encolheu os próprios ombros devido o olhar severo do homem a poucos metros distante de si.
- O que faz aqui, moleque? Estou ocupado e não tenho tempo para as suas brincadeiras idiotas. - o mais velho diz encarando o filho com um olhar intimidador e frio. Um olhar que nenhuma criança deveria presenciar.
Ivan é um soldado da máfia, um homem rigoroso, frio e dominado por ambições. A mais perigosa dela é crescer dentro da maior organização criminosa da Rússia, uma das mais sangrentas de todo o mundo, a Bratva. Ivan costuma agir com maldade, é um homem insensível no qual acredita que não há espaço para homens covardes no seu mundo do crime.
- Hoje é dia dos pais e o senhor não compareceu na festinha. - disse Dimitri, tímido e atento aos movimentos feitos pelo pai. - Trouxe um presente para você, papai.
- Levante estes ombros e pare de agir como um fraco. Você é um homem e passou da hora de parar de agir como um moleque! - ordenou duramente, mas Dimitri não ousou desobedecê-lo, estava assustado. - Ande, venha até aqui e não faça-me perder o restante da paciência!
Dimitri aproximou-se da velha mesa de madeira desviando o olhar para o desenho contido nas suas pequenas e trêmulas mãos, nele havia o seu pai, a sua falecida mãe e ele, juntamente de uma frase carinhosa homenageando o pai e expondo o quanto ele o ama e o admira. Entregou a folha de papel à Ivan que a segurou com desdém, o homem encarou o papel em mãos permanecendo calado por alguns torturosos segundos.
- O que significa esta porra, Dimitri? Explique-me! - exigiu, nervoso, insatisfeito e decepcionado. Decepcionado pelo garoto recordar-se da mãe cruelmente assassinada pelo próprio marido. Decepcionado por Dimitri ser uma criança e não demonstrar vestígios de que, um dia, será um homem irredutível, um assassino, como ele tanto almeja vê-lo.
- Você não gostou papai? - questionou o menino num tom inocente e curioso encarando atentamente o seu pai.
Ivan gargalhou diante da resposta do seu único filho. Outra vez olhou a folha em mãos rasgando-a rapidamente sem transmitir qualquer vestígio de remorso. As lágrimas contidas nos olhos admiráveis do garoto escorreram pela sua face, ele não compreendia o porquê da atitude da figura paterna que tanto tentava espelhar-se.
- O meu maior erro foi não ter lhe dado um corretivo antes. - Ivan arremessou os pedaços do papel no chão enquanto levantava-se do seu posto. Lembrava-se dos demais soldados elogiando seus respectivos filhos, principalmente o desempenho exibido quando tão novos. Ivan sentia vergonha do seu herdeiro mostrar-se sentimental, isto o deixou furioso. Jamais poderia servir como piada, isto seria o cúmulo para sua reputação construída com tanta luta e vigor. - Aprenderá que tolos como você, não sobrevivem no meu mundo.
E a partir daquele dia, os sonhos do menino Dimitri foram arruinados. A pouca felicidade que lhe restava fora tirada de si, a sua vida fora transformada num inferno. Dimitri Carter nunca mais voltaria a ser aquele menino sonhador e amoroso, o amor paterno não correspondido o matou.
Apesar do meu pequeno sumiço, venho acompanhando todos os comentários e as mensagens que vocês, leitoras, frequentemente estão me enviando. E respondendo a pergunta principal: Não. Eu não desisti deste livro.
Para quem não me acompanha desde o início, não estão cientes do quanto a minha rotina é corrida, este ano só veio a piorar. Estou no meu último ano do ensino médio e também trabalho no período da tarde, com isto, me resta somente a noite para poder escrever os capítulos. Mas, infelizmente, não estou conseguindo mais pôr em prática. Consegui apenas finalizar dois capítulos e iniciar o terceiro, que ainda falta concluir. Por isso, peço paciência e principalmente, não desistam de mim e tão pouco desta história que estou criando e, particularmente vem sendo o meu xodó.
Me senti na obrigação de postar o prólogo, assim, estarei deixando vocês com aquele gostinho de quero mais. O que acharam deste início? Ansiosas para o próximo? Aguardem! Um beijo para todas e até breve! ❤
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Carter - O Russo | Livro 2 (PAUSADO)
RomanceO R U S S O - L I V R O II Dimitri Carter é um homem que carrega cicatrizes profundas em sua alma sombria e atormentada pelo passado. Dimitri fora rigorosamente treinado para tornar-se um homem frio, calculista, observador e assassino. Um bom assass...