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     Era uma fria tarde no fim de dezembro, onde as calçadas jaziam recheadas de neve e o ar congelante

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     Era uma fria tarde no fim de dezembro, onde as calçadas jaziam recheadas de neve e o ar congelante. O clima ruim não impediu Jessica Montgomery de preparar o funeral da filha mais velha. A correria da organização serviu para ocupar — em pouca parte — a mente dela. Mas após todos os evetos, enquanto observava o caixão lacrado onde o corpo de sua garota estava, a mente retrocedeu ao estado atordoado de antes. O que fez de tão ruim? Por que o destino tivera de ser tão amargo e levar a primogênita? A que a fez passar madrugadas acordadas por cólicas; a quem deu mamar pela primeira vez; que a fez ouvir "eu te amo, mamãe" assim que aprendeu a falar. A filha que a ensinara o que era o amor de mãe... E que já não passava de um cadáver inanimado. Jessica sentou no banco da frente, sem força para ficar na porta e receber aqueles chegavam na abadia de Scarye Fall, porque a informação de que Angeline estava lá, em meio a madeira e flores, levou todos os seus resquícios de força. Sem outras, soluções, a mulher fez o que pôde: ela desabou.

— Mamãe... — Anne-Janne Jully'Art Montgomery lamentou, abraçando Jessica, que tremia descontroladamente em seu choro desesperado. Anne era a segunda — e agora única — filha. A jovem que perdera a irmã para o suicídio e cujo coração mal se aguentava de tanta dor. A sensação esmagadora da perda era dura demais para suportar. Nem mesmo as repetidas, repetidas e repetidas lágrimas que derramou nos últimos dias diminuíram a dor. Nada era capaz de amenizar o martír doloroso da perda — ainda mais se levado em conta que Anne e Angeline se amavam. A dferença de idade jamais fora um prblema; elas entendiam que eram a irmã mais nova e mais velha uma da utra e se entendiam. Era raro uma briga delas. Muito pelo contrário; gostavam de intragir e de passarem tempo uma com a outra. Definitivamente detinham o amo mais puro  verdadeiro de irmãs... Mas agora Angie não estava mais ali. E Anne-Janne continuaria, sozinha, sofrendo, derramando choro nas madrugadas chuvosas, sem a chance de se acolher no quarto da irmã quando sentisse medo ou apenas quisesse conversar. 

— Queridas... — Bradd puxou a filha e a esposa pelos ombros, dando o suporte que podia. Compartilhava da mesma dor. Angeline foi como uma segunda filha. Ele a viu crescer. Se lembrava bem de Angie usando um laço vermelho no cabelo aos sete anos, de quando a ajudava nas questões divisivas quando pequena, e mais tarde, nas equações do segundo grau. Das vezes que a deu carona para que não se atrasasse para a aula ou quando Angie ajudou Anne-Janne a fazer um bolo para ele em seu aniversário. Boas lembranças e, ao mesmo tempo, tristes, porque recordavam-no da garota maravilhosa que tirou a própria a vida... O pior era saber que nunca mais teria lembranças novas para guardar de recordação. Não teria mais um novo momento com Angie. Se soubesse, teria aproveitado mais. Quem sabe, ajudá-la mais ou levá-la ao cinema. Coisas que agora não poderiam se cumprir, porque quando se perde alguém, não há como retornar no tempo e fazer aquilo que se foi deixado de lado. 

— Senhora Montgomery... — alguém cochichou com a voz embargada. Ao olhar, Jessica distinguiu Maya Lancaster tão acabada quanto ela — Sinto muito... Eu deveria ter vindo antes. Eu... Eu não podia ter ido embora... Eu devia ter ficado pela Angie... — os ombros tremeram. Maya era a melhor amiga de Angeline. Quando fora embora — e todo o tempo depois disso —, manteu o título de melhor amiga... Se arrependia por ter partido, afinal, mlhores amigas não deixam a outra para trás. Tinha de ter ficado; continuado para ajudá-la e protegê-la de todo o mal... Mas Maya nunca tivera a oportunidade de proteger Angie de todo o mal existente no mundo. Eram muitos para um único se humano dizimá-los. As pessoas são cruéis. O destino é cruel. Maya nunca mais ver sua melhor amiga era cruél. E sua última lembrança sempre seria a imagem de Angeline para trás enquanto se afastava na rua, dentro de um carro com suas mães. Talvez se Maya tivesse lutado mais para permanecer na cidade... Talvez, só talvez, pudesse ter conseguido ajudar Angie e fazê-la mudar de ideia... Infelizmente já não tinha volta. 

— Eu também não deveria tê-la deixado — Lionel Ryan Jones sussurrou. Já fazia algum tempo que ele estava ali, encolhido no canto do banco da frente na abadia, encarando o caixão onde um corpo descansava. Lion estava acabado, e assim como Maya, passara a viagem para Skarye Fall se desmanchando em lágrimas. Sua última memória era de ver Angie parada em meio a rodoviária por trás de uma janela de ônibus. Depois de saber do falecimento, Lionel não podia sequer olhar as fotos dos dois juntos sem desmoronar. E ele com certeza teria uma crise feia quando voltasse para o Mississsipi e digerisse a informação totalmente. Por que a perda de alguém doía tanto? Por que não podemos saber quando uma pessoa vai para termos ao menos a oportunidade de uma despedida? Por que ela? Por que ela?! Angie quase literalmente era um anjo; a melhor pessoa que Lion conheceu na vida. A mais doce, gentil, amigável e maravilhosa. Não havia uma lembrança com Angie que fosse desagradável; todas eram tão boas que doíam nas profundezas da alma de Ryan. 

— Eu sinto tanto — Peter Miller assoou o nariz entupido. Peter fora apaixonado por Angie desde pequeno; um admirador secreto. Ainda tinha todas as cartas do Dia de São Valentim que escreveu para Angie guardadas numa caixa vazia de sapatos abaixo da cama. Ele unca teve coragem o bastante para colocá-las dentro do armário dela. Era triste pensar que, quando finamente as coisas estavam dando certo, quando pareceu ter uma chance com a menina dos sonhos, tudo desandou. Mas ok. Peter podia esperá-la pelo tempo que fosse preciso. Se passassem dias, meses ou anos,  estaria disposto a esperar Angeline Montgomery até que ela estivesse bem e pronta para um relacionamento... Só que agora não havia como fazer aquilo. Ele não poderia esperá-la para sempre, porque sabia que ela jamais voltaria.

     O coveiro pulou para fora da fenda aberta no solo por sua pá momentos antes de descerem o caixão

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     O coveiro pulou para fora da fenda aberta no solo por sua pá momentos antes de descerem o caixão. Era o último momento. Olhos se fecharam para orações silenciosas e pedidos para uma divindade maior iluminar a alma de Angeline Juliett Lewis Montgomery em sua trilha para encontrar a paz foram feitos. Não houve terra para jogar sobre o caixão; apenas neve. Jessica, Anne-Janne, Bradd, Lionel Ryan, Maya e Peter se abaixaram para pegarem punhados dela nas mãos. Pelo menos o branco simbolizava algo bom, e talvez fosse a cor que guiasse Angie do outro lado pelo Mundo-Além. Um por um se aproximou, despedindo-se em sussurros ou por pensamentos. O eco de um barulho molhado ressoou quando os montes de neves se esparramaram pela tampa de madeira... E o desespero tomou conta. A ficha ainda não tinha caído totalmente, mas ali, prestes a afundar o caixão embaixo de terra e neve, perceberam que era real. Angeline morreu. O que podiam fazer...? Nada. Não era como um livro onde uma repentina mágica trazia a pessoa volta... Aquela era a vida real, onde Angie estava morta e continuaria assim eternamente. A vida real tende a ser dura, inflexível e malvada. A única solução deixada por ela era a de um doloroso adeus.

Adeus, Angie.

Adeus, Angie

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