Já pensou que talvez, só talvez, pessoas suicidas sejam apenas anjos cansados da vida na terra, querendo voltar ao lar celestial no céu de onde nunca deveriam ter saído? Que talvez estejam exaustos do martírio que é respirar com tantos ferimentos im...
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Carta para Peter.
Um mês após o falecimento de Angeline Montgomery e Peter Paul Miller não se esquecera daquela que um dia acreditou que pudesse ser sua namorada, quem sabe esposa e até mesmo a mãe de seus filhos. Seria complicado seguir em frente em Skarye Fall High sem observá-la nos corredores quando ela não estava olhando, gravando seu estilo de menina-doce e o perfume de âmbar. A escola pareceu sem graça, e ele não via o momento do terceiro ano acabar. Crystal Chell'Berry faltou nos primeiros dias após o retorno do recesso, e quando voltou, sua popularidade tinha decaído bastante. Agora era difícil reconhecê-la como uma popular; sua relevância decresceu. Nem mesmo os atletas e líderes de torcida a queriam por perto — achavam que seria ruim para suas imagens estar perto dela. Mason... Bem, não aconteceu o mesmo com ele, mas aparentemente seus joguinhos amorosos tiveram uma pausa indeterminada. Peter suspirou, afastando os pensamentos para um canto da memória ao pegar a correspondência da caixa de correio. Folheou os envelopes. Haviam contas, propagandas de telemarketing e uma carta com seu nome na aba de destinatário. Miller franziu o cenho. Uma carta? E o rementente...
— Angie? — ele esfregou os olhos para ver se não estava sonhando, mas realmente era o nome dela desenhado à mão no papel.
Peter correu para a varanda, largou os demais papéis no piso e sentou num dos degraus. Com as mãos levemente trêmulas, abriu o envelope e puxou uma folha lá de dentro. Estava dobrada, então ele só viu a bela caligrafia impressa por caneta preta ao abrir a folha. O coração quase parou ao ler o conteúdo.
Querido Peter,
Não se assuste. Sou eu mesma, a Angie. Se estárecebendo essa carta, quer dizer que já não estou entre os vivos... Estou escrevendo essa carta na semana de natal e vou programar para que seja entregue daqui mais ou menos um mês. Acho que é um período razoável de tempo para se digerir a morte de alguém. Não sei se está com raiva ou coisa parecida... Peço perdão se eu, de alguma forma, causei dor em você. Voltando ao assunto da carta agora, eu quero dizer que você definitivamente foi o melhor garoto que eu conheci. E quando digo garoto, me refiro aos quais tive interesse amoroso (então Lionel não conta). Eu sei que você tinha uma paixonete em mim e sinto muito por não ter te dado bola antes. Fui tola em não ter percebido antes um cara tão especial debaixo do meu nariz. Talvez, isso tudo foi coisa do destino. Talvez eu não te merecesse... Peter, você é incrível, e acredite quando digo que qualquer uma vai ter sorte de ficar com você. Eu aprendi a gostar de cada detalhe seu: a sua gagueiraconstante, seu sorriso genuíno e até mesmo o quão fofo fica quando está tímido e suas bochechas coram. Não deixe que outras não tenham a chance de te conhecer. Não se tranque. O problema entre nós dois fui eu (sempre eu e meus demônios do passado). Nunca quis levá-los até você, e não desejariadepositar o peso de namorar uma garota tão quebrada quanto eu nas suas costas, afinal eu sempre fui alguém com cargas demais até para mim mesma. Sinceramente, acredito que você vá arrumar uma pessoa que te valorize no futuro. Você merece alguém assim, e esse alguém terá ganhado na loteria se te tiver ao seu lado.Quem sabe em outra vida (se isso existir mesmo) possamos tentar de novo... Infelizmente nessa não deu certo, e eu me lamentareieternamente no Mundo Além por isso.