Papai, você parece um moranguinho!

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Lembram quando eu disse que algumas vezes precisava parar e repensar minha vida inteira apenas porque as coisas estavam fugindo totalmente do rumo que deveriam? Pois bem, não é exagero algum dizer que esse momento está acontecendo agora.

Todo mundo estava me encarando, mas eu não conseguia encarar ninguém de volta, o nervosismo percorrendo minhas veias com velocidade e até mesmo maldade, além de uma ansiedade sem igual passeando feito ácido dentro de mim. Respirei fundo, sem saber como fugir daquela pergunta, porque mesmo tendo vindo de forma inocente da minha filha, todos ali naquela sala de jantar haviam interpretado maliciosamente.

— Papai, você parece um moranguinho. — A voz da minha filha despertou-me de todos aqueles pensamentos, e eu só consegui engolir em seco e tentar respirar devidamente.

— E-eu... preciso de ar. — Não acreditei em mim mesmo no momento em que saí da sala de jantar e fui até a varanda do meu quarto, ao menos tentando voltar a respirar como um ser humano normal. — Ele deve me achar um idiota.

Aquela ridícula reação minha só provava que jamais conseguiria chamar Jimin para sair de fato comigo ou declarar que estou extremamente afim dele, porque sou um grande covarde. Meus amigos sempre falam de brincadeira que eu nem pareço alfa — por conta de como as pessoas julgam o comportamento esperado por alfas e ômegas — e agora eu percebo que é verdade.

De fato, eu não dou orgulho algum aos meus antepassados.

É que sempre existiu essa timidez em mim, mas aflorou de diferentes formas em diversos aspectos ao longo da minha vida, mas nunca aconteceu desse jeito que acontece com o Jimin. Eu nem sei explicar o motivo de essa vergonha toda surgir desse jeito, só vem, é incontrolável. Sempre fui tão inteligente, mas aí perto dele parece que eu sequer sei falar direito.

— Está tudo bem? — Acabei me assustando quando justamente a voz de Jimin soou pela varanda, mas eu continuei apoiado na beirada olhando para os outros prédios e os carros passando pelas ruas. Isso até sentir a mão dele em meu ombro, fazendo um carinho singelo. — Quer conversar? Foi só um comentário de criança, Jungkookie, ela não vê malícia.

Suspirei, virando de frente para Jimin, decidindo se contava a ele qual o verdadeiro problema ou se apenas concordava e deixava isso para lá. A segunda opção parecia muito mais atraente, mas eu precisava parar de fugir, parar de fingir que não gostava dele, parar de fingir que o que me incomodava era apenas um comentário de criança.

— Não foi o comentário dela que me incomodou. Eu sei que Jiwoo não vê malícia, e ela entende que beijos são amostras de amor, então era óbvio que em um momento ou outro ela iria me perguntar isso. — Disse com calma, vendo como Jimin conseguia ficar ainda mais bonito iluminado pela lua e as luzes dos outros prédios, com os cabelos se movendo depressa por conta do vento.

— Então foi o comentário do seu amigo? — As bochechas que eu pensava serem tão mordíveis ficaram levemente avermelhadas. — Ele estava mesmo se referindo a mim? Eu pensei que estivesse interpretando errado, eu... me desculpa, Jungkook!

— Por que está se desculpando por uma coisa que não foi você que disse? O que me incomoda foi a insinuação, não o conteúdo dela. — Declarei, segurando a cintura de Jimin com certa delicadeza. — Eu queria poder responder a Ji. — Resolvi investir, mesmo que de forma sutil, vendo a feição confusa presente no rosto de Jimin. — Queria saber se tem mesmo gosto de Nutella.

Jimin enrubesceu outra vez, mas não se afastou de mim. Era óbvio que eu só chegaria mais perto se ele me desse uma brecha, por isso permaneci parado, esperando por um sinal ou o que fosse, desde que me mostrasse que ele nutria o mesmo desejo que eu.

Diário de um Alfa em Apuros | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora