Capítulo Nove

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À medida que descíamos a montanha, a quantidade de neve começava a diminuir. No começo da floresta ainda havia alguns resquícios da neve e alguns lugares estavam molhados, ou com pedras de gelo no chão. Por isso, andávamos com bastante cuidado para não escorregar.

As árvores por ali eram bem diferentes das árvores das montanhas. Os troncos eram mais grossos e suas folhas pareciam mais vivas, mais verdes. A quantidade de folhas e galhos era tanta que tapava a maior parte do sol. Mas não o suficiente para deixar a floresta escura, era como um meio termo, como se estivéssemos no fim da tarde, enquanto na verdade estávamos no meio dela.

— Precisamos nos certificar de que ainda estamos seguindo a rota certa. — James falou, pedindo o mapa que estava com o Alex.

— Tem razão, precisamos dar uma olhada no mapa. — Alex puxava o mapa de sua mochila bagunçada.

Como era feito de um material um pouco mais resistente, o mapa não estava amassado.

— Quantos dias nós ainda temos pela frente? — Perguntei.

— Acho que não tem como saber... — Luke começou a responder.

— Talvez uns seis ou sete dias caminhando até o deserto. Depois que chegarmos lá, mais cinco dias até o oceano. De lá, teremos que pensar em algum meio de chegar às Ilhas. — Alex disse.

— Vamos pegar um barco pirata. — Luke falou, animado.

— Não existem piratas! — Liz riu.

— Eles existiam no passado, não se lembra das histórias? — Luke falava com os olhos brilhando. — Eles eram caçadores de tesouros.

— E eles namoravam as sereias. — Mitt completou. — As mulheres lindas que tinham cauda de peixe.

— Tenho certeza de que as sereias nunca existiram. — Vanessa disse com um tom sério.

— Se você acredita em piratas, pode acreditar em sereias. — Luke respondeu à Vanessa.

— Não acredito em nenhum dos dois. — Vanessa sempre fora muito cética. Acreditava somente naquilo que podia ver. — Além do mais... Isso não faz sentido nenhum. As sereias são seres mágicos!

— E se o Luke tiver certo e encontrarmos piratas por aí? — Perguntei, sem acreditar de verdade que aquilo seria possível.

— Espero que ele não esteja. — Alex respondeu. — Os piratas não são seres amigáveis. Eles são basicamente saqueadores, ladrões do mar.

Alex colocou o mapa no chão de terra, quase que totalmente coberto por folhas caídas. No começo, eu tentava tomar cuidado para não pisar nessas folhas, mas depois acabei desistindo. Seria uma tarefa impossível, já que o chão estava coberto por elas. Andar por cima daquelas folhas caídas era uma sensação muito estranha. Muito diferente de andar na terra batida, ou na neve. E quando pisávamos nelas, faziam um barulho como se estivessem se quebrando. Nossos pés faziam um ritmo com as folhas, que era muito perceptível quando estávamos caminhando em silêncio. Eu poderia passar um bom tempo só ouvindo aquilo, era bem relaxante.

Eu me ajoelhei no chão para observar melhor o mapa. Alex apertou o botão no canto do mapa e as rotas apareceram, enquanto o emblema vermelho, que representava a localização do nosso mapa, mudou de posição, indo até o lugar exato onde estávamos: a parte norte da floresta. A rota que estávamos seguindo estava cinza escuro, enquanto as outras rotas possíveis tinham um tom entre o branco e o prateado.

— Vamos continuar seguindo a rota principal. — James falou e nós até discutimos um pouco, mas no final todos concordaram. Ou estavam cansados demais para continuar falando. As outras rotas não eram muito melhores.

Depois do Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora