Capítulo Oito

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— Mitt! — James gritou e sua voz ecoou montanha abaixo.

Continuei me concentrando no caminho. Ainda tentava manter a calma, mas era em vão. Minhas mãos suavam frio, mas eu não soltaria o guidão por nada. Por mais que ficasse cada vez mais difícil de virar, continuava me esforçando para não batermos em alguma coisa.

Eu realmente não tinha ideia do que podia fazer naquela hora. Tudo que conseguia pensar era na base da montanha e na quantidade de árvores que esperava por nós. Eu não via outra saída. Só podia imaginar a moto batendo nas árvores e a cena se repetia várias vezes em minha cabeça. Quanto mais eu tentava não pensar nisso e procurar uma solução, mais esse pensamento insistia em continuar me seguindo.

James continuava gritando o nome do Mitt, cada vez mais alto, mas nem sinal dele. Ele poderia já estar na base da montanha. Comecei a gritar também, não via outra solução. Nossos gritos formavam um coro, que apesar de alto, ninguém parecia ouvir.

— Lexi, tenta de novo. — James insistiu. — Não é possível que esteja quebrado!

— Estou tentando fazer o que o Mitt falou. — Puxei novamente a alavanca do freio e nada aconteceu. — Não funciona!

Comecei a apertar botões diferentes, todos que eu batia o olho. Botões que eu não sabia para que serviam, mas que poderiam ajudar. Na verdade, qualquer botão que parasse aquela moto seria válido.

— Vamos bater. — Falei e virei para trás, antes de ouvir o grito dele me dizendo para olhar para frente.

— Continue desviando das árvores! — Podia ouvir o nervosismo na voz dele, assim como na minha. — Preciso pensar.

— Eu não sei se você percebeu... — Eu falava quase gritando agora. — Mas não temos muito tempo para pensar!

— Vamos pular. — Tive que me controlar para não olhar para o James. Tinha que ter certeza de que ele estava falando sério.

— Tá louco? — Dentro de mim eu sabia que era a única opção, mas não queria admitir.

— Você tem uma ideia melhor?

Fiquei calada por alguns segundos e então comecei a gritar pelo Mitt de novo, dessa vez ainda mais alto. Mal parava para respirar. Eu não iria pular daquela moto naquela velocidade. Não mesmo.

— Lexi, ele não vai ouvir. — James continuava com a mesma ideia maluca. — Teremos que pular!

— Mitt! — Ele era a minha última esperança.

Tínhamos mais ou menos três minutos até a base da montanha, com sorte. A quantidade de árvores só iria aumentar e eu não sabia nem se chegaríamos até a base. Talvez as árvores nos parassem antes.

— A gente tem que pular agora.

— Pensa em outra coisa! Não vou pular! — Eu insistia, mas não o culpava, pois eu mesma não conseguia pensar em mais nada.

De repente, vi a moto do Mitt surgindo do meio das árvores e vindo em nossa direção. Ele estava sozinho. Talvez já tivesse nos escutado antes e já tinha o plano perfeito para nos salvar. Eu nunca quis tanto que um pensamento se tornasse realidade.

— Mitt! — Eu e o James gritamos ao mesmo tempo.

— O freio não está funcionando! — James gritou, apesar de a distância estar diminuindo enquanto o Mitt chegava mais perto de nós.

— Vocês vão ter que pular! — Ele gritou.

Não acreditei. Queria pedir para o Mitt repetir aquilo, pois ainda tinha esperança de ter escutado errado. Não era possível que aquela seria a melhor ideia dele. Ele era a minha última esperança e agora falava a mesma loucura que o James havia falado antes.

Depois do Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora