Capítulo Quinze

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Primeiro, senti meu coração batendo forte por todo o meu corpo, como se quisesse acordar cada músculo e encher de adrenalina. Comecei a correr e eu me esforçava para ir muito rápido. Apesar disso, eu nunca conseguia me sentir rápida o suficiente e o medo era constante. Eu não olhava muito para trás, pois não queria saber o quão perto eles estavam. Eu só queria conseguir me salvar e salvar os outros. Tentava manter isso em mente enquanto corria.

O surto de adrenalina depois da loucura que presenciei fazia com que eu corresse o mais rápido que pudesse, mesmo tendo entendido muito bem o recado. Não havia mais tempo.

— São eles. — Falei quando ouvi um barulho de motores, que aumentava à medida que corríamos e nos dava a sensação de que eles estavam cada vez mais próximos. Mas ainda não conseguíamos ver nenhum tipo de automóvel atrás de nós.

— Eles vão nos alcançar. A gente precisa se esconder! — James gritou.

Ele correu na direção de um monte de areia que estava próximo. Era a última esperança. Esperar que eles passassem direto por nós. Que não nos vissem atrás da pequena montanha de areia. Era uma péssima ideia, mas era a única que tínhamos.

— Esperem! — Ouvimos uma voz que infelizmente já não era mais tão desconhecida assim. Era o Tiago. Ele e Victoria vinham logo atrás de nós.

— Vocês nos traíram! — Luke foi para cima de Tiago, assim que passamos pelo morro de areia.

— Não! A gente não sabia de nada. — Tiago tentava se defender. — Eles são loucos, mas não sabíamos de nada!

— É verdade! — Victoria estava muito ofegante. — Assim que vocês saíram de lá, brigamos com eles também.

— Eles falaram que se a gente reclamasse eles iriam nos entregar para os guardas. Eles estão fazendo isso há anos! Desde que saímos das vilas de base, quando eu e a Vic éramos crianças. — Tiago parecia desnorteado. — Estão completamente loucos!

— Não podemos fazer parte daquela loucura. — Victoria falou. — Queremos ajudar vocês!

— Eu prefiro virar escravo a transformar outras pessoas em escravos. — Tiago falou, ainda tentando se justificar.

O barulho dos motores continuava ficando mais alto e eu sentia que estávamos perdendo muito tempo ali parados, esperando que Tiago e Victoria explicassem o inexplicável.

— Ajudar como? — Vanessa estava vermelha de raiva e gritava com os dois irmãos. — Aceitamos sua ajuda da primeira vez e olha só o que aconteceu! Olha o que está acontecendo!

— Não foi nossa culpa! — Victoria tinha os olhos cheios de lágrimas. — Eu juro! Só queremos ajudar...

— Conhecemos um lugar perto daqui. — Tiago completou as palavras da irmã. — É um galpão, podemos nos esconder lá.

Ele começou a correr na nossa frente, não esperou muito tempo por respostas. Afinal, ele também estava fugindo dos guardas agora e não queria ser pego. Começamos a segui-lo, mas vi que Vanessa não se mexia.

— Vanessa! — Parei de correr, olhando para trás.

— Não vou confiar de novo! — Vanessa parecia estar com muita raiva. — Duas vezes não, Lexi! A gente não pode confiar neles. Não podemos ir com eles.

— Vem logo! — Puxei a mão dela. — Não temos escolha. E além do mais, eles não sabiam de nada.

— Eu não consigo acreditar nisso. — Ela começou a correr ao meu lado, apesar de ainda não ter se convencido de que deveria confiar nos irmãos.

Depois do Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora