Capítulo Dezessete

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"Estava tudo escuro, no começo eu não fazia ideia de onde estava, mas aos poucos, algumas luzes começavam a se acender. A primeira acendeu bem longe de mim, e pude perceber que estava em um lugar fechado. A segunda, havia se acendido ao meu lado, pouco antes da terceira, a alguns metros de mim. Eu continuava andando, e à medida que eu andava mais luzes se acendiam, mas a maioria delas estava fraca, não iluminava muito. Eu conseguia perceber que estava em um tipo de túnel. Então, me lembrei de que eu já tinha visto aqueles túneis antes. Eram os túneis que meu pai usava para ir do buraco até a montanha de Anika. Eu me sentia em casa. Assim que encontrei meu caminho, todas as luzes se acenderam de vez. Uma borboleta roxa começou a me guiar, levando-me até o buraco. Mas enquanto eu me aproximava do buraco, começava a sentir muito frio e percebia que eu não estava usando nenhum casaco, apenas uma camisa de mangas curtas. Assim que cheguei, vi que o buraco estava praticamente vazio e que havia apenas três pessoas no centro, ao redor da fogueira. Eram a Liz, o Alex e o Tiago, suspirei aliviada ao vê-los. Quando eles me viram, percebi que não estavam felizes pela minha chegada. Na verdade, pareciam sentir muita raiva, os três começaram a me falar coisas muito ruins, que eu não tinha conseguido cumprir meu dever e que havia os enganado. E enquanto eu ouvia tudo que eles tinham para me dizer, eu tentava falar para eles que não era verdade, que tudo iria ficar bem, mas as palavras não saíam da minha boca, eu não podia falar uma palavra sequer, não conseguia falar nada."

Meu coração estava praticamente saindo pela boca quando acordei, aquele sonho tinha sido o reflexo mais puro da minha realidade, e eles estavam certos, tudo que os três falaram no sonho estava certo. Aquele sentimento de tristeza de ontem me atingia novamente. Nós não tínhamos conseguido proteger a Liz, nem o Alex, e eu não sei se algum dia conseguiria me perdoar por isso.

Quando olhei para o galpão, vi pouco movimento. Luke estava vindo ao meu encontro e seu rosto parecia estar bastante vermelho por causa do sol forte do deserto.

— Lexi, vamos continuar andando. — Luke chegara perto o suficiente para poder falar. — Você dormiu a manhã toda.

— Como você está? — Perguntei para ele, sentando-me enquanto percebia que metade do meu rosto estava coberta de areia, passei a mão na bochecha para limpar. — Desculpa, pergunta idiota.

Ele apenas confirmou com a cabeça, sim, era uma pergunta idiota, deixei que ele falasse, e me calei. Eu ainda estava pensando no pesadelo que acabava de ter e me esforçava para tirá-lo da cabeça. Não queria ter que pensar em mais nada, só queria que o dia anterior nunca tivesse existido.

— O James está acordando todo mundo. Vamos voltar a andar logo. Ele e a Vanessa acham melhor a gente sair daqui, porque os guardas podem nos encontrar novamente. — Luke sentou na areia ao meu lado.

— Você conseguiu dormir? — Perguntei a ele.

— Por alguns minutos. — Luke ainda parecia muito abatido. — Foi uma noite ruim.

— Eu sei... — Confirmei, ainda tentando não pensar na noite anterior.

— Vamos andando. — James gritou do galpão com minha mochila em suas mãos, nos chamando para começar a caminhar.

Demorei um pouco para levantar, sentia que se eu fosse com eles, seria o mesmo que estar desistindo dos outros dois. Se aceitasse caminhar com eles na direção das ilhas, era como se desistisse da Liz e a deixasse lá nas mãos dos guardas. Eu iria tentar me agarrar ao fato de que tentaríamos voltar assim que chegássemos às ilhas, e tentaríamos pedir ajuda aos líderes de lá. Eu não conseguiria deixar de pensar neles durante todo o trajeto, só esperava que tudo desse certo.

Chegando ao galpão, percebi que todos ainda estavam bastante abatidos pelo que tinha acontecido ontem, ninguém se falava muito além do necessário.

Depois do Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora