Nós saímos da sala de exames em silêncio, correndo direto para a enfermaria. Era muito perto, o que diminuía a probabilidade de aparecerem guardas indesejados no nosso caminho. Eu estava segurando a camisa em cima do rosto, tapando meu nariz e boca, afinal sabíamos que qualquer contato com o gás poderia destruir nossos planos.
Entramos na enfermaria devagar, empurrando a porta de vidro e caminhando agachados até o lugar que a Vanessa estava. Para nossa sorte, ela estava acordada. Victoria estava sentada em cima da cama dela, com um pano na frente do rosto. Ela tinha conseguido avisar a Vanessa sobre o nosso plano a tempo e eu me sentia completamente aliviada por isso.
— Vic, muito obrigada por isso. — Falei baixo, assim que as vi.
— Vamos logo. — Vanessa falou, parecendo um pouco nervosa. — Não sei quanto tempo dura o efeito desse gás.
— E funcionou mesmo? — Mitt perguntou. Ele estava curioso para saber o resultado da sua ideia.
— Estão todos dormindo aqui dentro. — Victoria respondeu. — Mas não sei se funcionou lá fora...
— Espero que sim. — Luke disse.
— Se importa? — Mitt foi até Vanessa, com a intenção de carregá-la.
Ela balançou a cabeça negativamente, esticando o braço direito por cima do pescoço dele para que ele a levantasse, mas eu podia ver nos seus olhos o quanto ela odiava aquela situação.
Assim que saímos da pequena sala, pude perceber que o plano realmente tinha funcionado. Eu estava com tanta pressa e nervosismo para encontrar Vanessa e Victoria que não tinha percebido antes, mas os dois médicos que conversavam mais cedo estavam caídos no chão, uma das cadeiras jogadas de lado, como se tivesse caído junto.
— Antes de sair da enfermaria, preciso de uma coisa. — Vanessa falou, apontando para um armário. — Eles fizeram uma prótese para mim. Ainda não consigo andar direito, mas estou aprendendo.
— Que ótimo! — Mitt falou entusiasmado.
— Muito boa notícia! — Repeti o mesmo entusiasmo.
— Eu vou lá pegar.
Luke falou, indo até o armário rapidamente e em silêncio. Ele conseguiu pegar a prótese com facilidade e a trouxe de volta para a Vanessa. Todos ficamos empolgados com aquela notícia, era a melhor, e talvez a única coisa boa, que a plataforma fez por nós.
— Muito obrigada, Luke. — Vanessa falou, descendo com cuidado dos braços do Mitt, que ainda a ajudava a ficar de pé.
A prótese que ela estava colocando parecia ser muito tecnológica. Eu nunca tinha visto nada parecido, tinha algumas partes de metal, plástico e silicone por dentro, talvez para ficar mais confortável. Eu não sabia que existiam coisas assim. Para Vanessa, seria uma forma de andar novamente, e poderia salvar sua vida.
Assim que ela colocou a prótese, Mitt a soltou por alguns segundos e ela conseguiu ficar em pé. A olhávamos com muito orgulho, sabendo o quanto aquilo significava para ela.
— Isso é maravilhoso! — Comentei sorrindo, por mais que não desse para ver por causa da camisa na frente do meu rosto. — Estou muito feliz por você.
— Todos nós estamos. — James disse.
— Eu sei que é um ótimo momento e também estou feliz, mas não é por nada não... É que a gente tem que ir andando mesmo. — Luke falou, observando que um dos homens inconscientes estava se mexendo, como se estivesse prestes a acordar.
— Pensei que o efeito durava mais tempo que isso. — Falei, antes de sairmos da enfermaria de vez.
Vanessa ainda não conseguia caminhar sozinha, por isso ela apoiava os braços em mim e no Mitt e nós a ajudávamos a continuar andando.
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Depois do Fim do Mundo
Science FictionHá trezentos e cinquenta e nove anos, houve um apocalipse onde tudo que a humanidade conhecia foi destruído. Era o ano de 2020. Países foram engolidos pela água que os invadiu sem piedade, levando tudo em seu caminho, vulcões entraram em erupção, ho...