— Olhem para o mar! — Luke gritou, debruçando-se sobre o lado do veleiro e apontando para a água. — Olhem!
Ao ver que eles não pareciam preocupados, e sim entusiasmados, meu corpo se encheu de alívio. Por um instante, fiquei com raiva por eles terem gritado como se tivessem em perigo, mas percebi que eles não gritaram dessa forma. O meu cérebro interpretou assim, eu estava alerta, e depois de tudo o que passamos, qualquer grito poderia ser um motivo para desespero.
Meus olhos seguiram os do Luke, para tentar ver o que ele nos mostrava, caminhei até o lado do barco, que batia na minha cintura.
— James, vem aqui agora! — Eu disse, impressionada com o que via.
Meus olhos estavam arregalados, eu mal podia acreditar no que estava diante de mim. Eram gigantescas, algumas vezes maiores do que o nosso barco, e passavam por baixo de nós, talvez sem nem perceber a nossa presença ali.
Eram baleias.
Baleias cinza que nadavam bem embaixo dos nossos pés, três, para ser mais exata, duas enormes, muito maiores que o nosso barco e outra, um pouco menor que o veleiro, poderia ser uma família. Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça: um casal e o filhote. Eram incríveis e não pareciam se intimidar com nossa presença, o filhote tinha dado uma volta completa por debaixo do nosso barco, antes de seguir viagem.
— Isso foi incrível. — Victoria falou, com um sorriso enorme, assim que as baleias sumiram de vista.
— Com certeza. — Concordei.
— Foi a coisa mais legal que já vi. — Luke ainda parecia impressionado.
Olhei para os lados, procurando por James.
— Acho que precisamos de uma comemoração por ter conseguido roubar este barco. — James saía da parte interna do barco, carregando duas garrafas.
Sorri com a ideia que ele trazia.
— O que é isso? — Mitt perguntou.
— Bom, eu não sei exatamente o que é... — James começou. — Mas é a mesma bebida que aqueles saqueadores estavam bebendo.
— É álcool. — Victoria falou e nós a olhamos sem entender. Como se aquela palavra não significasse nada para nós. Ela revirou os olhos. — É uma bebida que faz você... Bem, faz você ficar bêbado. Você pode ficar meio louco, fora de si.
Nos entreolhamos um pouco assustados, eu não sabia se deveríamos beber, mas havia curiosidade no ar. Era uma mescla de medo e empolgação, mas a empolgação ganharia dessa vez.
— Você já bebeu? — Mitt parecia interessado naquela bebida.
— Nunca. — Victoria respondeu, ajeitando os cabelos pretos e curtos, que voavam no seu rosto. — É proibido, só pessoas a partir de vinte e um anos podem beber... Isso se não forem escravos, escravos não podem beber nunca.
Senti um aperto no peito quando ouvi aquela palavra, escravos. Pensei em Liz, em como ela estaria agora, eu esperava que apesar de tudo, estivesse bem. Lembrei do que a Vanessa tinha me falado mais cedo, estamos cada vez mais próximos de salvá-la, tentei me agarrar àquilo.
— Acho que devíamos experimentar. — Luke sugeriu e nós o olhamos.
— Você é muito novo. — Falei, e ele resmungou alguma palavra inaudível.
— Tecnicamente... Nós também não poderíamos beber. — Victoria tentou nos convencer. — Acho que não tem problema o Luke beber.
— Ele é três anos mais novo que eu. — Mitt comentou. — E eu acho que sou o mais novo aqui.
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Depois do Fim do Mundo
Science FictionHá trezentos e cinquenta e nove anos, houve um apocalipse onde tudo que a humanidade conhecia foi destruído. Era o ano de 2020. Países foram engolidos pela água que os invadiu sem piedade, levando tudo em seu caminho, vulcões entraram em erupção, ho...