Apoiei as mãos na cama da Vanessa, antes que pudesse cair para trás. Aquele número se repetia em minha mente enquanto eu me esforçava para entender o que ela tinha dito. Quinze dias. Não era possível, Vanessa tinha acabado de nos falar que demoramos quinze dias para encontrá-la na enfermaria. A deixamos nas mãos dos médicos hoje de manhã. Fizemos todos aqueles exames hoje de manhã, dormimos durante a tarde e acordamos a tempo para o jantar. Nada fazia sentido, por mais que eu lutasse para que fizesse, tínhamos dormido por quinze dias.
— Quinze dias! — Acabei falando um pouco alto. — Isso não é possível. Como assim nós dormimos por quinze dias?
— Você não pode estar falando sério. — Mitt falou, colocando as mãos na cabeça, ninguém estava conseguindo acreditar.
— Você acha que eu iria brincar com isso? — Vanessa estava um pouco irritada agora. — Eu esperei vocês por quinze dias, não sabia o que tinha acontecido, nem onde vocês estavam. Cheguei a pensar que...
— Iríamos te deixar? — James a interrompeu.
— Cheguei a pensar que tinham me deixado. — Ela completou.
— Nós nunca faríamos isso. — Eu falei. — Você sabe.
— Eu sei, mas eu já não sabia mais o que pensar. — Vanessa agora parecia estar começando a compreender a nossa confusão e não estava mais irritada. — Quer dizer então que vocês dormiram por quinze dias. Por quê?
— Eu não faço ideia! — Luke falou, andando de um lado para o outro na pequena sala.
Nós nos entreolhamos por alguns instantes, Vanessa tinha mais chances de estar certa do que a gente. Só nos restava acreditar nela. Ela esteve acordada todo esse tempo esperando por nós. Nós estávamos dormindo, perdemos totalmente a noção do tempo.
Eu tentava pensar em razões para terem nos feito dormir por tanto tempo, mas não vinha nada em minha mente. Aqueles testes duraram muito mais tempo do que nós achávamos que tinha durado. Mas os motivos para tantos testes, eu não conseguia imaginar.
— Vanessa, nós vamos... — Comecei a falar.
— O que vocês ainda estão fazendo por aqui? — Um dos três médicos que estavam conversando quando chegamos abriu a cortina. — Vocês têm que voltar para o quarto. Agora!
Não falamos nenhuma palavra, não tínhamos como falar nada com aquele médico nos olhando e ouvindo tudo. Precisávamos avisar a Vanessa sobre o gás, para que ela se protegesse de alguma forma. Assim que começássemos a evaporar o suco que nos fez dormir, toda a enfermaria iria sofrer com o efeito. Vanessa e Victoria também. Mas Victoria sabia sobre o plano.
Assim que saímos da enfermaria, começamos a procurar a sala de exames. Era bem perto de onde estávamos. Eu conseguia reconhecer o lugar. Seria mais fácil encontrar aquela sala do que o quarto dos garotos, disso eu tinha certeza, pois não havia tantas portas nesse corredor.
— Acho que é essa sala aqui. — Luke falou, já abrindo a porta.
— Está destrancada! — Falei, demonstrando alívio.
Nós fomos logo atrás dele, eu não conseguia mais esconder o nervosismo. Aquele pressentimento de que tudo ia dar errado não saía de dentro de mim. Minhas pernas estavam tremendo e não era por causa do frio que fazia naquela sala.
— Rápido, comecem a procurar. — James abriu uma gaveta. — Tem que estar por aqui em algum lugar.
Comecei a abrir todas as gavetas, procurei por prateleiras, vasculhei os móveis e nada. Não encontramos nenhum suco roxo, nem de nenhuma outra cor.
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Depois do Fim do Mundo
Science FictionHá trezentos e cinquenta e nove anos, houve um apocalipse onde tudo que a humanidade conhecia foi destruído. Era o ano de 2020. Países foram engolidos pela água que os invadiu sem piedade, levando tudo em seu caminho, vulcões entraram em erupção, ho...