Corra.

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Já era a sexta noite que Duda levava algo para o moreno comer, Harry recusou-se a comer na terceira noite e recebeu um tapa que lhe deixou com a face avermelhada, e no fim ele comeu. Naquela noite Duda apareceu novamente, Harry suspirou e pegou o que o primo lhe ofereceu. 

- porque está me dando comida? – perguntou enquanto comia lentamente um pedaço de bolo de carne. – seus pais não vão gostar se souberem. 

- você não entendeu ainda, Harry? – Duda o olhava com intensidade. – se eu quiser colocá-lo sentado a mesa durante todas as refeições, meus pais não seriam contra, eles fazem tudo que eu quero.
 
- eles me culpariam por sua loucura. – comentou. 

- sim. – riu e Harry não entendeu a graça. – mas eu não deixaria que eles tocassem em você. 

- porque? – seu olhar era confuso e desconfiado, como um animal selvagem que encontra um caçador pela primeira vez, e Duda reprimiu um rosnado com tal imagem prazerosa. 

- porque... Eu quero você. – disse em voz baixa e rouca, causando um desconforto no menor. – e eu sempre tenho o que quero.

- isso nunca vai acontecer, Duda. – Harry falou com calma para que o primo entendesse. 

- veremos. – foi tudo que respondeu antes de pegar o prato e o copo vazio. – boa noite, Harry. 

Harry esperou o primo fechar a porta, mas antes Duda esticou o braço tão rápido que Harry não teve reação, e então Duda lhe beijou, foi um selar de lábios demorado e bruto. Depois daquilo Duda foi em bora sem dizer nem mais uma palavra. 

O garoto mal conseguiu pregar os olhos durante a noite, ele não confiava em seu primo, ele tinha certeza de que o rapaz estava louco, e de repente dormir era perigoso, afinal ele ficaria vulnerável e o primo poderia ataca-lo.

Durante a manhã Harry deixou os ovos caírem quando se assustou com a chegada barulhenta do tio. E mesmo pedindo desculpas foi castigado pela bengala do velho. Ele agora teria que tomar ainda mais cuidado para não deixar nada cair das mãos doloridas. 

Ao anoitecer Harry preparava um caldeirão de sopa quando foi surpreendido por Duda que pela primeira vez entrou na cozinha sem fazer barulho, ou talvez Harry estivesse tão concentrado em fazer seu trabalho que não ouviu os passos pesados do loiro. Ele pulou de susto quando Duda o abraçou por trás e afundou seu nariz nos cabelos revoltos. 

- o que está fazendo? – perguntou irritado, tentando se soltar do primo. 

- gosto do cheiro dos seus cabelos. – disse sem largar o moreno. - e de como são macios.

- me solta, Duda. - Harry tentou acertar o primo com o cotovelo, mas Duda se esquivou com facilidade. 

- não seja tão arrisco. 

A conversa dos dois terminou com o som das escadas e Duda finalmente soltou o garoto e se afastou lançando um olhar de desejo para o moreno. Valter e Petúnia Dusley entraram na cozinha vestindo roupas de festa e conversando animadamente entre eles. Harry tentou ignora-los e continuar seu trabalho mais foi chamado pela tia. 

- sim, senhora? – perguntou de cabeça baixa para que a mesma não visse a raiva em seus olhos. 

- nós iremos sair, jantaremos fora, vá para seu... Quarto. – disse com desgosto na voz. 

- e nem pense em tentar sair e roubar comida de novo. – acrescentou Valter.
 
- é mesmo necessário que eu vá a essa festa? – perguntou Duda, pelo que parecia para Harry, não era a primeira vez que o primo fazia esta pergunta.
 
- é claro que sim. – respondeu a tia. – os Roberts estarão lá e é uma ótima oportunidade para se apresentar a filha deles, uma garota encantadora. 

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