Uma alma especial.

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A floresta estava em sua habitual escuridão, criaturas fugiam conforme ele avançava, já estava acostumado, era um predador e as presas podiam sentir sua presença. Sua garganta estava seca e suas presas doíam. Os olhos vermelhos podiam enxergar perfeitamente, nenhum mínimo movimento passava despercebido, e foi assim que ele encontrou o belo unicórnio. 

Um animal místico que representava a pureza, tudo que ele não tinha a muito tempo. Quando ele avançou o animal reagiu, primeiro tentando fugir, mas ele era rápido e logo estava cravando as presas no pescoço do cavalo. Sentindo a morte eminente o animal decidiu parar de fugir e lutar, mas já era tarde para ele, com um sorriso presunçoso ele desviou do coice e voltou a beber a vida da criatura pela ferida aberta em seu pescoço. 

Estava concentrado em sua alimentação quando ouviu o som de algo se partindo então seus sentidos capitaram um batimento rápido e o cheiro bom, cheiro de sangue humano preencheu seus pulmões. E então o unicórnio não era mais o aperitivo mais suculento dali. 

Ele se virou, seus olhos caíram sobre a figura assombrada a sua frente, olhos tão verdes que pareciam brilhar com intensidade e desbotar todas as outras cores, e estavam arregalados em terror, encarando-o. O humano até tentou correr, porém ele nunca conseguiria fugir de suas garras e só precisou de um empurrão para o pequeno humano bater contra uma árvore e cair. 

Ele teve mais um vislumbre das orbes verdes antes que o humano fosse levado pela inconsciência. E por alguma razão ele se viu querendo acordar o pequeno para poder olha-lo novamente.  O homem se abaixou perto do garoto, o unicórnio já esquecido, e com a mão ele retirou os cabelos rebeldes que caiam sobre o rosto do garoto, porque sim, aquela beleza pertencia a um garoto jovem. 

E aquele jovem lhe trouxe uma lembrança, seus olhos estavam chocados agora, ele não acreditava no que via, sua mão tocou levemente uma cicatriz em forma de raio na testa do menino. Ele conhecia essa cicatriz, olhou para o floresta buscando outras presenças, mas não havia nada além das típicas criaturas. Ele não sabia como o menino foi parar ali, mas não se sentia capaz de deixá-lo caído naquele lugar. Então sem pensar nas consequências de seu ato, ele tomou o menino nos braços e o levou para sua moradia. 

Assim que chegou Nagini já o esperava e ao ver o menino o encheu de perguntas, mas ele não estava com cabeça para responder qualquer uma delas, ele deixou o humano sobre os cuidados da mulher e se trancou em seu quarto, ele havia se sentindo mexido de alguma forma ao ver o garoto. Tom Marvolo Riddle nunca foi um homem de sentir piedade, nem mesmo quando era apenas um humano comum, mas ver o garoto desacordado na floresta lhe trouxe a lembrança do dia em que sentiu pela primeira vez piedade. E foi justamente pela mãe do menino que agora dormia em um dos quartos de sua mansão. 

Tom perdeu a noção do tempo em que ficou ali perdido em memórias, quando saiu do quarto ele foi até o escritório, ele havia pedido para chamar um dos seus vassalos, e quando o mesmo chegou Tom pediu que ele se senta-se. 

- Severo, meu caro, sei que o chamei em cima da hora, pois o sol logo nascerá, mas preciso que você vá até o vilarejo e verifique algo para mim. – disse em tom sério. 

- sim, meu senhor. Mas o que quer que eu verifique? – perguntou curioso, a muitos anos seu mestre se mantém longe dos humanos, o que teria despertado seu interesse?

- descubra se alguém está procurando por um garoto desaparecido, se estão montando algum grupo de busca ou se alguém sabe algo sobre o garoto sumido. 

- eu farei, meu senhor... Mas, se me permite perguntar... O senhor sabe algo sobre tal garoto? 

- eu o encontrei durante a noite, na floresta. – seus olhos encaravam o outro homem com seriedade. 

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